sábado, 23 de abril de 2011

Transtornos Esfincterianos na Infância


Considera-se transtorno esfincteriano, a enurese que é a falta de controle na emissão da urina e a encoprese que é a evacuação das fezes parcial ou total. Até os 5 anos, é comum esses descontroles, já que até esta fase, a criança está aprendendo a ter controle total dos seus esfíncteres.

O controle voluntário da urina e das fezes dependem de vários fatores, tais como: o treinamento para a aprendizagem, a maduração neurofisiológica e o desenvolvimento afetivo da criança. A encoprese infantil é a defecação involuntária que ocorre em idade superior a 4 anos, sem causa orgânica que justifique. Geralmente está associada a enurese que é o descontrole da urina. A enurese e encoprese pode ocorrer na roupa, cama ou chão.

A encoprese se diferencia da Constipação porque no segundo caso, existe causa orgânica ou causa relacionada a dieta alimentar, tornando-se um problema crônico ou de difícil reversibilidade. Toda vez que encontro casos de enurese ou encoprese infantil, oriento os pais a buscarem avaliação médica para descartar qualquer causa orgânica para o sintoma apresentado. Atualmente acompanho uma criança de 8 anos, que apresenta encoprese norturna; ou seja, durante à noite, ele não consegue ter controle esfincteriano e acorda, sujo com suas fezes. A mãe diz que já pensou em colocar fralda, mas com a fralda ele não faz. E acontece que durante o dia, ele não consegue defecar; então, por diversas vezes, já precisou realizar lavagem pela retenção das fezes.

Emocionalmente os estudos consideram a constipação como uma forma de espressar sentimentos de oposição, frustração e ansiedade. A criança que apresenta transtorno esfincteriano, sofre emocionalmente porque o fato dela não ter controle e se sujar constantemente, gera vergonha, medo, timidez, auto-estima rebaixada e isolamento social, ou evitação de situações diferentes que podem criar situações embaraçosas ou vexatórias (não dormem na casa de amigos, não viajam sem os pais, etc). 

São crianças emocionalmente dependentes e inseguras, o medo da perda do controle produz nela o comportamento de reter as fezes (conscientemente ou inconscientemente)  em lugares públicos (escola ou quando fora de casa). É desesperador o sentimento de uma mãe ou pai, que já buscou ajuda para seu filho e após várias avaliações e condutas médicas, não encontrou solução para o sintoma e sofrimento do filho.

É importante buscar ajuda psicológica para seus filhos, caso estejam apresentando os sintomas ou sofrimento emocional descrito acima. Crianças com transtornos esfincterianos se não tratadas, além de complicações orgânicas dada a cronicidade dos sintomas, podem desenvolver doenças emocionais como depressão infantil e transtornos ansiosos, pela exposição frequente ao sofrimento físico e emocional.

É preciso ter cuidado com a criança porque se o adulto para tentar inibir seu comportamento, repreende ou expõe a criança a situações vexatórias como por exemplo, falar a respeito com pessoas familiares ou estranhas na presença da criança; ou ainda, falar de forma depreciativa ("tá parecendo um nenenzinho"; "você não tem vergonha de fazer isso?") e/ou punitiva, castigando a criança pelo sintoma ou adoecimento.

É primordial o apoio e cuidado dos pais, a paciência e o carinho, a ajuda profissional (médico e psicólogo) para o tratamento dos transtornos esfincterianos e para o fim do sofrimento de crianças e pais, que vivenciam as consequências deste transtorno, relacionado a causas emocionais.

Abraços fortes...


Fonte de pesquisa:
 http://www.virtualpsy.org/infantil/infancia.html
 http://es.wikipedia.org/wiki/Encopresis_infantil

Homossexualidade não é doença

O tema da postagem de hoje é alvo de preconceitos que geram sofrimento para indivíduos homossexuais e seus familiares. Esses dias recebi no consultório, um paciente ainda criança e sua mãe, muito preocupada pela suspeita de que seu filho seja homossexual, descrevia assustada que ele gostava de brincar de barbie.

Já atendi homossexuais, lésbicas e bissexuais, sendo que a maioria, mesmo os que já se assumiram, carregam consigo alguma história ou experiência extremamente dolorosa de preconceito ou discriminação. Já atendi pais de homossexuais que sofreram muito ao descobrir ou desconfiar de seus filhos, pensando sempre no que os OUTROS iriam pensar, falavam da criação e alguns se sentiam culpados. É bem frequente o pai culpar a mãe pela orientação sexual do filho (a).

