quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cuidando de quem cuida

Realizo atualmente, no ambulatório em que trabalho, grupos para familiares e/ou cuidadores de pacientes com demência e ainda, para cuidadores de idosos fragilizados (gravemente enfermos e dependentes de cuidado).
Considero muito importante cuidar de quem cuida. Seja ele um familiar ou cuidador profissional. Sabemos que só cuida do outro quem está bem (fisicamente, emocionalmente e espiritualmente). Sabemos o quanto é importante o exercício do autocuidado para manter nossa saúde como um todo (mente e corpo). Porém, por que será que para algumas pessoas, cuidar de si mesmo se transforma um problema?
Este tema já foi abordado em publicação anterior, quando falei a respeito das dificuldades de realizar o autocuidado.
Neste momento, gostaria de reforçar o que já disse e ainda, convidá-los a refletir sobre as consequências dessa falta de cuidado consigo mesmo.
O estresse ou sobrecarga física e emocional provoca adoecimento! Diariamente, recebo para atendimento, pessoas que viveram em função do outro. Do cuidado, dos desejos e necessidades do outro. Muitas vezes se anulando!
Mães, pais, mulheres, homens... pessoas que trabalharam dentro e fora de suas casas com a finalidade de cuidar de seus afetos. E esqueceram de cuidar de suas necessidades.
Como resultado, os filhos crescem e seguem suas vidas... fica o vazio existencial, a solidão e a doença. As oportunidades passam, as realizações não se concretizam e o reconhecimento do outro, por toda a sua renúncia ... muitas vezes não vem!
Já observei casos, em que filhos se magoam pela atitude de seus pais, que abdicam e cobram excessivamente o cuidado e as renúncias que fizeram.
Cuidado! Se você se entristece pela falta de cuidado do outro consigo mesmo. Se essa pessoa é alguém para quem você NUNCA soube dizer não. Alguém que exige cada vez mais, sem valorizar o seu esforço e dedicação. Pense se você também não está se desvalorizando, quando se coloca sempre em último lugar na relação. Quando nunca se favorece com suas atitudes.
Esta postura diante do outro pode ocorrer por diversas razões. O importante é que você as reconheça e promova as mudanças necessárias, e se volte para o cuidado ou preservação de sua saúde.
Caso não consiga sozinho, busque ajuda de um profissional da psicologia. E seja feliz!!!
Beijos!!!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Presente compartilhado


O texto abaixo foi um presente de uma querida professora e amiga. Pensei que fosse de sua autoria, mas a mesma diz que é de um autor desconhecido. Espero que gostem!

Beijosss...


"Se não quiser adoecer, tome decisões.
A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas e preocupações mas, para decidir, é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros benefícios.
Se não quiser adoecer, busque soluções.
Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo do que lamentar a escuridão.
Tome como exemplo a abelha: pequena ela é, mas produz o que de mais doce existe e não esqueça que nós somos aquilo que pensamos e o pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.
Se não quiser adoecer, não viva de aparências.Quem esconde a realidade, finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem. Quer mostrar-se perfeito e bonzinho mas no fundo, está acumulando toneladas de peso.
Nada pior para a saúde do que viver de aparências e fachadas. Estas são pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia ou o hospital.
Se não quiser adoecer, aceite-se. A rejeição de si próprio e a ausência de auto-estima faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser você mesmo é o núcleo de uma vida saudável.
Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores e competitivos. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas é sabedoria, bom senso e terapia.
Se não quiser adoecer, confie. Quem não confia não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria laços profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.
Se não quiser adoecer, não viva sempre triste.Fale dos seus sentimentos e lembre-se que o bom humor, a risada, o lazer e a alegria recuperam a saúde e trazem vida longa.
A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vivem. “O bom humor nos salva das mãos do doutor”

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ALEGRIA É SAÚDE E TERAPIA.Pense nisso e viva melhor!"


