quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O hábito de esperar que a felicidade caia do céu


Esta tirinha do Laerte, se refere a um dos hábitos e/ou comportamentos mais frequentes em muitos seres humanos. Diante do sofrimento e dificuldades, clamamos por ajuda... de Deus ou de alguém.

Receber cuidado e ajuda em situações desesperadoras, sem dúvida pode aliviar a dor. Porém constantemente, muito se pede ou se espera, e pouco se valoriza do que já foi conquistado ou do que já se tem.

Neste sentido, recebo cada vez mais em atendimento, sujeitos que em busca do inatingível, perdem e desvalorizam o que já possuem e muitas vezes o que recebem dos afetos e da vida. Oportunidades, amores, amizades ... quanto se perde nesta busca pelo impossível, pelo ilusório, pelo que esperamos alguém nos dar! Toda busca envolve investimento, quando não se investe... não se busca, apenas se espera.

Ouvi de um paciente hoje, "com o tempo e com a experiência que adquirimos na vida, aprendemos que perder é difícil demais. Vejo muita gente dizendo que não consegue nada, que nunca ganhou nada de graça. E por que isso é tão ruim? Eu já senti assim também. Eu vivi uma vida esperando, apenas esperando... ganhei muitas coisas, mas perdi muito mais. Não valorizei e nunca conquistei nada."

Exercite mais o hábito de pensar sobre suas atitudes e pensamentos ou desejos. Busque o que lhe deixa feliz e peça ajuda quando precisar e não seja apenas expectador ... viva e participe sendo responsável pelo que lhe acontece. E acima de tudo, pare e pense no que já conquistou e no que já lhe foi dado, antes que a vida passe e junto com tudo que é importante, seus afetos se percam.

Beijos!!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Nem tudo é fácil - Cecília Meireles


"É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada.
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...
Mas com certeza, nada é impossível.
Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos, mas também tornemos todos esses desejos, realidade!!!"

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Relações humanas


Não tenho pretensão alguma de discursar nesta postagem, sobre tudo que corresponde à complexidade que existe no relacionamento humano, no desenvolvimento de relações entre seres humanos únicos. Porém, considero importante problematizar ou trazer para discussão, alguns conflitos mais prevalentes quando atendo mulheres e homens casados, que em dado momento do relacionamento descobrem que não estão felizes com seus companheiros (as). Queixando-se de como são tratados e destratados, referem muitas vezes que nem adianta fazer tratamento psicológico, já que o outro não muda.

Pois é. O sujeito em terapia é quem está em acompanhamento psicológico, recebendo ajuda profissional para identificar seus conflitos e dificuldades, para cuidar e melhorar sua auto-percepção e cuidado. Enquanto seu parceiro (a) não. Quantos de vocês já não pensaram e disseram... eu tentei de tudo, mas ele (a) não muda!

A mudança pessoal ocorre a partir da pecepção de si mesmo. Como pensar que podemos mudar alguém? Nosso comportamento e resposta ao que nos dizem ou fazem, pode sim influenciar na forma como somos tratados, mas não somos donos ou responsáveis pela vida, pelas atitudes e escolhas do outro.

Dentro de toda relação, para que exista harmonia e felicidade, todos os participantes precisam existir. Todos precisam contribuir para a construção da relação e manutenção da mesma. Assim acontece nas relações entre familiares, amigos, amores... caso contrário, alguém se sobrecarrega sendo o único responsável e o afastamento é inevitável.

Pensem nisso... somos responsáveis por nós mesmos e o cuidado que desenvolvemos com nosso mundo interno e externo, permite que nos relacionemos melhor com os outros, desenvolvendo relacionamentos baseados no respeito às individualidades e a integralidade que se formou.

Beijos e abraços fortes...

domingo, 24 de outubro de 2010

Viva sua vida intensamente


"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."

(Charles Chaplin)

sábado, 23 de outubro de 2010

"Aprendendo a dizer NÃO" - Barbara K. Basset


Quando Angela tinha apenas dois ou três anos, seus pais a ensinaram a nunca dizer NÃO. Ela devia concordar com tudo o que eles falassem, pois, do contrário, era uma palmada e cama.