Gostaria de dizer a todos que homossexualidade não é doença! Não estou fazendo apologia a orientação sexual de gays e lésbicas. Quero apenas dizer que desde 1985, o Conselho Federal de Psicologia deixou de considerar o homossexualismo como desvio sexual; e que em 1999, estabeleceu regras para a atuação dos psicólogos, considerando que  "a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão e que os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e/ou cura da homossexualidade."

Ainda segundo dados da wikipédia, "no dia 17 de Maio de 1990, a Assembleia-geral da Organização Mundial de Saúde (sigla OMS) retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais, a Classificação Internacional de Doenças (sigla CID). Por fim, em 1991, a Anistia Internacional passou a considerar a discriminação contra homossexuais uma violação aos direitos humanos."

Concordando você ou não com o que já se compreende sobre homossexualidade, NENHUM ser humano, independente da sua orientação sexual (heterossexual ou não) tem o direito de discriminar, desvalorizar, denegrir, julgar e/ou ferir fisicamente e emocionalmente, um outro ser que sinta atração sexual e amorosa por alguém do mesmo sexo.

Observo que muitos indivíduos ainda hoje sofrem pelo estigma, sendo punidos pela sociedade e familiares, sofrendo e escondendo seus relacionamentos ou vivendo infelizes, constituindo relações heterossexuais para que sejam aceitos e valorizados pelos demais. Triste realidade de uma sociedade plural, com tanta diversidade e desigualdade, que ainda associa homossexualidade a OPÇÃO ou ainda, a promiscuidade.

Se você é gay, lésbica ou bissexual e sofre por alguma razão, em decorrência de sua orientação sexual ou pela discriminação das pessoas (familiares ou não), procure ajuda psicológica para que se liberte do sofrimento e seja feliz, sendo você mesmo, autêntico e leal a sua homossexualidade.

Abraços fortes...

* Dedico este texto aos meus amigos que são homossexuais (gays e lésbicas).

terça-feira, 19 de abril de 2011

CUIDADO com o que se fala


Compreendo que a necessidade e a ansiedade por falar algo para alguém, muitas vezes colabora para que o ser humano se precipite e diga palavras ou coisas que não deveriam ser ditas. Porém, é importante ter compaixão, respeito e principalmente, CUIDADO com o que se diz. Nem sempre as verdades devem ser ditas, pois quando se diz com agressividade e julgamento, toda orientação perde seu significado e passa a fazer muito mal a quem precisou ouvir. Ouviu porque procurou por você, no momento de fragilidade falou ou demonstrou que errou e que não está bem. Tenha mais cuidado, senão a gente julga... condena e sentencia, as pessoas que amamos e aquelas que estamos apenas começando a conhecer.

Obrigada pelas visitas... ultrapassamos 8.000, estamos crescendo!!
Abraços fortes... ótimo dia para todos vocês!!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Obesidade Mórbida


Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o índice de Obesos Mórbidos com idade acima de 18 anos, em 2007 correspondia a 3.739.000 pessoas. Na região Sudeste do Brasil, cerca de 50 % dos homens e  51 % das mulheres enfrentam o Sobrepeso, o que significa que podem vir a subir o degrau para atingir a obesidade leve, obesidade moderada e obesidade mórbida. 

A Cirurgia Bariátrica ou Gastroplastia, trata-se de um procedimento de redução do estômago, sendo indicado para pacientes com obesidade mórbida; ou seja, são realizadas em pessoas que estão muito acima do peso ideal ou peso magro; e que por essa razão, apresentam adoecimento físico e emocional decorrente do ganho excessivo de peso. 