(AUTOR DESCONHECIDO)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Quando alguém que amamos adoece

Gostaria de compartilhar este vídeo com aqueles que já vivenciaram o adoecimento de algum familiar ou afeto, também com os que não sabem o que significa. Considero importante refletir sobre o significado do cuidado dispensado as pessoas que são acometidas por uma doença grave e se encontram fisicamente e emocionalmente fragilizadas. Quando quem adoece é alguém que amamos, muitas vezes sentimos como se apesar de todo o esforço, nada fosse o suficiente para que esta pessoa fique bem. Aí que facilmente nos enganamos... todo o cuidado que dispensamos, dentro das nossas possibilidades... favorece no enfrentamento das dificuldades e/ou sofrimento decorrentes da doença.

Esta criança do vídeo, teve a sensibilidade de perceber a importância do seu cuidado e deu ao outro, o que estava ao seu alcance. Pensem nisso, para os que precisam... perceber-se amparado e/ou cuidado, pode prolongar a vida e também minimizar angústias e sofrimentos.

Se alguém desejar compartilhar experiências e dúvidas a respeito das mudanças na dinâmica familiar e da necessidade de acompanhamento psicológico para pacientes oncológicos e seus familiares. Estou à disposição.

Um forte abraço ... até mais.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Bullying


O assunto é de extrema importância e por isso, acredito ser relevante este tema para iniciarmos uma discussão e para aqueles que nunca ouviram falar, vale o alerta de que vem ocorrendo cada vez com mais freqüência entre crianças na fase escolar, das mais variadas faixa etárias.


Bullying se caracteriza por comportamentos violentos, que se configuram através de atitudes preconceituosas e/ou atos de covardia contra as diversas vítimas dessas ações praticadas pelos assim chamados bullies (agressores).

Esses comportamentos ou atitudes agressivas podem ser:


- verbais: insulto, ofensa, xingamento, gozações, apelidos pejorativos, piadas ofensivas, etc.

- físico e material: bater, chutar, machucar, empurrar, roubar ou furtar, destruir pertences das vítimas, etc.

- psicológico ou moral: irritar, humilhar, ridicularizar ou desvalorizar, excluir, ignorar, desprezar, isolar, difamar, tiranizar, dominar, perseguir, aterrorizar ou ameaçar, etc.

- sexual: abusar, violentar, assediar, insinuar, etc.

- virtual: espalhar calúnias ou maledicência através dos recursos tecnológicos de comunicação (celular, internet).

Os bullies atuam geralmente em bando, o que contribui para a exclusão social da vítima e em muitos casos, para a evasão escolar ou dificuldades na aprendizagem.

Como conseqüências emocionais e comportamentais, os estudos falam sobre o agravamento de problemas emocionais já existentes e ainda, que a vivência recorrente das agressões praticadas contra as vítimas de bullying, pode desencadear distúrbios psicológicos, tais como: sintomas psicossomáticos, transtorno de pânico, fobia escolar, fobia social, transtorno de ansiedade generalizada, depressão, anorexia e bulimia, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtorno de estresse pós-traumático, suicídio, entre outros. As vítimas geralmente são crianças inseguras ou com baixa auto-estima.

Vale ressaltar que os agressores tornam-se adultos e podem continuar praticando bullying não mais como alunos, tornam-se professores e/ou profissionais de diversas áreas, praticando ações que denotam abuso de poder, intimidação e prepotência. Dessa forma, conseguem manter sua autoridade e domínio sobre o outro (vítima).

“É fundamental explicitar que as atitudes tomadas por um ou mais agressores contra um ou alguns estudantes, geralmente, não apresentam motivações específicas ou justificáveis”.

Sobre o assunto, continuarei problematizando em outras postagens.
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Fonte: Ana Beatriz Barbosa Silva - Bullying: mentes perigosas nas escolas.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

"Tu tens um medo"


“Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.”