Assim Angela tornou-se uma criança dócil, obediente, que nunca se zangava. Repartia suas coisas com os outros, era responsável, não brigava, obedecia a todas as regras, e para ela os pais estavam certos.

A maioria dos professores valorizava muito essas qualidades, porém os mais sensíveis se perguntavam como Angela se sentia por dentro.

Angela cresceu cercada de amigos que gostavam dela por causa de sua meiguice e de sua extrema boa vontade: mesmo que tivesse algum problema, ela nunca se recusava a ajudar os outros.

Aos trinta e três anos, Angela estava casada com um advogado e vivia com sua família numa casa confortável. Tinha dois lindos filhos e, quando alguém lhe perguntava como se sentia, ela sempre respondia: "Está tudo bem."

Mas, numa noite de inverno, perto do Natal, Angela não conseguiu pegar no sono, a cabeça tomada por terríveis pensamentos. De repente, sem saber o motivo, ela se surpreendeu desejando com tal intensidade que sua vida acabasse, que chegou a pedir a Deus que a levasse.

Então ela ouviu, vinda do fundo do seu coração, uma voz serena que, baixinho, disse apenas uma palavra: NÃO.Naquele momento, Angela soube exatamente o que devia fazer. E eis o que ela passou a dizer àqueles a quem mais amava:

Não, não quero.
Não, não concordo.
Não, faça você.
Não, isso não serve para mim.
Não, eu quero outra coisa.
Não, isso doeu muito.
Não, estou cansada.
Não, estou ocupada.
Não, prefiro outra coisa.

Sua família sofreu um impacto, seus amigos reagiram com surpresa. Angela era outra pessoa, notava-se isso nos seus olhos, na sua postura, na forma serena mais afirmativa com que passou a expressar seu desejo.

Levou tempo para que Angela incorporasse o direito de dizer NÃO à sua vida. Mas a mudança que se operou nela contagiou sua família e seus amigos. O marido, a princípio chocado, foi descobrindo na sua mulher uma pessoa interessante, original, e não uma mera extensão dele mesmo. Os filhos passaram a aprender com a mãe o direito ao próprio desejo. E os amigos que de fato amavam Angela, embora muitas vezes desconcertados, se alegraram com a transformação.

À medida que Angela foi se tornando mais capaz de dizer NÃO, as mudanças se ampliaram. Agora ela tem muito mais consciência de si mesma, dos seus sentimentos, talentos, necessidades e objetivos. Trabalha, administra seu próprio dinheiro, e nas eleições escolhe seus candidatos.

Muitas vezes ela fala com seus filhos: "Cada pessoa é diferente das outras, e é bom a gente descobrir como cada um é. O importante é dizer o que você quer e ouvir o desejo do outro, dizer a sua opinião e ouvir o que o outro acha. Só assim podemos aprender e crescer. Só assim podemos ser felizes."


Barbara K. Basset


Livro: Histórias para Aquecer o Coração - edição de bolso.
Editora Sextante, 2003.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"Como é difícil ser mãe"


"Como é difícil ser mãe" ... essa foi a fala de uma das pacientes que atendi nesta semana, ao falar do sentimento de impotência que sentiu ao ver a filha de apenas 1 ano e 8 meses, necessitando de cuidados, internada numa UTI Pediátrica. "Queria tanto sentir a dor por ela"... e do jeito dela "de mãe", segurou a mãozinha de sua filha e lhe fez carinho, dizendo que já ia passar.

Muitas mães passaram por meu consultório nesta semana...
Mães que de muitas formas, tentam cuidar de seus filhos e filhas, lidando com a realidade de que não podem viver por eles, suas dores.. dificuldades, perdas, fracassos... Difícil cuidar de quem se ama! Difícil cuidar de filhos tão amados, desejados, planejados ou que chegaram de repente, quando já não se esperava mais ou até mesmo, quando nunca se pensou nisso, e que o tempo de gestação e a relação que se desenvolveu entre gestante e o bebê em formação, fez com que aquele ser representasse o sentido de existência para aquela mãe, aquela mulher...