O tratamento cirúrgico está indicado em pacientes definidos com obesidade mórbida (IMC > 35 Kg/m²) que tenham co-morbidades como apnéia do sono, hipertensão, diabetes mellitus, dislipidemia, artropatias ou aqueles pacientes com IMC > 40 Kg/m² , com ou sem co-morbidades. Isso porque, já foi evidenciado que existe um risco muito maior do paciente morrer por complicações clínicas relacionadas à obesidade do que morrer com a realização da cirurgia e dos benefícios que ela traz.[1]

Porém, é sabido que o procedimento é de grande complexidade e que deve ser realizado, após avaliação médica e por uma equipe multiprofissional que inclua nutricionista, psiquiatra e psicólogo. As causas para o desenvolvimento de obesidade mórbida são multifatoriais. Os portadores de obesidade (leve, moderada e mórbida) sofrem emocionalmente pelas limitações e ainda, pelo preconceito social e comportamento alimentar. São pessoas emocionalmente frágeis, que carregam elevada expectativa de que a cirurgia pode mudar suas vidas.

Na realidade, para que isso ocorra, é necessária uma avaliação pregressa ao procedimento cirúrgico e um trabalho psicológico de preparo, para a reabilitação no pós-operatório e ainda, para adaptação, com detecção e tratamento de distúrbios emocionais que podem interferir ou comprometer a adesão e sucesso do tratamento após gastroplastia. Além disso, o psicólogo tem o papel de avaliar se o indivíduo está preparado emocionalmente para se submeter ao procedimento. 

Hoje atendi uma paciente de 52 anos, pesando 140 kg, com o diagnóstico de Obesidade Mórbida e Depressão, está em acompanhamento médico para o tratamento de doenças provenientes do ganho excessivo de peso e ainda, em preparo para realização de Cirurgia Bariátrica. Em seu relato, refere que sofre pelas limitações que o adoecimento lhe impõe e pelas perdas diversas. Está totalmente dependente dos cuidados de outras pessoas, para tomar banho e até para pentear seu cabelo, não consegue ficar de pé ou caminhar por muito tempo, apresenta dificuldade para respirar e falar durante a consulta. É uma pessoa que luta para viver, mas ao mesmo tempo, que está perdendo o desejo de viver.

Obesidade tem tratamento e por isso, quanto mais cedo detectada, mais facilmente responderá ao tratamento. É importante que o indivíduo com pré-disposição a obesidade, cuide de sua saúde e busque orientação profissional para que viva bem e com qualidade de vida. As crianças e adolescentes obesos precisam da ajuda de seus responsáveis para procurar e realizar os tratamentos. Ajuda psicológica é de extrema importância e funciona como mais uma ferramenta, na luta contra a obesidade e suas complicações.

Pensem nisso! Beijo grande...

FONTES DE PESQUISA:
 
http://www.sbcb.org.br/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Gastroplastia

http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol31/n4/199.html

[1]Flum DR, Belle SH, King WC, Wahed AS, Berk P, Chapman W, Pories W, Courcoulas A, McCloskey C, Mitchell J, Patterson E, Pomp A, Staten MA, Yanovski SZ, Thirlby R, Wolfe B. Perioperative safety in the longitudinal assessment of bariatric surgery.Longitudinal Assessment of Bariatric Surgery (LABS) Consortium.N Engl J Med. 2009 Jul 30;361(5):445-54.

domingo, 17 de abril de 2011

A Fórmula do Amor


Frequentemente observo no consultório e nas relações pessoais, a angústia pelos inúmeros questionamentos a respeito do amor, deste sentimento que desde sempre o ser humano procura, espera e quando encontra, sofre antecipadamente pela insegurança e medo de que acabe.

O amor ... a conquista... as relações... Mais e mais indivíduos sofrem pela ausência de amor em suas vidas, pelas relações rompidas, pela dor da traição, pelos desenganos e ilusões de um amor não correspondido. E o que fazer para viver uma linda e permanente história de amor? Será que existe receita ou fórmula do amor?

Se pensarmos no início de toda relação ou fase da conquista, percebemos que a maioria das pessoas vivenciam esta fase, buscando agradar aquele (a) que por alguma razão física ou pessoal, lhe despertou interesse. No princípio, ambos projetam no outro as características desejadas num (a) parceiro (a) e ainda, se esfoçam para demonstrar que merecem ser escolhidos ou conquistados.

Tempo depois, quando já estão seguros da conquista, ambos começam a demonstrar quem realmente são. Ou em alguns casos, alguém começa a se mostrar dominante na relação (geralmente o homem) e o outro, passa a ser o dominado ou submisso. Uma reflexão é importante neste momento, geralmente o ser dominado é também o ser inseguro na relação.