(Cecília Meireles)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Lição de Vida


Comprei neste último fim de semana, mais um livro do queridíssimo Rubem Alves, na capa do livro está escrito assim: “Pessoas que gozam de saúde perfeita não criam nada. Se dependesse delas, o mundo seria uma mesmice chata. Por que haveriam de criar? A criação é fruto do sofrimento.”

Pessoas doentes do corpo e doentes da alma estão em busca do remédio para o seu sofrimento. Em cuidados paliativos falamos em intervenções terapêuticas, porém sem possibilidades curativas. Quem trabalha com o paciente que tem uma doença fora de possibilidades curativas, aprende a cada encontro ou atendimento, que apesar de todo o sofrimento e/ou dificuldade, sempre existe alguma possibilidade enquanto há vida.

Para o paciente gravemente enfermo, que sabe do seu diagnóstico incurável e recebe ajuda para enfrentar as dificuldades relacionadas ao possível término da vida, viver o tempo e a vida que lhe resta, passa a ser o grande sentido de sua existência. Quase que uma corrida contra o tempo, para se permitir realizações adiadas, para colocar no lugar o que ficou abandonado, para reparar o que em algum momento se quebrou (principalmente, vínculos e/ou relações de afeto).

Hoje, tive o privilégio de aprender um pouco mais sobre vida e morte, sobre os sentidos de existência e oportunidades de reparações ou ressignificações. Recebi no consultório, um familiar que no início do acompanhamento psicológico, chegou bastante confuso ou desorganizado emocionalmente, pois seu filho que acabara de casar, estava gravemente enfermo.

Aceitou ajuda psicológica porque desejava ter condições para ajudar sua família. Hoje, encontra-se ainda enfrentando junto de seus familiares, as dificuldades e incertezas que a doença impõe; porém, afirma que descobriu uma outra forma de olhar a si mesmo e as pessoas que tanto ama, com outros olhos... olhos de quem cuida e respeita os esforços e dificuldades do outro.

A união e o amor que sempre existiu, mas pouco se externava, hoje está visível aos olhos de quem quiser ver. Principalmente deste pai e de seus queridos familiares.

A doença é um desafio que continua sendo enfrentado. A vida é vivida e valorizada como nunca tinha sido antes. Essa é a grande lição de vida que este pai, trouxe hoje em seu atendimento. “Meus olhos não estão mais fixados na dor, o campo está mais amplo, hoje enxergo a vida e as pessoas que estão ao meu lado, dou muito mais valor.”

Nunca é tarde para viver melhor. Valorizar a vida é estar mais atento aos detalhes, é viver sem atropelar os sentimentos que surgem a partir da experiência dolorosa ou dos momentos de convivência com o outro e consigo mesmo.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Cuido bem de todo mundo, mas não sei cuidar de mim...


A situação é séria, cada vez mais se observa a prevalência de pessoas que adoecem pela sobrecarga física e emocional, decorrente do exagero ou excesso de atividades e responsabilidades no cuidado com o outro. Em contrapartida, esses cuidadores natos, demonstram total descuido consigo mesmo.

Posso dizer, pelos casos que acompanho e outros discutidos com outros profissionais na instituição de saúde em que trabalho, que mais de 80% dos pacientes de nosso serviço para doentes crônicos, são de pessoas que dedicaram ou dedicam-se no cuidado de outras pessoas e não dispensam qualquer tempo consigo mesmas.

Negar algo a alguém tem o peso de magoar ou desamparar aquele que pede por ajuda. Acontece que se esse não, nunca é dito para o outro, pode ter certeza que vem sendo dito por você ... aos seus desejos, realizações e necessidades em 100% dos casos.

Difícil né? Uma paciente me disse: “Aprendi que só invadem o meu quadrado porque eu deixo, porque nunca fiz nada por mim, só pelos outros.”

Essas pessoas que não cuidam de si, na velhice... não saberão do que gostam ou precisam, pois há muito tempo deixaram de pensar em si mesmas, viveram sempre em função do outro.

