quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Agradecendo as 3.000 visitas


Boa noite a todos, hoje gostaria de agradecer pelas visitas ao blog, que já ultrapassam 3.000. Me sinto lisonjeada e feliz porque a cada dia percebo que o interesse dos visitantes cresce e ainda, que novos visitantes aparecem. Lembro quando comecei a escrever, por incentivo de uma pessoa querida, que sempre acreditou no meu trabalho, dizendo que eu deveria publicar. Bom, foi assim que tudo começou, foi assim que nasceu o "Construindo sentidos". Este que já foi um dia o "Blog do eu sozinha", quando só eu entrava e depois, alguns poucos familiares e amigos apareciam por aqui. Então eu sempre ficava muito feliz de saber que 3 ou 4 pessoas tinham visitado, até a hora em que eu conseguia olhar (risos). Hoje foi o dia de maior acesso, tivemos 90 visitantes! Não esperava por isso, preciso dizer que para mim é muito gratificante este retorno. Agradeço a todos de coração! Deixo meu contato para quem se interessar. Sei que às vezes escrever um comentário ou se colocar como seguidor, pode deixar as pessoas inibidas, então se quiserem falar comigo por e-mail.

Abraços fortes...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Timidez e Ansiedade Social


Em casos de ansiedade social de leve a moderada e timidez, é comum observarmos comportamentos de afastamento e vulnerabilidade. Isso porque o indivíduo teme o contato social, sentindo que poderá ser menosprezado ou rejeitado pela sociedade.

Os estudos apontam como características do sujeito tímido:
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- o retraimento social e evitação;
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- dificuldade para adaptar-se a novos ambientes ou mudanças;
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- tom de voz sempre baixo, insegurança;
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- choro, comportamento agressivo ou passividade;

- dependência emocional nas relações familiares;

- rede social bastante escassa;

- medo constante de se tornar o centro das atenções;

- necessidade de observar alguém, antes de participar de algo;

- olhar para baixo enquanto caminha ou fala;

- rubor facial;

- dificuldades para dizer o que sente ou pensa, por receio de ser rejeitado ou desvalorizado;

- medo de errar ou fracassar na situação de interagir com outras pessoas;

- excessiva preocupação com a opinião das pessoas a seu respeito;

- auto-estima rebaixada;

- pensamentos e sentimentos negativos a respeito de si mesmo;

Em crianças e adolescentes verificamos a dificuldade em participar de atividades escolares; de ler ou falar na frente de outras pessoas; medo de interagir com outras crianças e adolescentes; de pedir ajuda ou explicação durante as aulas e ainda, evitam trocar de roupa na frente de outras pessoas. Adolescentes tímidos demonstram maior dificuldade para participarem de grupos e para se relacionarem amorosamente.

Nos adultos a timidez compromete o bom desempenho no ambiente de trabalho; dificulta que o sujeito receba ou aceite propostas de promoções; causa prejuízo nas relações sociais, de amizades, nos estudos e nas relações amorosas.

Insegurança, baixa auto-estima e timidez podem causar danos permanentes na vida de qualquer pessoa. O medo é constante e paralisa o sujeito frente a vida e em suas relações. Os medos impedem que o sujeito viva, tenha sucesso e seja feliz.

Para o tímido é mais fácil ficar sozinho, porém é extremamente dolorosa a solidão e a sensação de impotência diante de tantos medos. O isolamento social somado ao sofrimento emocional podem desencadear quadros graves de depressão, transtornos ansiosos e compulsivos, obesidade e transtornos alimentares, entre outros.

Sinais ou sintomas como tristeza e desânimo freqüente, irritabilidade, fadiga, prejuízo na qualidade do sono e apetite, sentimento de inutilidade e menos valia, culpa, pensamentos negativos, de morte e de suicídio; devem ser avaliados e tratados com ajuda do profissional da psicologia.

Na depressão infantil e na adolescência, existem algumas manifestações peculiares que precisam ser avaliadas caso a caso, para uma melhor definição e conduta.

