segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"Tu és, no fim... o que tu és?"


Quando Goethe fez Mefistófeles dizer a Fausto estas palavras: "Tu és, no fim... o que tu és. Acumula sobre a tua cabeça as cabeleiras mais espessas, calça coturnos com dois metros de altura, e continuarás a ser o que és.", ele não imaginava que, dessa forma, estava colocando na boca de seu "espírito que tudo nega" uma opinião que ainda estaria muito difundida às vésperas do terceiro milênio. Difundida e errada, visto que é na psicologia que experimentamos, muitas vezes, o contrário do que diz a palavra de Mefistófeles. Pois, justamente no fim, percebemos que o homem já não é mais o mesmo que era antes, transformou-se em outro. Com freqüência podemos observar que é possível uma transformação interior, um amadurecimento e um crescimento espiritual, mesmo a partir da fraqueza, da doença e da necessidade, e que isso pode ser um processo até diretamente exigido.

Quando um filho, por exemplo, não foi de início desejado, não se pode tirar daí conclusões para as futuras relações entre mãe e filho. Anos após a gravidez, a mãe não precisa mais ser a mesma mãe que foi durante a gravidez. Seu amor ao filho pode ter florescido, sua antiga rejeição ter sido há muito superada. "No fim" ela pode ter se sentido feliz com o filho. O homem não precisa ficar igual a si mesmo, nem como criminoso, nem como enfermo, nem como velho - ele tem sempre a capacidade de mudar.


Trecho retirado do livro "Histórias que curam... porque dão sentido à vida" - Elisabeth Lukas.



Costumo dizer a todos os meus pacientes que, no dia em que eu deixar de acreditar que é possível mudar, transformar-se e deixar de sofrer... neste dia, não serei mais psicóloga. Imutável só mesmo a morte, o homem é capaz de grandiosas mudanças, o segredo é permitir-se, para ir busca de autoconhecimento e transformação.

"É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela."

Friedrich Nietzsche

Abraços fortes...

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Compartilhando o que se tem de melhor


Generosidade... claro que se quisermos buscar a definição desta palavra, facilmente encontraremos em qualquer dicionário. Penso que as "histórias de generosidade" nos diriam muito mais, dela que se manifesta de formas diversas. Percebo que aquele que pratica generosidade, muitas vezes não tem a real idéia do bem que está fazendo a alguém e também a si mesmo.

Esses dias ouvi... "a gente recebe, o que a gente dá". Foi uma mãezinha que do jeito simples dela, falou de generosidade e também de falta de generosidade, na forma de falar ou ser das pessoas. Faz um tempinho, pedi a uma paciente que fizesse o que eu chamo de "dever de casa"... ela que sempre é generosa com todos os seus familiares e com todas as pessoas de forma geral, ainda não sabe cuidar dela mesma, não sabe aplicar a generosidade que carrega dentro de si mesma, para realizar o que deseja... para sentir-se mais feliz. Como dever de casa, pedi que ela comprasse um presente para ela mesma e que mandasse embrulhar, seria um presente sem valor específico, porém deveria ser comprado com o mesmo carinho e cuidado com que ela compra algo para alguém de quem ela goste muito.

Generosidade é o que eu recebo todos os dias de meus pacientes que me recebem com um sorriso nos corredores do ambulatório, mesmo quando já não estão mais em atendimento comigo e dos que ao sair do consultório, referem que estão bem melhor, desde que iniciaram o processo terapêutico. Agradeço a todos pela confiança, por compartilharem comigo histórias de vida e de muito sofrimento, por aceitarem minha ajuda e por se dedicarem para a sua melhora.

Generosidade eu recebi ontem, quando no primeiro dia do "formspring.me" no blog, algumas pessoas fizeram suas perguntas sobre Stella e também, me disseram que o blog tem lhes ajudado ou que faz bem a quem visita este nosso cantinho. Muito obrigada pela generosidade de suas palavras, elas só me incentivam a continuar escrevendo. Às vezes, a correria do dia a dia, me impede de escrever tanto quanto eu gostaria.

Aproveito este texto para agradecer os mais de 5.000 acessos. Quero dizer a vocês, o que eu sempre digo aos que atendo e também as pessoas queridas que fazem parte de minha vida... Sejam generosos e compartilhem dessa generiosidade consigo mesmo! Se alguém quiser compartilhar conosco alguma história de generosidade, alguma experiência de vida, algum fato marcante ... compartilhe conosco através de comentários ou me escreva por e-mail.