EU + TU = NÓS + EU + TU

O NÓS é importante tanto quanto o EU e o TU individualmente. A relação acontece quando as duas pessoas se mostram verdadeiramente e ainda permanece, a admiração e/ou o investimento para que permaneçam juntos. Minhas pacientes e meus pacientes que levam para a terapia reflexões a respeito de seus relacionamentos ou sobre a procura por um grande amor, demonstram sempre muita preocupação com a opinião do outro a seu respeito. E então eu lhes pergunto, de que adianta agradar o outro sendo o que desejam que você seja, se para isso o sujeito se perde cada vez mais de si mesmo, deixando de ser autêntico ou de respeitar seus desejos ou sentimentos?

Agradar a si mesmo e ao outro, ser flexível consigo e com as pessoas que fazem parte de nossa vida, estar atento as necessidades de quem te interessa ou ama, mas sem deixar as suas necessidades de lado é parte da construção de um relacionamento. Não espero ou tenho qualquer pretensão de ensinar através deste texto, como garantir o sucesso de uma relação. Apenas deixo para você a seguinte reflexão, vale a pena fazer o possível para conquistar alguém de quem a gente goste, mas NUNCA se mostre diferente de quem você é, ou não construa ilusões a respeito de uma pessoa que você nomeie como perfeita... Grande parte dos indivíduos, no início de um relacionamento, se mostram sem defeitos e sedutores, mas somente na convivência é que descobrimos com quem realmente estamos namorando, casando e também... de quem estamos NOS SEPARANDO.

Vale realmente a pena estar JUNTO de quem nos valoriza e quer o nosso bem. Quem não nos aprova ou tenta nos modificar e moldar, não pode ser o nosso GRANDE e VERDADEIRO AMOR. Pensem nisso!!

Beijo grande... estou de volta!! Ótima semana para todos!!

Música: A fórmula do amor (Kid Abelha)

Eu tenho o gesto exato, sei como devo andar

Aprendi nos filmes pra um dia usar

Um certo ar cruel de quem sabe o que quer

Tenho tudo planejado pra te impressionar

Luz de fim de tarde, meu rosto em contra-luz

Não posso compreender, não faz nenhum efeito

A minha aparição será que errei na mão

As coisas são mais fáceis na televisão

Mantenho o passo alguém me vê

Nada acontece, não sei porque

Se eu não perdi nenhum detalhe

Onde foi que eu errei

Ainda encontro a fórmula do amor

Ainda encontro a fórmula do amor

Eu tenho a pose exata pra me fotografar

Aprendi nos livros pra um dia usar

Um certo ar cruel, de quem sabe o que quer

Tenho tudo ensaiado pra te conquistar

Eu tenho um bom papo e sei até dançar

Não posso compreender, não faz nenhum efeito

A minha aparição será que errei na mão
As coisas são mais fáceis na televisão

Eu jogo um charme, alguém me vê

Nada acontece, não sei porque

Se eu não perdi nenhum detalhe
Onde foi que eu errei


Ainda encontro a fórmula do amor

Ainda encontro a fórmula do amor

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nesta semana

Quero avisá-los que esta semana será bastante corrida para mim, por causa de compromissos profissionais e pessoais. Então, provavelmente não vou conseguir escrever nenhum texto, mas logo logo estou de volta.. cheia de saudadesss!!!

Beijo grande... e uma ótima semana para todos!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Depois de adoecer



“(...) é assim que, agora, aquele longo período de doença me aparece: sinto como se, nele, eu tivesse descoberto de novo a vida, descobrindo a mim mesmo, inclusive. Provei todas as coisas boas, mesmo as pequenas, de uma forma como os outros não as provam com facilidade. E transformei, então, minha vontade de saúde e de viver numa filosofia.”
(Nietzsche)

“A saúde emburrece os sentidos. A doença faz os sentidos ressuscitarem.”
(Rubem Alves)


Esses pensamentos me fizeram lembrar de uma paciente muito querida, no dia de encerramento do seu tratamento, sentindo-se mais fortalecida após uma grande batalha para recuperar sua visão e também saúde emocional. A perda temporária da visão poderia ter sido permanente, se a mesma não tivesse se empenhado para aprender a cuidar de si mesma do jeito que precisa.