É preciso que pais ou responsáveis estejam atentos aos comportamentos e alterações significativas na forma como seus filhos se relacionam com as pessoas e consigo mesmo. O educador tem também papel fundamental na identificação e encaminhamento para avaliação psicológica.

Aos adultos, saibam que existe tratamento para timidez em todas as fases da vida e que apesar de ser difícil buscar ajuda, o psicólogo lhe proporcionará o cuidado e entendimento necessário para a resolução de seus conflitos e sofrimento. Não deixe mais que a timidez e ansiedade social lhe impeça de viver. São inúmeras as causas, cabe ao profissional identificá-las e ajudá-lo a conduzir melhor sua vida , para que seja feliz!

Abraços fortes...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Vale a pena compartilhar


"Contrariando os fatos que a vida insiste em esfregar na minha cara, fico aqui, acreditando que um dia sentirei bater em meu rosto a gota de chuva tão esperada. Pois se eu não acreditar que ela virá, se eu não tiver fé e enxergar além de toda terra seca que vejo a minha volta, não haverá sentido nem força para me manter em pé" por Cynthia Gonçalves (Blog "Hoje sou assim" - http://hojesouassimepronto.blogspot.com/ )


Começo o texto de hoje, citando uma postagem de um dos Blogs que eu sigo, escrito por uma amiga querida, que sempre que pode nos convida a pensar e aprender com suas reflexões. Ao contrário do que ela diz, encontro diariamente muitas pessoas que desistem de seus sonhos e não os realizam por insegurança e falta de confiança em si mesmo. A citação não desconsidera as dificuldades que todos nós enfrentamos, basta estar vivo para experimentar a beleza e também a dor de viver. No entanto, gosto muito quando ela diz que é necessário persistir, seguir acreditando porque as dificuldades não cessam, elas se modificam ou perduram, e podem ser resolvidas.

Segundo Cynthia nos fala, para se vencer os obstáculos é necessário amor próprio, fé em si mesmo, força para manter-se de pé. A pessoa que por diversas razões sente-se vencida e paralizada diante da vida, e das dificuldades que ela nos desafia a aceitar ou enfrentar, como o texto diz, não enxerga adiante, não acredita no futuro e corre verdadeiro risco de adoecer ou de morrer em vida.

Gostei muito da postagem e por isso, compartilho com vocês. Através destas palavras, eu lhes convido a refletir : "Pois se eu não acreditar que ela virá, se eu não tiver fé e enxergar além de toda terra seca que vejo a minha volta, não haverá sentido nem força para me manter em pé".


Abraços fortes e felicidades, que as pendências sejam resolvidas e que a fé em si mesmo seja companheira, neste novo ano de suas vidas...

sábado, 25 de dezembro de 2010

Gratidão


Penso que algumas coisas na vida são impossíveis de mensurar. O valor da gratidão é uma delas! Seja para quem recebe ou para quem realiza algo em favor de alguém... a retribuição através da gratidão, sem dúvida nenhuma não tem preço que pague.

Sou privilegiada porque sei o que é receber gratidão de pessoas que entram em minha vida, por meio do meu trabalho e pelo amor com que desenvolvo minha profissão. Falo isso em agradecimento e não para exaltar minhas ações. Falo porque sou verdadeiramente grata, com essas pessoas aprendo cada vez mais a também ser grata pela vida, pela família que Deus me deu, pelas pessoas amigas que se somam em minha vida, pelo trabalho que tenho o privilégio de desenvolver, pelo afeto... amor... e gratidão que recebo e consigo devolver.

Neste ano de 2010, vivi grandes experiências e encontros, com pessoas que estão gravadas em meu coração para sempre. Delas eu recebi GRANDES presentes em retribuição. Vou tentar citar alguns, para que vocês entendam o quanto sou grata por tudo que recebo. Ganhei abraços fortes e sorrisos; ganhei orações e pedidos para que eu tenha saúde, paz, amor e continue cuidando de meus pacientes; recebi votos e agradecimentos também para meus familiares; recebi um card do Justin Bieber de uma paciente de 11 anos; ganhei da filha de um paciente, um cartão com palavras e afeto que muito me emocionou; ganhei um convite para passar o natal na casa de uma paciente que se preocupou pensando que eu passaria o natal sozinha porque minha família não é de S.P e nem eu; ganhei um bolo de aniversário que foi levado de ônibus ao ambulatório; toalhinha bordada com meu nome; recebi sms com mensagens lindas de natal e e-mail de pessoas muito especiais; ganhei muuuuitos outros presentes materiais comprados com muito amor e carinho, tudo isso em retribuição ao que eles acreditam receber de mim. Quero dizer que de vocês, recebi muito mais do que pude dar, recebi não só nestas duas últimas semanas, mas durante todo o ano de 2010.