Acredito que o melhor da vida está em aprender a compartilhar e receber GENEROSIDADE!

"A vida só se dá a quem se deu."
(Vinicius de Moraes)

Beijo no coração... bom fim de semana...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Casamento


No tempo de nossas avós e bisavós, o casamento ocorria para as mulheres, antes mesmo que deixassem a adolescência. Nesta época, as mulheres se casavam e exerciam o papel de esposas responsáveis por seus maridos, filhos e lar; não estudavam e dependiam de seus maridos como um dia dependeram de seus pais.

Perante a sociedade, a mulher que não casasse era vista como fracassada, da mesma forma as divorciadas. Por isso, é frequente conversar com senhoras de 70, 80 e 90 anos, e ouvi-las dizendo que todas casavam para engravidar e criar uma família. Ah e o casamento era uma união para a vida toda! Independente do que o marido fizesse, todas deveriam permanecer casadas para o resto de suas vidas.

O casamento era realizado como um acordo entre as famílias e em poucas semanas, depois de se conhecerem, ocorria o casamento. A mulher e o homem não escolhiam o (a) parceiro (a) que demonstrasse afinidade ou interesses em comum. E quanto ao amor? Rilke nos diz que " é um sublime estímulo para o indivíduo amadurecer..."

E qual herança, nós recebemos dessa época e do significado do matrimônio vivido por nossas avós, bisavós e para algumas, no tempo de suas mães? Fato é que todas casavam ainda muito jovens e imaturas. Será que a vida conjugal nos dias atuais, pode ser entendida com uma base mais madura, já que as pessoas casam com mais idade?

Viorst nos fala sobre o conceito de "casamento adulto", segundo a autora , neste o indivíduo compreende que "não é e nem deve ser o professor, o pai ou a mãe, o editor, supervisor ou cópia do outro". E que somente no casamento adulto, ocorre o equilíbrio entre independência e união. Isso porque o casamento adulto permite que os sujeitos aprendam a lidar com as limitações e imperfeições do outro. Neste processo, ambos são parte desta construção e ambos amadurecem.

Não existe casamento sem conflitos, mesmo no "casamento adulto". Isso ocorre, porque são dois seres aprendendo a se relacionar e a conviver com as características pessoais do outro. Sem esquecer que todos nós levamos nossa "bagagem" (história de vida) conosco, quando casamos.

A lua de mel acabou, e agora que descobertas virão? Costumo dizer que as expectativas precisam caminhar lado a lado com a realidade, senão o descontentamento é inevitável. Não existe pacote perfeiro, o que me agrada, não necessariamente agradará o outro da mesma forma. Neste sentido, que os indivíduos aprendem a fazer concessões e a compartilhar dos momentos felizes e dos conflitos ou choques do casamento, para que juntos possam aprender um sobre o outro, estabelecendo então, a relação conjugal como ela é.

O que faz parte de TODA união conjugal? Viorst diz que "família e amigos agregam prazer... e complicações". O que na verdade só se torna um grande problema, quando o casal não consegue separar essas outras relações, da relação do "nós". Vale lembrar que o segredo para o sucesso é sempre buscar o equilíbrio. O casal para manter sua harmonia, necessita da particularidade ou privacidade, mas se viverem isolados de seus familiares e amigos, se viverem somente um para o outro e do amor que sentem, terão suas vidas restritas e os rompimentos ou perdas, podem comprometer o futuro da relação.

Casamento de antigamente ou do tempo atual, seja de que época for, sempre exige de ambos comprometimento, investimento ou cuidado, construção e respeito, amor... Caso contrário, ou se separam ou vivem juntos e INFELIZES para sempre!


Abraços fortes...



"O casamento deve combater incessantemente um monstro
que devora tudo: o hábito."

(Balzac)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Doenças Psicossomáticas


O conceito de psicossomática considera o ser humano de forma integral, entendendo o homem através do corpo, mente, alma e espírito, sem que exista uma separação ou fragmentação do mesmo. Compreende o ser humano em contextos diversos (social, familiar, relacional e profissional) entendendo que por estes meios ou contextos, o homem é direta ou indiretamente influenciado.

A psicossomática corrobora que corpo, mente, alma e espírito precisam estar em equilíbrio para que o homem mantenha sua saúde como um todo. Quando uma das partes está em desequilíbrio, esta poderá influenciar e até mesmo, provocar o desequilíbrio das demais, causando sintomas ou adoecimento.