Gestação e maternidade não é coisa fácil, tem suas glórias e dificuldades... muitas mudanças ocorrem e poucas pessoas, se dão conta disso... pensam em gravidez e nascimento como parte da vida de toda mulher, como se toda mulher ao nascer já soubesse ser mãe...

Uma das mães que passaram pelo meu consultório nesta semana, já com os seus 70 anos, me disse assim... "É, na vida se aprende coisas novas e coisas que pensávamos saber, todos os dias... não sabemos tudo nem quando nascemos e nem já na minha idade... continuo aprendendo o que fazer e o que não fazer. Mãe não sabe tudo, né doutora?" Mãe sabe muito, se for como a minha mãe... sabe e sabe mesmo, mas como todo ser humano... às vezes não consegue, não sabe, erra e acerta, reconhece, ama e cuida como um dia foi amada e cuidada, ou resolve fazer bem diferente e faz. Mães ... o importante é tentar fazer o melhor por seus filhos e ensiná-los a seguir seus caminhos, respeitando suas escolhas. Para que através do exemplo de vocês, eles sigam suas vidas tentando, errando, acertando, aprendendo, conquistando e orgulhando vocês!


Beijo no coração de todas as mamães... as que tem filhos gerados no ventre e filhos gerados no coração!



sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sobre a espiritualidade - Rubem Alves


"Sobre a espiritualidade" é um dos capítulos do primeiro livro que li de Rubem Alves e que me fez tão bem, me deixou encantada por este ser humano que nos mobiliza e nos permite pensar a vida e existência, com a simplicidade de quem vive cada experiência como quem sabe que somos seres capazes de muitas coisas belas, quando acreditamos na vida e em nós mesmos.


O livro tem o título de "O infinito na palma da sua mão - o sonho divino ao nosso alcance". Vale a pena ler e pensar através dos olhos e do sentir, do queridíssimo Rubem. Vou só apresentar um trechinho para vocês.


Beijos!!


"Há pessoas que nos fazem voar. A gente se encontra com elas e leva um bruta susto. Primeiro, porque o vento começa a soprar dentro da gente, e lá, de cantos escondidos de nossas montanhas e florestas internas, aves selvagens começam a bater asas, e a gente não sabia que tais entidades mágicas moravam dentro de nós, e elas nos surpreendem, e nós nos descobrimos mais selvagens, mais bonitos, mais leves, com uma vontade incrível de subir até as alturas, saltando, saltando de penhascos, pendurados numa asa-delta (acho que o nome disso é fé...). Outras, ao contrário, nos fazem pesados e graves. Pés fincados no chão, sem leveza, incapazes de passos de dança. Quanto mais convivemos com elas, mais pesados ficamos, até que nos transformamos em pedras ou em sepulcros, incapazes de nos mover."

(Rubem Alves)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Vivendo e aprendendo... errar faz parte da existência