Recebi também dos visitantes e seguidores do blog, o incentivo para continuar escrevendo e construindo este espaço. Recebi da família de sangue, da família do coração e dos amigos queridos... a força, o incentivo, o cuidado, a confiança, o abraço, a oração... o amor que me mobiliza a continuar construindo o caminho e a vida que Deus me deu.

A todos vocês sou e serei sempre grata. Obrigada por TUDO, através de vocês busco ser uma pessoa melhor, mais digna do afeto que recebo de todos vocês.

Beijo no coração...

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Recomeço


Todo recomeço envolve desprendimento, para deixar no passado aquilo que de alguma forma, já não serve mais.

Pode ser algo que um dia fez muito bem e depois passou a fazer muito mal. Recomeçar e deixar que a vida siga seu curso, recomeçar e se permitir olhar a vida mais adiante do que se via ontem.

Acreditar que daqui pra frente, as coisas vão ser diferentes. Tem até música dizendo isso!

Duro mesmo é fazer do passado que ainda machuca, uma experiência que nunca mais será sentida. A experiência aliada a reflexão, leva ao aprendizado. Será que o que já aconteceu, só permanece se permitimos ou desejamos?

Muitas vezes permanece porque é difícil se desprender. Desprendimento faz parte do aprendizado da vida e de todas as perdas sofridas. Tão difícil é perder ou se desprender! Mas quando acontece, é o que torna possível recomeçar.
Abraços Fortes...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Feliz Natal e um Próspero Ano Novo


Falta pouco para o término do ano, se observarmos a nossa volta, veremos pessoas com diferentes comportamentos e vivências em relação as festas de fim de ano.

Pessoas agitadas que correm contra o tempo para finalizar os últimos preparativos para o Natal e passagem de ano.

Mães e Pais que já se organizam com as matrículas de seus filhos para o novo ano escolar.

Alguns se formando em colégios e universidades, marcando um momento de transição em suas vidas.

Pessoas que aproveitam o final de ano para selar a união com o matrimônio ou para finalmente decidir por morar junto.

Crianças perto de nascer, suas mães e pais, na expectativa de que corra tudo bem durante o parto. E qual será a primeira criança a nascer na virada do ano?

Pessoas que se sentem infelizes por diversas razões, desejam um próximo ano sem tanta dor ou sofrimento.

O casal que aproveita para viajar neste período de festas, já que durante o ano não conseguiram ficar juntos porque o trabalho ocupou muito o tempo dos dois.

Pessoas nascendo, outras morrendo. Saudades que pairam no ar, de uma época que foi vivida neste ou em anos anteriores.

Época de comprar as "lembrancinhas" para dizer que esta ou aquela pessoa é importante.

Natal e Ano Novo... Festas que mobilizam pessoas do mundo inteiro! Seja o mais bem provido de dinheiro, até aquele que vive através da caridade do outro e sobrevive no dia a dia de tantas privações.

Por isso, pense nos gestos que podem mudar a vida de alguém. No poder de "grandes" e "pequenos" gestos. Acredito que a grandiosidade de nossos atos, pode ser percebida de forma concreta e aos olhos de qualquer um quando mudam vidas e pessoas. Mas existe também a grandiosidade em "pequenos" atos direcionados a uma ou poucas pessoas, que se manifesta ou é percebida pelo coração de quem recebe ajuda ou gesto de cuidado.