E assim, surgiu a ciência que denomina como doenças psicossomáticas aquelas que tem origem psicológica, porém causam alterações e manifestações no corpo. Dessa maneira, entendemos o corpo como um espelho no qual se reflete o sofrimento ou conflito emocional. "Mens sana in corpore sano" significa "mente sã em corpo são". Corpo e mente estão interligados e os dois em equilíbrio significa saúde.

Quando os conflitos emocionais se agravam e já não é possível continuar reprimindo o sofrimento, o mesmo é deslocado da mente para o corpo, provocando alterações biológicas que caracterizam os sintomas e as doenças. São diversas as doenças que possuem fator psicossomático; ou seja, que podem ter origem ou piora de acordo com o estado emocional do indivíduo, entre elas estão: as alergias; artrites; câncer e doenças auto-imunes; doenças respiratórias (asma, rinite); gastrite e úlcera; doenças dermatológicas; impotência e disfunções sexuais; hipertensão arterial; fibromialgia; entre outras.

McDougall (1996) considera o corpo como “um palco de emoções”, neste sentido o homem adoece para punir-se ou proteger-se de conflitos e sofrimentos psíquicos. A mesma refere que se as defesas emocionais se esgotam, o corpo sob ameaça manifesta os sintomas ou doença, como uma descarga emocional que necessita acontecer antes da falência total do mesmo.

Simonton (1987) afirma que “a pessoa simplesmente não consegue mais lidar com o que está acontecendo e fica doente”. Ocorre geralmente após uma grande perda ou situação de vida que provoca intenso sofrimento, gerando sentimentos e dor emocional de grande proporção, sem que o ser humano tenha controle do que está sentindo. Grandes perdas quando não elaboradas criam adoecimento! Lutos, abandonos, perdas amorosas, traições, perdas de emprego ou aposentadoria para algumas pessoas, adoecimentos físicos graves com iminência de morte, perdas físicas ou funcionais por adoecimento que geram grande sofrimento emocional são algumas razões para que o sujeito necessite de assistência psicológica e não desenvolva uma doença psicossomática.

Saúde significa equilíbrio da mente e do corpo. Precisar de ajuda psicológica não significa ser fraco diante das dificuldades da vida, significa cuidar de si mesmo, valorizando sua saúde emocional da mesma forma que valorizamos a saúde física quando procuramos um médico diante do desequilíbrio do corpo.


Abraços fortes... uma ótima semana para todos...

Fonte de pesquisa:

MCDOUGALL, J. Teatros do Corpo: o psicossoma em psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
SIMONTON, C. Com a vida de novo. São Paulo: Summus, 1987.




quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Arte de envelhecer


A partir do nascimento, todos nós iniciamos o processo de envelhecimento, como parte do ciclo vital de todo ser vivo. Apesar disso, verifico que cada vez mais, o envelhecimento é combatido como se combate um grande vilão e as armas estão cada vez mais sofisticadas. Ou seja, atualmente muitos recursos são utilizados para que o indivíduo não envelheça.

As promessas crescem dia a dia, os produtos chegam ao mercado e as pessoas os consomem, ás vezes de forma desenfreada. Pouco se reflete a respeito deste processo ou dessa tentativa de vencer o grande mal que culmina na velhice. Envelhecer com saúde é um tema que disputa lugar com os conceitos de vencer o envelhecimento a qualquer custo.

Ninguém deseja morrer, mas todos desejam viver bastante. Acontece que só vive bastante quem envelhece! Portanto, só não envelhece quem morre cedo. Dessa maneira, é crescente o número de pessoas em atendimento psicológico que buscam pelo retardamento da velhice e sofrem das "dores da vaidade".

Em alguns casos, desde a infância surge o medo constante de não permanecer belo ou de perder seu valor, em decorrência das mudanças que o tempo de vida gera em nossos corpos. Crianças e adolescentes aprendem com seus responsáveis como é ser belo ou feio, mas infelizmente poucos recebem orientação sobre como crescer e envelhecer com saúde. Crescem e permanecem inseguras, demonstrando comportamentos de risco para a sua saúde física e emocional.

Adultos e idosos, cada vez mais munidos de recursos para retardarem o envelhecimento, esquecem de viver as belezas e ganhos de cada fase da vida, chegando à velhice com desejos adiados, pendências e conflitos emocionais ou ainda, doentes fisicamente e emocionalmente. Isso porque a busca pela saúde ficou em último plano, ou porque os excessos e abusos geraram corpos e mentes desgastados pelo tempo e motivo de insatisfação ou sofrimento.

