terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cuidados Paliativos


Cuidados Paliativos ocorre quando o tratamento deixa de ser curativo pela gravidade da doença e passa a ter como objetivo a qualidade de vida e o aumento do tempo de vida dos sujeitos.

Trabalhar com cuidados paliativos é cuidar de quem vive a dor, estando atento às particularidades de cada envolvido. É atender e acolher essas dificuldades para favorecer assim a desvinculação, para que o paciente vivencie a boa morte e para que o familiar se despeça, dizendo o que antes da iminência de morte, talvez nunca tenha sido permitido.

Trabalhar com cuidados paliativos é respeitar os sujeitos pacientes e os sujeitos familiares que vivenciam o adoecimento e uma situação de vida que não pode ser evitada, vivenciam a aproximação de uma morte anunciada.  Desde o nascimento, vivenciamos diversas perdas, porém não é frequente o diálogo sobre o término ou desapego nas relações de amor e/ou dos vínculos afetivos.
 
A proximidade da morte rompe a falsa segurança de que somos seres inatingíveis.

Desperta profundas reflexões sobre como temos vivido nossas vidas.

Favorece a ressignificação ou  descoberta de novos sentidos para a vida, sentidos que muitas vezes são adiados ou reprimidos.

Os conflitos pessoais promovem sofrimento pelo esgotamento do tempo, tempo para começar, recomeçar ou dar continuidade ao seu bem viver.

A pessoa gravemente enferma e seus familiares vivem um processo de intensas e sucessivas perdas, tais como:

Perda da saúde;

Perda dos planos para o presente e futuro;

Perda dos papéis anteriormente exercidos no grupo familiar e sociedade;

Perda da autonomia, Independência, Identidade;

Perdas financeiras;

Perda no relacionamento com amigos, familiares, amores;

Perdas pela alteração da imagem corporal, físicas e funcionais;

Entre outras perdas...

As doenças emocionais e físicas chegam para o ser em todas as idades ou fases da vida, para nos relembrar da importância de preservarmos nossa saúde, para que então o adoecimento não chegue e permaneça, como aquela visita indesejada, que chega sem avisar e que demora ou não quer mais ir embora.
 
Hoje ouvi um paciente dizendo que a doença não o impediu de viver; pelo contrário, foi depois de adoecer que aprendeu a dar valor ao que realmente importa, que começou a viver sem deixar que as pendências se acumulassem, disse assim... "o hoje me pertence, o amanhã eu não sei, mas no que depender de mim, prometo me dedicar intensamente e vou viver tudo que tiver direito, tudo que for possível e vou fazer hoje, amanhã eu já não sei".
 
 
Para finalizar o texto, deixo uma reflexão e abraços fortes.. daqueles apertados, carregado de afeto. Desejo que VOCÊ que está em tratamento paliativo ou que é familiar de alguém que vivencie esta realidade, que VOCÊS vivam plenamente e se dediquem a melhorar o que ainda não lhe faz bem. Esteja doente ou não, podemos cuidar e produzir felicidade em nossas vidas... ao invés de dor... desejo a todos..  o melhor!!
 
 
“No entardecer de nossa vida queremos esperançosamente ter a oportunidade de recordar e dizer – Valeu a pena, realmente vivi”

(Elisabeth Kübler-Ross)

 
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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Fim do dia... compartilhando pensamentos

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia. E, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre, à margem de nós mesmos."
(Fernando Pessoa)

"Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas."
 (Nietzsche)

"A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente."
(Soren Kierkegaard)

"O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando,
no fim terás o que colher."
(Cora Coralina)




Abraços fortes...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sujeito Perfeccionista


Uma das grandes causas para o adoecimento físico e emocional surge a partir da necessidade do sujeito de se relacionar consigo mesmo e com tudo o que realiza através de atitudes e pensamentos perfeccionistas. Quem é perfeccionista muitas vezes se orgulha disso; porém, é importante estar atento ao que ESTÁ por detrás deste comportamento.

As causas podem ser variadas, como por exemplo: baixa auto-estima, medo e insegurança; ou até mesmo, ansiedade e autocobranças além do que é natural e saudável. O perfeccionista não aceita realizar algo que não atenda às expectativas desse seu ideal de perfeição.