Se você pode ajudar ou sente o desejo de fazer bem a alguém que necessite de ajuda, não subestime seu ato, acreditando que não é o suficiente pois não vai mudar o mundo ou a vida de muitas pessoas. Para quem recebe, até mesmo um belo sorriso no dia em que não se sente bem, pode ser o suficiente para que o sorriso brote de volta, no coração de quem o recebeu.

Feliz Natal e um Próspero Ano Novo, que o próximo ano seja de muitas conquistas, com muita saúde emocional e física, paz, amor, felicidades, equilíbrio e auto-conhecimento para TODOS vocês! Neste final de ano, não estarei junto de meus pais e irmãos, pois vou trabalhar. Porém nossos corações estão sempre unidos, pela força do amor estaremos juntos... sempre!


Abraços fortes...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Recomendo a todos - Livro: Valiosa Vida (Felipe Quartero)


Este livro é o resultado de muita luta, dedicação, reflexão, cuidado e crescimento pessoal de um ser humano muito especial, uma pessoa admirável, que chegou em minha vida e com certeza, fez toda diferença. Aprendi muito com o Felipe e tenho certeza que este livro está repleto de ensinamentos... de muito amor! Recomendo a todos vocês que visitam o Blog. Deixo abaixo, nas palavras do próprio Felipe, o que significa o lançamento de seu livro.


Abraços fortes...


E-mail que recebi de Felipe, estou divulgando seu livro, com sua autorização:

"Olá pessoal, tudo bem?
Eu acabo de publicar um livro chamado VALIOSA VIDA, um livro autobiográfico, no qual relato muitas de minhas experiências vividas até hoje. É um livro de aventuras, romance, superação, drama, comédia... enfim, de tudo que faz parte da vida de todos nós. Um livro de leitura fácil e gostosa, para se divertir e refletir sobre o valor de nossa mais preciosa jóia: A VIDA! Uma ótima opção também para presentear.

Para adquirir seu exemplar entre em contato por este e-mail (felipe.quartero@gmail.com).

Uma VALIOSA VIDA à todos!


Beijos & Abraços,
Felipe
NAMASTÊ"


--
site: valiosavida.webng.com
blog: compartilhavida.wordpress.com
twitter: twitter.com/felipequartero

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Vida e Morte - quando o amor permanece


Atendo pacientes oncológicos e em cuidados paliativos há pelo menos 5 anos. Não sei dizer quantos já atendi, mas consigo pensar em muitos que venceram o câncer e sobreviveram às mazelas que a doença provoca. Penso também naqueles que ao se descobrirem doentes, já estavam em estágios avançados e mesmo assim, lutaram para conseguir um tempo maior de sobrevida, vivendo mais do se imaginava.

Viveram... vivem, realizaram... realizam. A sede de viver, o sentido da vida para muitos é descoberto em momentos de crise, como quando se adoece. Neste meu percurso, atendendo esses meus queridos pacientes, aprendi muito com todos eles, sobre a vida e sobre a importância de celebrarmos tudo que nos fortalece. Celebrarmos o que pouco valorizamos quando nossas vidas não estão ameaçadas por uma doença.

Dos que faleceram, de alguns pude me despedir... e de todos sinto imensa saudade, daquela que se guarda no coração e quando se permite sentir, traz também as lembranças boas e o aprendizado.

Recebi muito mais do que pude contribuir. Grandes realizações são aquelas que quando realizamos nos deixam felizes, mesmo quando tudo está tão difícil, quando parece impossível sorrir. Isso e muito mais, eu aprendi e aprendo todos os dias. Viver com esperança e otimismo, acreditar em algo que nos mobiliza e fortalece, não faz sumir a dor e o sofrimento, mas nos ajuda a enfrentá-lo.

Com alguns familiares, aprendi o sentido do amor incondicional. Amor que é respeitoso, que não se torna invasivo ou controlador, aquele que aceita as individualidades e escolhas do outro.

Esta semana me emocionei com os pais de um paciente jovem, que faleceu no período em que eu estava de férias. Este paciente deixa saudades em todos os que o assistiram, era uma pessoa especial, que também sabia amar incondicionalmente seus pais e sua jovem esposa. Cuidou de todos tanto quanto foi sempre cuidado. O prognóstico ruim, anunciava que o tempo de vida era curto, mas a fé e a esperança aliados ao amor, fizeram com que vivesse bem mais do que se esperava.