Todo ser humano necessita emocionalmente e fisicamente de cuidado. Quantos se cuidam somente quando o corpo adoece? Quantos se dizem jovens, como se tivessem uma vida inteira pela frente e com isso, mantém comportamentos abusivos e prejudiciais à integridade ou bom funcionamento do corpo e da mente? Desde quando crianças não adoecem? Desde quando somente os idosos são acometidos por doenças graves?
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Esta paciente lutou por uma 2ª chance e conseguiu. Os médicos não deram certeza de que a visão seria recuperada, mesmo com a cirurgia. Porém existia essa possibilidade, o que já foi o suficiente para que ela percebesse a importância do autocuidado. Hoje ela diz que depois de adoecer, percebe que ficou mais atenta às necessidades e dificuldades do outro.

Precisou de ajuda e não foi fácil aceitá-la. Vivenciou um longo período em que os conflitos internos estavam presentes. “Por que foi acontecer comigo? Como vai ser agora, não sei precisar do outro, há muito tempo estou sozinha. Nunca fiquei doente, sempre fui independente.”

Solidão, insegurança, medos, tristeza, depressão, angústia existencial, ansiedade, pensamentos negativos, desespero, cobranças, raiva, revolta, esperança... Todos esses sentimentos precisaram ser externados para que se organizassem, para que voltasse a acreditar que era possível vencer. A perda da visão lhe trouxe de volta os sentidos, para que desejasse viver, para que investisse no que é importante... para ser feliz!

Acredito que ninguém nasce para ser infeliz. Cada dificuldade enfrentada, cada pedacinho de felicidade conquistado, nos aproxima de quem somos e do que desejamos.

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Desejo que minha ex-paciente continue sendo generosa consigo mesma, comprometida com seu bem-estar e aos 70 anos, permaneça desejando e realizando pedacinhos de felicidade!!!
Saudades...


Abraços fortes...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Construindo e Compartilhando Sentidos


"O grande segredo para a plenitude é muito simples: compartilhar."
(Sócrates)

Compartilhar nem sempre é fácil, faz parte do aprendizado da vida e para muitas pessoas, pode ser um verdadeiro problema. Por motivos diversos, o ser humano tem cada vez mais se isolado, utilizando-se de defesas emocionais, para evitar sofrimento e decepção. Dessa forma, o indivíduo perde o convívio social, tornando-se mais e mais individualista e solitário. Isolamento não combina com saúde!! Portanto, se você está se sentindo solitário e não sabe o que fazer para mudar esta situação, é importante buscar ajuda psicológica.  Aproveito esta postagem para agradecer aos visitantes e seguidores do Blog, porque juntos já ultrapassamos mais de 7.000 acessos.

Beijo enorme no coração de todos...

terça-feira, 5 de abril de 2011

A Pessoa Narcisista

(Caravaggio - Narciso na Ponte)

O tema surgiu a partir do atendimento de uma paciente que trouxe para a consulta, o seguinte questionamento: Por que eu deixei que ele fizesse isso comigo? A relação conjugal terminou após anos de sofrimento, anulação, perdas e decepções, sempre relacionadas ao comportamento narcisista do cônjuge.

Para que a relação durasse anos, foi necessário que ela se mantivesse passiva e literalmente vivesse a "serviço" de seu "companheiro". O resultado foi adoecimento emocional grave para a minha paciente e total descaso ou indiferença do marido. Não suportando mais, ela passou a questionar suas atitudes egoístas e o mesmo, percebendo que perdia o espaço onde sua vontade sempre reinava, buscou por outra mulher para satisfazer seus desejos, abandonando esposa e filhos.

Histórias como esta são recorrentes. Quantas mulheres e homens já não foram abandonados após anos e anos de submissão e anulação em favor do (a) parceiro (a)? Isso acontece também nas relações de amizade, familiares e até profissional.

A construção do sujeito narcisista se baseia na falta de maturidade emocional de indivíduos que não aprenderam a estabeler vínculos afetivos, vivendo somente em função de si mesmo e procurando quem faça o mesmo por eles. Os narcisistas não se relacionam através de troca ou compartilhamento. Desejam apenas receber do (a) parceiro (a) a satisfação de seus desejos e para isso, se aproximam de pessoas emocionalmente frágeis, dependentes ou excessivamente "boazinhas".

