Após anos e anos me dedicando ao cuidado de pessoas que durante o processo terapêutico falam de amor, encontro cada vez mais indivíduos que acreditam no fator sorte, destino ou falta de merecimento, para o fato de ainda não terem encontrado o seu par perfeito. Ouço suas expectativas quanto ao parceiro (a) ideal, sobre suas frustrações e desilusões vivenciadas na tentativa de encontrar a pessoa certa. E observo que amar um outro alguém está cada vez mais difícil porque cada vez menos se busca conhecer o que a outra pessoa tem de melhor ou de pior. Cada vez mais as pessoas projetam no outro suas expectativas e se frustram. Pacote perfeito no amor... não existe! Assim como, amor ideal e amor real podem ser parecidos, nunca serão a mesma coisa. No geral, as pessoas dizem que não acreditam em perfeição, mas no fundo estão buscando o que acreditam ser o amor para a vida inteira. E será que existe alguma garantia em se viver felizes para sempre? Já dizia o poeta Vinícius de Moraes, em seu soneto de fidelidade: " mas que seja infinito enquanto dure esse amor". Para amar verdadeiramente alguém, temos que primeiro conhecê-lo e para isso, temos que nos permitir dar tempo e oportunidade para que o amor aconteça. Hoje em dia, a urgência com que tudo tem que ser vivido ou resolvido, está sendo transferida para o ato de amar um outro alguém ou de ser amado. O indivíduo está ansioso por uma definição ou uma resposta: estamos namorando? Ou, você me ama?Observo que a experiência de conhecer o seu parceiro (a) precisa acontecer rapidamente e igualmente a definição de que tipo de relação teremos, amor ou amizade? Também precisa ficar definido quase que instantaneamente! Já ouvi em consultório: amor verdadeiro acontece quando é a primeira vista! Será mesmo que à primeira vez é possível conhecer alguém? Será que o tempo para que ambos se conheçam deixou de ser importante ou realmente nunca foi? O resultado disso são pessoas cada vez mais entristecidas, acreditando que não são merecedoras dessa felicidade e ainda, pessoas que se apaixonam por um indivíduo criando um ser através de suas projeções. Ou seja, me apaixono por quem eu desejo que o outro seja, para que seja meu par perfeito ou alma gêmea. Será que esse tipo de pensamento é muito ingênuo ou imaturo? Será que é mais prevalente nas mulheres do que nos homens? Observo que hoje em dia, cada vez mais, guiado pelos ideais de felicidade, o amor para mulheres e homens está cada vez mais distante de completar ou de se realizar. O que tem influenciado neste modo de entender e viver o amor? Talvez seja de que bem sucedido ou não, para que ele aconteça temos que pelo menos nos dar a chance de conhecer mais sobre a pessoa que acabamos de reconhecer como potenciais amores em nossas vidas. É isso mesmo, potenciais porque só a experiência nos dirá se isso é verdade ou não. Mas já aviso aos que estão com a autoestima rebaixada ou pouca fé em relação a si mesmo. Para amar outra pessoa e ser amado, precisamos nos reconhecer como seres também merecedores do nosso amor e dedicação.
Abraços fortes e uma ótima semana para todos!