Pensem nisso, vivam cada fase da vida e mantenham o autocuidado sem abusos ou excessos... sua saúde física e emocional agradece!!


"Às vezes ouço passar o vento e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."

(Fernando Pessoa)

Abraços fortes...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Criando resistências


"A alma é uma borboleta...há um instante em que uma voz nos diz que chegou o momento de uma grande metamorfose..."

(Rubem Alves)

As resistências surgem toda vez que o ser humano se depara com um daqueles momentos de intensas mudanças, de incertezas e aparente ou real ameaça. É natural de todos nós seres humanos, desejarmos nos defender quando algo de ruim acontece ou está para acontecer.
.
Na vivência da dor ou do sofrimento, criamos defesas e resistências, que nos afastam de pensar e sentir, que não nos permite entrar em contato com nossas dores. Desta forma, entende-se que vai passar, como se o tempo fosse o melhor remédio para toda ou qualquer dor. Será? Será mesmo que é só não pensar, é assim que tudo se resolve?
.
Parar de pensar em alguns casos ou por algum tempo, é também deixar de sentir. Mas como todo conflito ou ferida, física e emocional, se não for resolvida... dissolvida também não será!Muitas pessoas andam por aí, sendo absorvidas ou se deixando absorver pelas atividades diárias, pelo trabalho excessivo, pela preocupação ou atenção totalmente voltada para o outro e dessa forma, resistem as suas dores. Criando uma falsa sensação de que não "padecem" mais, ou de que não sofrem tanto.

É verdade que ao nos ocuparmos com algo ou alguém, deslocamos toda a atenção antes voltada para o nosso sofrimento e nos permitimos mais. Assim, muitas pessoas se tornam grandes cuidadoras dos que amam ou até mesmo, de pessoas estranhas em serviços de voluntariado.

Não há nada de errado nisso! Pelo contrário, é valoroso ressignificar seu próprio sofrimento e entender que se pode ajudar alguém. Porém, não se esqueça que TODOS nós seres humanos, também necessitamos de cuidado. Quanto mais ignorarmos essa necessidade de receber cuidado ou de se permitir ser cuidado, POR NÓS e pelo OUTRO, mais e mais nos acostumamos a viver só de defesas e a VIVER SÓ. Bom demais ser cuidado, sem isso... adoecemos.

Pensem nisso!!
Abraços fortes... até mais!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Doe Palavras


Gostei da iniciativa do blog "Hoje sou assim" para divulgar a campanha "Doe Palavras" e por isso, estou aderindo a mesma iniciativa, trazendo para vocês o endereço eletrônico, para que todos nós possamos de alguma forma contribuir para a recuperação e tratamento de pacientes do Instituto Mário Penna.
,
Entrem no site ou mandem sua mensagem pelo twitter, colocando no final da frase #doepalavras e ajudem a divulgar este trabalho de grande importância. Posso dizer que ao ajudar alguém que está gravemente enfermo, estamos direta ou indiretamente contribuindo para a sua cura ou melhora.

Acesse http://www.doepalavras.com.br/

Abraços fortes...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

TV destrói amizades





Recebi este vídeo por e-mail, achei ele bem interessante e reflexivo. O vídeo é engraçado e bonitinho. A reflexão é sobre um assunto sério! O personagem principal é um cachorro que tenta de formas diversas, receber a atenção de seu dono e amigo; no entanto, apesar de muito esforço, ele não consegue ser atendido.

Este vídeo me fez pensar nas relações pessoais, quando as pessoas estão perto, mas não se percebem ou se relacionam, quando ocupam o mesmo espaço ou ambiente e não estão realmente juntas.

Não vou escrever muito a respeito, deixo o vídeo e sugiro apenas que ao assistir, que tente projetar esta mesma situação para a sua vida e perceba se você na maioria das vezes tem ocupado o papel do cachorro ou de seu amigo.

Beijo grande...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Cara nova para o "Construindo Sentidos"


O Blog a partir de hoje tem cara nova, sem perder sua essência, transformou-se para ficar mais bonito para vocês! Agradeço a minha amiga querida, Cy... MUITO OBRIGADA! Eu amei!


Passo por aqui logo logo, para escrever nova postagem.
Beijo no coração de todos...