Quem se relaciona com o (a) nascisista refere que pode se mostrar frio e vazio quando contrariado; que são manipuladores e sedutores; que dificilmente assumem culpa pelos seus atos; são exigentes e controladores; podem ser agressivos, explosivos ou ter acessos de raiva; oscilam entre o comportamento manipulador e a indiferença. São pessoas que não se vêem tal como são. Sentem-se e falam de si como vítimas da vida ou de quem os contraria. Seus desejos são insaciáveis e podem se aproveitar da boa fé ou vulnerabilidade do outro.

Veja bem, já de criança se observa este comportamento. É importante que os pais ou responsáveis estejam atentos e introduzam limites na educação, orientando sobre valores e respeito para com o outro. A ausência dessas noções básicas de bom relacionamento, contribuem para o surgimento de pessoas que se relacionam com o outro, como se este fosse um objeto de sua atenção e satisfação.

O mito de Narciso tem origem na mitologia grega e significa auto-admirador, fala de um jovem que se apaixonou pela própria imagem. A pessoa narcisista fala de si como se fosse melhor do que os outros, olham somente para suas necessidades, tornando a dos outros insignificantes. Não aceitam críticas; constantemente se mostram negativos ou entediados; são presunçosos e extremistas, com características histriônicas; se concentram em agradar demais no trabalho ou no amor, desde que a recompensa seja adulação, fama, poder ou dinheiro.

Narcisismo não significa auto-estima elevada; pelo contrário, o comportamento do narcisista é justamente este para compensar a sua baixa auto-estima. Não se amam ou se aprovam, buscam na admiração e controle do outro, a valorização que lhes faltam.

Não estou dizendo que é impossível se relacionar com um indivíduo narcisista; porém, é importante estar consciente de que dificilmente esta pessoa irá se perceber com tais características e que seu equilíbrio emocional pode ser comprometido pela relação. Por isso, é necessário que os (as) parceiros (as) de pessoas narcisistas busquem o autoconhecimento e entendimento sobre fatores ou características pessoais que favorecem a ação dos sujeitos narcísicos, para que não sejam machucados ou adoeçam na vivência da relação.

Abraços fortes...

sábado, 2 de abril de 2011

Postura que faz diferença



Nada é permanente nesse mundo cruel. Nem mesmo os nossos problemas.
(Charles Chaplin)

Dia Mundial do Autismo - 02 de Abril




O Autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há seis décadas, mas sobre o qual ainda permanecem, dentro do próprio âmbito da ciência, divergências e grandes questões por responder.

Há 20 anos, quando surgiu a primeira associação para o Autismo no país, o Autismo era conhecido por um grupo muito pequeno de pessoas, entre elas poucos médicos, alguns profissionais da área de saúde e alguns pais que haviam sido surpreendidos com o diagnóstico de Autismo para seus filhos.

Atualmente, embora o Autismo seja bem mais conhecido, tendo inclusive sido tema de vários filmes de sucesso, ele ainda surpreende pela diversidade de características que pode apresentar e pelo fato de, na maioria das vezes, a criança autista ter uma aparência totalmente normal.

O Autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no usa da imaginalção.

É comum pais relatarem que a criança passou por um período de normalidade anteriormente à manifestação dos sintomas.

Quando as crianças com autismo crescem, desenvolvem sua habilidade social em extensão variada. Alguns permanecem indiferentes, não entendendo muito bem o que se passa na vida social. Elas se comportam como se as outras pessoas não existissem, olham através de você como se você não estivesse lá e não reagem a alguém que fale com elas ou as chame pelo nome.

Freqüentemente suas faces mostram muito pouco de suas emoções, exceto se estiverem muito bravas ou agitadas. São indiferentes ou têm medo de seus colegas. Pessoas com esse distúrbio possuem dificuldades qualitativas na comunicação, interação social, e a imaginação (a chamada tríade), e consequentemente apresentam problemas comportamentais.

Muita vezes o simples fato de querer ir ao banheiro e não conseguir comunicar a ninguém pode ocasionar problemas como auto-agressão ou agressão aos outros.

Texto informativo retirado do site da Associação de Amigos do Autista (AMA):

http://www.ama.org.br/html/info_auti.php

sexta-feira, 1 de abril de 2011

E a história se repete...