As raízes deste modo de existir podem estar relacionadas à experiências ameçadoras, de grande exigência ou desvalorização, vividas na infância e marcadas no subconsciente. Funciona como uma ordem que diz: "tenho que atender às expectativas sempre", ou "não posso decepcionar ou desagradar".

Algumas experiências no início da vida, podem despertar sentimentos como insegurança, inadequação e medo de abandono nas relações de afeto, contribuindo para que o sujeito não se permita errar, sofrendo diante das frustrações e ameaças de perda. Errar significa desagradar e isso pode levar a perda, a desvalorização ou desaprovação do outro.

Dessa maneira, o comportamento perfeccionista lhe garante a segurança e sobrevivência através de um modo de existir que ameniza o medo constante de não ser aceito. Isso claro, denota uma auto-estima bastante rebaixada e frágeis recursos emocionais de enfrentamento. O sujeito perfeccionista por acreditar que não é aceito tal como é, também demonstra dificuldade de auto-aceitação.

Se relaciona consigo mesmo através de pensamentos, sentimentos e comportamentos que refletem constante cobrança e punição. Agradar a si mesmo significa ver no outro a aprovação para este seu modo de ser. Neste sentido, o perfeccionismo cria relações de grande dependência emocional. O sujeito precisa constantemente da aprovação ou aceitação do outro para se realizar temporariamente.

Na realidade, o perfeccionista está frequentemente insatisfeito com o que faz, buscando sempre algo que se aproxime da perfeição. O outro é um espelho emocional de suas crenças e sentimentos negativos a respeito de si mesmo. Gosta de ser desafiado, o que alimenta seu mecanismo interno de auto-cobrança.

O maior desafio para o sujeito perfeccionista é pensar e sentir que ele pode ser quem ele é, que tem o direito de errar como qualquer outra pessoa. O perfeccionista não admite errar e também não aceita que os outros errem. Erro remete a fracasso e desencadeia outros pensamentos negativos, tais como: "não sou bom o suficiente, sou um nada, minha vida nunca será como eu desejo, não mereço ser feliz".

Lembre-se: tudo em excesso faz mal, ser perfeccionista pode deixar de ser uma qualidade para se tornar um comportamento obsessivo, uma busca por um ideal de perfeição que é ilusório e que faz suas relações, seu corpo e seu emocional adoecerem. A necessidade de realizar com perfeição tudo que faz, exige mais tempo do que normalmente se gastaria. O sujeito se torna escravo do perfeccionismo.

O fracasso desperta dor emocional, sentimentos como tristeza e culpa, pode gerar comportamento ou reações agressivas. O desgaste físico e mental é grande, podendo levar ao desenvolvimento de doenças psiquiátricas como depressão, transtornos ansiosos e ainda, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), entre outros.

Cuidar de si mesmo buscando ajuda psicológica, não significa que você deixará de ser competente naquilo que faz ou que não receberá mais o reconhecimento dos outros pelo seu esforço. Você apenas descobrirá que pode viver a vida de uma forma mais leve, sem tanta cobrança interna e externa, reconhecendo suas qualidades, sem adoecer gravemente.  Descobrindo que pode ser competente e humano ao mesmo tempo. A psicoterapia pode lhe proporcionar uma vida mais plena e sem tanto sofrimento.

Abraços fortes...


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vida e Morte



"Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. (Rubem Alves)


Hoje se vive, amanhã se morre. Algumas doenças simplesmente não mandam aviso, quando descobertas podem ser de difícil tratamento ou ainda, pode o tratamento não ter como objetivo a cura. Dia a dia vivencio e cuido de pessoas que estão doentes ou que ficam doentes de repente. Não é raro ouvir que a pessoa que se descobriu doente, nunca teve nada, nunca precisou se cuidar, nunca nem internou na vida.

Passou o tempo em que se ouvia que doente de verdade, daqueles que adoecem gravemente são os que não vão ao médico, os que não se cuidam. Ou aqueles que já são idosos, aqueles que já tem sim uma coleção de doenças e tomam uma lista quase infinita de medicações.

Na realidade, adoece quem vai ao médico e quem não vai, adoece quem se cuida e principalmente quem não se cuida emocionalmente. Mas claro que nem sempre é por descuido que a doença chega e desestabiliza a todos, pessoa doente e seus familiares, às vezes até o médico cuidadoso e compromissado, que sempre acompanhou seu paciente, é pego de surpresa e sofre pelo inevitável.