Todos nós sabemos que é impossível voltar no tempo, para fazer diferente algo que nos traz arrependimento. Mas sabemos também que ninguém nasce sabendo viver e que os erros fazem parte de TODO aprendizado. Feliz é aquele que acertou mais do que errou... será mesmo?
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Os erros nos permitem estar mais consciente daquilo que precisamos melhorar, nos dando algo para ser investido ou conquistado. Aquele que nunca errou (se é que existe alguém assim) nunca saberá o quanto é importante saber se perdoar ou perdoar alguém. Muito menos aprenderá o quanto faz bem, desculpar-se com alguém que também poderá cometer erros e aprenderá com você, o sentido do gesto que demonstra cuidado e afeto para com aquele que sofreu pelo (s) seu (s) erro (s).
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Errar faz parte do aprendizado, que leva o ser humano a transformar-se e também a encontrar-se consigo mesmo. Nos leva a liberdade de ser e existir sem as amarras que a perfeição exige. Permitir-se é explorar o que existe dentro e fora de você! Muito se perde quando vivemos uma vida esperando que os outros sempre acertem. Errar é humano e importante mesmo, é fazer do erro o aprendizado que nos permite não repetir mais o que fizemos por falta de maturidade ou vivência, por viver como a criança que ainda está aprendendo a se relacionar com o outro e por isso, muitas vezes teima em desejar um mundo que sirva somente aos seus desejos.
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Viver ou melhor conviver com pessoas e consigo mesmo, somente é possível quando aprendemos com a criatividade e espontaneidade da criança, que fazer diferente é permitido, desde que reconheçamos o erro e desejemos não cometê-lo mais. Desejo mais flexibilidade e respeito´para as pessoas que quiserem conviver bem entre as outras e principalmente na relação com o seu próprio eu.
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A criança ensaia a tentativa e o erro para chegar ao acerto, quando bem orientada e estimulada a tentar... aprende a conseguir e gosta, aprende que o não conseguir faz parte da vida e sempre existe uma nova chance se soubermos aproveitar. Que tal pensar e praticar um pouco mais desse exercício em sua vida? Generosidade e paciência fazem parte desse jogo, de viver construindo e descontruindo, para enfim estar mais perto do que nos faz feliz.
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Beijo e abraços fortes... Feliz dia das crianças para todos vocês!!

domingo, 10 de outubro de 2010

Dona Cila - Maria Gadú

Essa música me emocionou e continua emocionando, desde a primeira vez que ouvi. Por isso, vale a pena compartilhar. Nem sempre conseguimos nos despedir daqueles que tanto amamos, antes do dia de sua morte. E mesmo quando é possível, bom mesmo é quando não existem pendências. Caso exista alguma pendência ou desavença com alguém que você ama, veja se não existe algo que você possa fazer. Muitas vezes só o que podemos fazer é perdoar e/ou resolver a mágoa que faz o corpo e a mente adoecer. E aos que só nos fizeram bem, que continuem fazendo, mesmo com o término da existência juntos! Beijosss...



Dona Cila - Maria Gadú

De todo o amor que eu tenho
Metade foi tu que me deu
Salvando minh`alma da vida
Sorrindo e fazendo o meu eu

Se queres partir ir embora
Me olha da onde estiver
Que eu vou te mostrar que eu to pronta
Me colha madura do pé

Salve, salve essa nega
Que axé ela tem
Te carrego no colo e te dou minha mão
Minha vida depende só do teu encanto
Cila pode ir tranquila
Teu rebanho tá pronto

Teu olho que brilha e não para
Tuas mãos de fazer tudo e até
A vida que chamo de minha
Neguinha, te encontro na fé

Me mostre um caminho agora
Um jeito de estar sem você
O apego não quer ir embora
Diaxo, ele tem que querer

Ó meu pai do céu, limpe tudo aí
Vai chegar a rainha
Precisando dormir
Quando ela chegar
Tu me faça um favor
Dê um manto a ela, que ela me benze aonde eu for

O fardo pesado que levas
Desagua na força que tens
Teu lar é no reino divino
Limpinho cheirando alecrim

Escuta do coração


Hoje resolvi escrever sobre o que vivencio diariamente em minha profissão e que após anos de experiência, passou a ser perfeitamente entendido por mim como algo natural e que pode ser trabalhado ou facilitado, se percebemos e entendemos. As resistências de se procurar um psicólogo.

Não sei dizer quantas pessoas já atendi em todos esses anos, muitos já foram cuidados por mim... bem mais de 100.. 200... talvez umas 700 ou mais pessoas. É verdade! Quando se trabalha em hospitais e ambulatórios, o volume de atendimento é enorrrme e nós recebemos e cuidamos de muitas pessoas... somando os anos na profissão, posso dizer sim que foram muitos e que posso contar nos dedos da mão, quantos disseram que queriam muito fazer terapia.

Vou citar 3 pessoas, uma tem familiar psicólogo e por isso, diz acreditar na profissão e na importância para a saúde do indivíduo como um todo. A outra pessoa, já tinha realizado terapia em dado momento de sua vida e por isso, sabia que poderia ter bons resultados, então lá estava... em busca de mais auto-conhecimento e bem estar emocional. A terceira pessoa, apesar de uma experiência anterior mal sucedida, veio para a terapia dizendo que queria demais o tratamento psicológico.