Dessa forma, generosidade acaba custando muito caro! Tudo tem peso e medida, qualquer exagero pode levar ao desperdício. Aquele que só recebe, não aprende a valorizar e acaba desperdiçando tudo que conseguiu sem investimento, sem esforço próprio.

Como é difícil dizer não! Essa palavrinha sai fácil fácil da boca de algumas pessoas, já de outras... é um martírio!

Como ser generoso com o outro e não ser generoso consigo mesmo? Muitas pessoas se relacionam dessa forma com seus afetos e se magoam com a indiferença dos mesmos, que não reconhecem suas necessidades.

E você, que vive a vida cuidando de todos, sempre esquecendo de você. Quando vai começar a ouvir suas necessidades? Quando a sua generosidade vai ser partilhada com você mesmo?

Cuidar do outro é gratificante, sei disso. Mas não cuidar de si mesmo, pode gerar sofrimento e adoecimentos graves ou irreversíveis. Pense nisso!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Amizade


"Um amigo é uma pessoa com quem se tem prazer em compartilhar ideias de forma tranquila e mansa. Não é preciso estar de acordo. O rosto do meu amigo não é igual ao meu rosto. E essa diferença me dá alegria. Se convivemos bem com nossos rostos diferentes, por que haveríamos de querer que nossas ideias fossem iguais? Experimentar a diferença de ideias mansamente é uma das evidências da amizade. Assim, se você deseja saber se uma pessoa é sua amiga, pergunte-se: Temos prazer e gastamos tempo compartilhando ideias? Acho que os casais - namorados ou casados de papel passado - deveriam se propor esse teste. Não existe amor que sobreviva só de sentimentos, sem a conversa mansa."


(Rubem Alves)

domingo, 4 de julho de 2010

Perdas...


Desde o nascimento, vivenciamos sucessivas perdas, algumas entendemos como necessárias ao nosso crescimento. Como por exemplo, quando aprendemos a andar e já não somos levados o tempo todo no colo de nossas mães; quando perdemos o seio materno e a atenção exclusiva, com o nascimento dos irmãos; quando perdemos a presença integral da mãe ou responsável, para começarmos a freqüentar a escolinha ou creche. Perdemos...

E as fases no ciclo da vida vão passando... continuamos a perder. Com isso, muitas vezes sofremos. Nem sempre o sofrimento chega junto com a perda, os anos passam e mais na frente, sentimos a falta... ausência... saudade. Saudade daqueles tempos, daquilo que ficou e não volta mais, saudade de quem não está mais por perto, saudade de quem fomos.
Infância... Adolescência... Vida Adulta... Velhice...

E assim, seguimos a vida... vivenciando rompimentos, transições, perdas, lutos...
Viver não é fácil, perder também não. Dependendo do significado, da relação estabelecida com o objeto e/ou pessoa perdida, quando não elaborada a perda, pode desencadear mais do que sofrimento... pode causar o adoecimento do ser.

Perdemos... sonhos, esperanças, pessoas, momentos, oportunidades, coisas, saúde, lugares, amores, prazeres, conceitos, perdemos vida...

E o que se ganha, depois de tantas perdas? Perdas e ganhos fazem parte de nossa história, da vida de cada um. Nem por isso, perder se torna fácil... depende sempre da importância, do vínculo, da dependência e/ou necessidade, do amor, do investimento, do significado, das pendências...

Perdas... sejam elas temporárias ou definitivas, causam reações para que sejam internalizadas. Em alguns casos o sofrimento vivenciado por uma perda, pode causar adoecimento, necessitando da assistência de um profissional que auxilie na elaboração da perda ou sofrimento vivenciado.
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Se precisar, busque ajuda... muitas vezes o que necessitamos é liberar a dor.
A transitoriedade da vida e das relações exige o enfrentamento das dores do rompimento.