Muitas pessoas se perguntam quando estão em sofrimento, sobre o motivo e/ou razão para vivenciarem tanta dor. Isso claro, é um movimento natural, nós aceitamos bem o amor .. a felicidade.. a alegria... mas o sofrimento, dele todos "tentam" fugir. Acontece que nem sempre é possivel! 

Dependendo das escolhas realizadas evitamos sofrimento, mas nem sempre se percebe o que se escolhe. Como assim? Nem sempre percebemos que estamos repetindo mais uma vez o caminho ou escolha que já nos fez sofrer um dia, há pouco ou muito tempo atrás. Isso acontece porque nossas atitudes muitas vezes refletem conflitos adiados ou não resolvidos.

É comum as pessoas se perguntarem porque mais uma vez estão passando por algo semelhante. Costumo dizer que poeirinha debaixo do tapete, não some sozinha, precisamos fazer a limpeza, para não deixar acumular. Assim é também com relação ao nosso modo de viver, de sentir, de pensar, de ser... com as escolhas que fazemos ou deixamos de fazer. Histórias mal resolvidas, costumam se repetir...

Casais que brigam ou separam, pessoas que se afastam por desavenças e mágoas, papéis que exercemos ou que exerceram conosco e geraram conflitos... a vida se constrói não só pelo inesperado, nossas escolhas contam bastante. E como escolher diferente, quando não enxergamos além dos nossos conflitos? A psicoterapia tem como objetivo promover o autoconhecimento, para a resolução dos conflitos ou sofrimento, para uma construção de vida mais consciente e com possibilidades de realização.

Essa semana estive em contato com diversas histórias que se repetem, pois ainda não foram solucionadas. O relato de hoje é sobre uma avó que têm duas netas para cuidar e apesar de amá-las imensamente, carrega uma culpa inconsciente, por não ter cuidado de sua filha quando pequena, dedicando-se ao trabalho para  lhe garantir um futuro melhor. Hoje essa paciente, sente que deixou de ser mãe de sua filha, esta que depois de adulta abandonou suas meninas, tornando-se usuária de drogas. Diante disso, a paciente que carrega o sentimento de culpa, sofre pela filha que está perdida e pelo medo das netas escolherem o mesmo caminho e diz por várias vezes, que elas podem se sentir abandonadas pela mãe.

Histórias de amor também se repetem quando não resolvidas. Atualmente cresce o número de pacientes que chegam ao consultório em grande sofrimento, buscando respostas para o abandono de seu coração partido. Rapidamente quem sofre a dor da separação, pode criar defesas emocionais na tentativa de impedir outro sofrimento, para isso dizem constantemente que NUNCA mais irão se entregar ou amar daquela forma. Cada caso é um caso, não existe receita de bolo ou receita de felicidade, mas existem alguns fatores que nos aproximam ou afastam de alguém, que permite a aproximação de uns (umas) e a evitação também.

Cada pessoa carrega dentro de si um ideal de parceiro (a), tem gente que busca por semelhança, outros querem o diferente. Seja qual for a sua escolha, se está baseada em características físicas ou pessoais, em diferenças ou semelhanças... entendam que relacionamentos amorosos podem dar certo ou não, assim como algumas escolhas que fazemos e não atingem nossas expectativas. Cada experiência vivida, de sucesso ou de fracasso, cada decepção sentida pode promover o crescimento pessoal necessário, para a vivência de uma real felicidade, aquela que tanto se espera ou deseja. Se o sujeito se separa, mas não finaliza.. não rompe, não elabora o sofrimento. Cedo ou tarde o conflito retorna e se repete em outras relações; ou ainda, impede que a pessoa confie novamente e acredite que é possível ser feliz.

Lembrem-se um dia termina para que na manhã seguinte, se comece outro. Histórias que se repetem são como conflitos que nos visitam, para que nos seja permitido sentir e viver sem tantas pendências e lições aprendidas! Busque ajuda e siga o seu caminho, mais leve e mais consciente de suas escolhas, mais feliz!! Coração só é feliz, quando recebe cuidado.. carinho.

Abraços fortes...


"Quem só tem o espírito da história, não compreendeu a lição da vida e tem sempre de retomá-la. É em ti mesmo que se coloca o enigma da existência: ninguém o pode resolver, senão tu!"
(Nietzsche)
 
"Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova."
(Gandhi)