Imaginem então, que de todos que já acompanhei, bem mais de 90% apresentavam resistências e fantasias sobre como é ir ao psicólogo, acrescidas do sentimento de vergonha por ter que ir a um psicólogo. O que as pessoas vão pensar? Que fiquei louco? Já escutei diversas vezes... "doutora, eu não estou louco (a)." Alguns me chamam de doutora, não que eu me importe, prefiro sempre que me tratem por VOCÊ.


Vejam bem, além de todo o sofrimento que o ser humano carrega, ainda precisa se preocupar com o julgamento das pessoas pelo simples fato dele estar buscando uma ajuda para cuidar de sua saúde emocional. Por que ninguém se envergonha de ir ao médico?


Crenças como esta são perfeitamente explicadas se buscamos na história da loucura por exemplo, a compreensão sobre como a sociedade responde a necessidade de cuidados com a saúde mental de todos. Triste, mas é verdade... ainda hoje muitas pessoas discriminam o indivíduo portador de um transtorno psiquiátrico, mesmo que alguns termos como depressão e ansiedade, sejam tão usados por pessoas leigas e de outras áreas, ainda assim o indivíduo que busca ajuda de um psicólogo ou psiquiatra teme o julgamento dos demais. As pessoas chegam a dizer com olhar e voz envergonhada, que tomam remédio tarja preta, quase que se desculpando por isso. Entendam que às vezes o remédio se faz necessário, com o acompanhamento do psiquiatra e com a associação da psicoterapia, os sintomas melhoram e o médico no tempo certo, irá diminuir e retirar a medicação quando possível.


Além disso, nós psicólogos somos aqueles que "escutamos o coração". Escutamos o sofrimento que muitas vezes tenta ser evitado. Por isso... psicólogo dá medo! Quantas vezes não ouvi, não no consutório, em minha vida diária o comentário após ser apresentada... "não vai ficar me interpretando hein". A frase de apresentação foi... "Essa é a Stella, ela é psicóloga." Pronto, o suficiente para que eu recebesse a piadinha mais que verdadeira e olhar do sujeito, já procurando em volta e planejando uma rota de fuga porque ficar perto da "stella A PSICÓLOGA" é estar diante do inimigo!


A proposta deste texto é fazê-los pensar... quantos de vocês temem ou se envergonham de que saibam que são acompanhados por um psicólogo? A prova disso é que o blog tem recebido um número considerável de visitas... vejo que algumas pessoas estão acompanhando com certa regularidade as publicações, mas o número de seguidores ou de comentários não aumentam na mesma proporção. Por que será?


Quando pensamos a respeito do que fazemos e sentimos, construimos dentro de nós e em nossas atitudes, mudanças que nos levam cada vez mais a ser quem realmente somos e não mais, aqueles que nos disseram para ser.


Pensem nisso! Beijo grande...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sempre aprendendo...


Hoje o dia foi corrido no ambulatório. Cheguei cedinho, até antes do horário que costumo atender, mas as demandas de hoje exigiram que eu me atrasasse em alguns atendimentos e pacientes me esperassem. Já quase no fim do dia, durante um atendimento por demanda de luto, me vi tentando lembrar junto com uma paciente de uma música do Roberto Carlos... "aquela que ele cantava na novela" - disse sem jeito, parecendo envergonhada e com a voz um pouco embargada. E de repente começamos as duas a cantar a música do Roberto Carlos que eu já cantarolei quando criança, enquanto minha avó ou mãe ouviam, mas sem prestar atenção no que a música dizia. O início da música foi o suficiente, para que a mesma conseguisse seguir sua fala, expressando a saudade que sente e a dor da perda de seu marido.