As perguntas diante de situações assim, que envolve vida e morte são muitas. Poucas serão respondidas, mas ainda assim o significado para tanto sofrimento é sempre questionado por todos os envolvidos. Hoje, cheguei ao hospital onde trabalho para ir a uma reunião de equipe e conheci uma mãezinha que ainda perdida entre a dura realidade da descoberta de um câncer em sua filha de 6 aninhos, mantinha a esperança de que tudo ficaria bem.

Suas palavras diziam que ela estava agora sendo cuidada pelos médicos, mas seus olhos e o tremor de suas mãos, seu rosto ruborizado e as lágrimas contidas nos olhos, diziam do medo e da dor de uma possível perda ou separação.
A vida é sentida pelo instante do aqui-e-agora, nenhuma certeza podemos ter sobre o tempo de vida de alguém que está doente e sem possibilidade de cura. Da mesma forma, nenhuma certeza podemos ter sobre quanto tempo ainda teremos para realizar tudo que adiamos, tudo que nos é importante, tudo que ensaiamos e que pouco colocamos em prática.

Viva e se deixe viver, realize e esteja mais perto do que lhe faz sentido, permita que sua vida aconteça. Desate as amarras que te impedem de viver a vida neste instante. Cada dia é único em nossas vidas, este dia de hoje, amanhã já terá passado. Nenhum dia é igual ao outro, assim como você que está tão longe de ser quem você realmente necessita e deseja ser, pode mudar o que lhe causa tanto mal para dar início a uma vida plena... com sentidos que lhe permitem ser e existir como quem vive o melhor e o mais belo momento de sua vida!! Esse momento é hoje... amanhã? Já não sabemos mais...

Vida e morte ensinam ao ser humano como é importante dar valor ao que realmente importa e como é necessário se desfazer do que não agrega, do que não deveria ter tanto valor.

Beijo no coração e muita esperança para todos...




quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Um dia sem dor


Atendo diariamente pessoas que por inúmeras razões, desejam o fim de suas dores físicas e emocionais. Ouvi de uma paciente que está gravemente enferma e já é idosa, que na época da sua mocidade, não sentia nada, nunca ficava doente.Ouvi de outra paciente, que ela nunca se preocupou em cuidar de si mesma porque nunca precisou.

Esta semana muitos de meus pacientes entraram em contato com experiências de dor emocional, daquelas que não passam rapidamente, mesmo com medicação e cuidado, daquelas dores que marcam a alma para sempre.

As dores podem paralizar a vida de uma pessoa temporariamente ou por muitos e muitos anos. Há dores que tiram a força física e emocional, que fazem com que nada mais tenha sentido, que provocam medo, angústia, insegurança, tristeza e depressão.

Há dores que ocupam o espaço de tudo em sua vida, que não lhe permite mais trabalhar, estudar, ter convívio social, estar junto e cuidar de sua família, de ter alegrias e cuidar de você mesmo. Que não lhe permite viver, até que você procure ajuda para cuidar ou curar essa dor.

Seja por uma dor física ou emocional, o medo de sofrer novamente, pode te impedir de viver experiências semelhantes as anteriores, que lhe causaram tanta dor. Um dia sem dor... Só quem vive e sente as dores que adoecem corpo e mente, sabe como pode ser precioso um dia sem dor.

Valorize o que se tem de melhor na vida. Cuide da sua mente e de seu corpo. Cuide de seus pensamentos e sentimentos. Não adie o cuidado com suas dores. Não adie o tempo de que necessita para se dedicar a você mesmo.

Algumas perdas são inevitáveis e/ou irreparáveis. Cuide de você para que essas perdas não consumam seus dias e noites, para que não levem de você, tudo mais que também lhe é bastante precioso.


Abraços fortes...


Agradeço a todos pelos acessos que ultrapassaram 14.000 desde o início do Construindo. Mesmo já  não escrevendo com tanta frequência como gostaria, me sinto feliz porque junto com vocês, dia a dia este espaço cresce e adquire mais e mais sentidos. Obrigada!!


segunda-feira, 8 de agosto de 2011






Venha, meu coração esta com pressa

Quando a esperança está dispersa

Só a verdade me liberta

Chega de maldade e ilusão

Venha, o amor tem sempre a porta aberta

E vem chegando a primavera

Nosso futuro recomeça:

Venha que o que vem é perfeição...


(Renato Russo)