Agora, já em casa... vim buscar a música que "surgiu" durante o atendimento de hoje. Agradeci mentalmente minhas lembranças sobre as músicas de Roberto Carlos ouvidas na infância e que fizeram parte da história de duas pessoas que já não estão fisicamente unidos. Espiritualmente minha paciente permanece junto ao esposo, permitindo a proximidade pelo amor, mesmo quando a ausência é uma presença tão constante e dolorida.
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Para você que me fez pensar e aprender mais sobre minhas vivências e minha profissão, eu publico a canção que a partir de hoje, não será mais cantanda por mim da mesma forma.

A Volta
Roberto Carlos
Composição: Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Estou guardando
O que há de bom em mim
Para lhe dar
Quando você chegar
Toda ternura
E todo meu amor
Estou guardando
para lhe dar...

E toda vez
Que você me beijar
A minha vida
Quero lhe entregar
Em cada beijo
Certo ficarei
Que você não
Vai me deixar...

Grande demais
Foi sempre o nosso amor
Mas o destino
Quis nos separar
E agora que está perto
O dia de você chegar
O que há de bom
Vou lhe entregar...

Só vejo a hora
De você chegar
Para todo o meu amor
Poder mostrar
Mas quando eu
De perto te olhar
Não sei se vou
Poder falar...

Grande demais
Foi sempre o nosso amor
Mas o destino
Quis nos separar
E agora que está perto
O dia de você chegar
O que há de bom
Vou lhe entregar...

Só vejo a hora
De você chegar
Prá todo o meu amor
Poder mostrar
Mas quando eu
De perto te olhar
Não sei se vou
Poder falar...

Beijo no coração de todos!!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Celebrando o amor...


Hoje tive o privilégio de ouvir sobre uma verdadeira e admirável história de amor. O amor de um casal que se conheceu quando ainda eram crianças, quando não faziam ideia da vida que construiriam juntos. Este casal viveu muitos momentos de alegria, principalmente com o nascimento de seus filhos, que são frutos deste grande amor.

Mesmo assim, não foram só de momentos bons que este amor se constituiu, as dificuldades e divergências também foram responsáveis pelo crescimento desses dois seres humanos que celebraram o amor e a vida enquanto puderam existir juntos.

O casal se separou quando um deles após grave adoecimento e muito esforço para prolongar sua vida, não resistiu a doença e faleceu. O esforço do casal e a união desta família, pelo amor e respeito mútuo, permitiu que vivessem juntos o tempo que ainda lhes restava. E viveram... juntos permaneceram até o fim.

Quem ainda vive, conta a história desse grande amor que permanece mesmo após a morte e que se mantém, nas lembranças... na existência juntos, no sentimento que mantém vivo o ser com quem viveu: " vivi com ele praticamente toda a minha vida."

Por isso, desejo aos que encontraram alguém para amar e construir uma vida juntos, porque relação se constrói "junto"... cada um contribuindo com a parte que lhe cabe, desejo aos que lerem esta postagem... que valorizem e cuidem de seus relacionamentos, entendendo que cada momento é precioso demais para ser desperdiçado. Em qualquer relação existem divergências e conflitos. O que destrói as relações é a falta de respeito e cuidado ... que seja eterno enquanto dure e que faça bem aos que um dia puderem experienciar... o amor!!

Abraços fortes...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pensamentos do dia



Muitas vezes é através da dor que ocorre o verdadeiro encontro do homem consigo mesmo. É como se a dor que dilacera e desconstrói, levasse embora também as ilusões e as amarras, que impedem o ser humano de sentir-se livre para ser ele mesmo. O adoecimento ou sofrimento, principalmente quando representa perda e privação, leva a reflexão dolorida e constante que possibilita a ressignificação da dor e da vida, o pensar e o confronto com o que não volta mais e muitas vezes nos foi negado por nós mesmos... também com o que ainda nos resta, favorecendo quem sabe a possibilidade de ser e existir em sua totalidade. É diante do não ser que o indivíduo se aproxima de quem verdadeiramente é, ou deseja ser.
O quadro de Salvador Dali, assim como a frase de Nietzsche, descrevem bem os pensamentos recebidos durante o dia.
Abraços fortes...

"É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela."
(Friedrich Nietzsche)

domingo, 3 de outubro de 2010

Crianças


Crianças são seres em desenvolvimento, que durante o período compreendido como infância, desenvolvem aspectos emocionais e da personalidade de acordo com os modelos aprendidos no convívio e na formação dos primeiros vínculos afetivos, com as figuras de proteção e cuidado assumidas por seus responsáveis. Assim deveria ser, mas nem sempre é.

Falar deste universo e de seus personagens é uma tarefa complexa e que exige bastante cuidado. Para uma criança nascer e crescer de forma saudável é preciso que se cumpra alguns cuidados que estão de acordo com suas necessidades físico-psicológicas. Além do papel de provedor das condições básicas para um ser totalmente indefeso e dependente, falo também sobre o papel dos responsáveis, de ensiná-las a conviver e respeitar a si mesmas e aos outros.

Esses dias no ambulatório, uma senhora que é avó de uma menininha de 2 anos, com quem estava na sala de espera aguardando uma consulta médica, me perguntou o que fazer para que ela parasse de gritar e fazer a tão conhecida "pirraça". A vó dizia que era assim o tempo todo, tudo tinha que ser do jeito dela. A menininha bem espertinha, já sabia como conseguir o que desejava e não tinha culpa por isso, ela não nasceu sabendo ouvir não. Mas precisava que sua avó e responsável soubesse colocar limites, para que ela aprendesse a lidar com frustrações e perdas, para que o NÃO lhe ensinasse a se relacionar melhor com o mundo e as pessoas.

Criança entende do jeito dela o que vê, ouve, recebe... também o que lhe é negado, o que sente, o que lhe ensinam diretamente e indiretamente.

Estou atendendo uma menina com dificuldades escolares, que são reforçadas pela insegurança e timidez. A mãe refere que não entende o motivo da filha ser assim, é uma mãe muito dedicada aos filhos e já pensou se a filha na verdade está deixando de tirar boas notas por preguiça. Acontece que no ambiente escolar é muito difícil pedir ajuda quando as dúvidas aparecem, do mesmo jeito que não pede ajuda a psicóloga durante as atividades em atendimento e muito menos em casa, na relação com seus familiares. Fazendo uma avaliação da relação com os modelos aprendidos em casa, principalmente na relação com sua principal figura de apego que é a mãe. Esta menina reproduz somente o que vê todos os dias, desde o seu nascimento. Segue como a mãe, que assume toda a responsabilidade de cuidado desta família e mesmo sobrecarregada, não sabe pedir ajuda. Respostas semelhantes para situações e papéis diferentes. Compreensões sobre o mundo que se apresenta para ela e lhe dá as respostas, que sozinha ela ainda não consegue elaborar.

Pensem nisso, quando diante de uma criança. Pensem que vocês, naquele momento são as referências... para o desenvolvimento de um ser que responderá de acordo com o que vê... ouve, recebe... entende e também, pelo que não recebe.

Beijos!!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Tempo, precioso tempo...


A cada dia, levo comigo experiências de vida de muitos que encontro no dia a dia de minha prática, além de minhas próprias vivências.

O que percebo como urgência, porém pouco aproveitado e muitas vezes, imensamente desejado .. é o tempo.

Queremos aproveitar ao máximo o tempo para trabalharmos, para conquistarmos o que tanto desejamos, para estar ao lado de quem amamos, para viver o que sentimos tanta falta e já não nos é tão permitido, para começar o que adiamos por tanto tempo... tempo...

Esse tempo é desejado como um bem precioso por alguns e para tantos outros... o mesmo tempo não é valorizado. Sempre falta tempo para alguma coisa ou então sobra tempo demais para tantas coisas...

Existe necessidade de tempo para as mudanças internas e externas, tempo este que é precioso.

Seja como for o uso do SEU tempo, faça bom proveito ... que a vida possa ser vivida em sua intensidade e importância, no tempo certo... no nosso tempo. Importante é que possamos vivê-lo. Caso contrário, a vida passa...

Grandes lições são aprendidas quando respeitamos o tempo do outro e o nosso também.