Esses pais aprenderam muito com seu filho. Dessa forma, acredito que o amor incondicional continua os unindo... para sempre!

Abraços fortes...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Psicoterapia infantil


Atendo crianças com as mais variadas demandas, criança que sofre emocionalmente devido a um adoecimento físico; criança que sofrem pela morte dos pais ou de outra figura de apego importante; criança com dificuldades escolares e de aprendizagem; criança ansiosa e compulsiva; criança impulsiva e sem limites; criança obesa e com transtornos alimentares; criança que não aceita a chegada do irmãozinho; criança com sintoma somático; criança tímida e insegura; criança que não aceita a separação dos pais; criança com depressão e ansiedade... crianças...

Todas chegam ao consultório por intermédio dos pais ou responsável, pelo encaminhamento de um médico ou pela indicação da professora. Nenhuma delas, diferente do adulto, pode buscar ajuda psicológica por meios próprios, nenhuma delas conseguiria iniciar um tratamento, se não tivesse seu responsável para trazê-lo.

Por isso, estejam atentos as suas crianças! Muitas sofrem em silêncio, sem que consigam controlar, começam a apresentar sinais e às vezes sintomas, de que precisam de ajuda profissional, para se expressarem melhor, para falar a respeito do sofrimento vivido, para construir dentro de si, os recursos internos necessários para o enfrentamento das dificuldades durante sua vida.

Caso tenha dúvidas se o seu filho necessita de ajuda psicológica, busque você uma orientação do profissional. Desconstrua seus preconceitos quanto a psicoterapia. Quantas crianças sofrem ou adoecem emocionalmente e fisicamente, porque seus responsáveis resistem em procurar ajuda de um psicólogo, dizendo que seus filhos não estão loucos. Essa definição errônea do papel do psicólogo, acaba por adiar o cuidado de feridas que não cicatrizam. Hoje crianças, amanhã adultos.. e os problemas não resolvidos quando não afetam o presente, trazem consequências maiores no futuro. Pensem nisso!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Autismo


"Toda porta nos leva para um novo mundo". Acabo de assistir um filme que me emocionou muito. É uma história real, o filme nos conta a história de Temple Grandin, uma jovem autista que enfrentou grandes desafios e muitas dificuldades, sem deixar de ir em busca do que ela acreditava. Esta frase em negrito que inicia o post, é dita por ela diversas vezes durante o filme. É apaixonante sua história, nos faz refletir sobre o quanto as pessoas, necessitam aprender a aceitar e lidar com as diferenças que existem entre todos nós seres humanos. Seja por qual for a razão, ninguém é igual a ninguém e na vida de Temple, as diferenças e a não aceitação das pessoas nunca lhe impediram de vencer, porque como sua mãe lhe ensinou: "eu era diferente, mas não menos".

Este ser humano chamado Temple Grandin é sem dúvida um ser muito especial, que diz não entender muitas coisas, mas ainda quer que a sua vida tenha significado. E isso ela conseguiu, pois ela acredita que atrás de cada porta que se abre, por mais difícil que seja ultrapassá-la... lá sempre existe um novo mundo. Filme maravilhoso, recomendo que todos assistam!


Orientações sobre autismo, segundo a wikipédia:
O autismo é um transtorno definido por alterações presentes antes dos três anos de idade e que se caracteriza por alterações qualitativas na comunicação, na interação social e no uso da imaginação.
Segundo a ASA (Autism Society of American), indivíduos com autismo usualmente exibem pelo menos metade das características listadas a seguir:

1.Dificuldade de relacionamento com outras pessoas
2.Riso inapropriado
3.Pouco ou nenhum contato visual
4.Aparente insensibilidade à dor
5.Preferência pela solidão; modos arredios
6.Rotação de objetos
7.Inapropriada fixação em objetos
8.Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade
9.Ausência de resposta aos métodos normais de ensino
10.Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina
11.Não tem real medo do perigo (consciência de situações que envolvam perigo)
12.Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma determinada maneira os alisares)
13.Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal)
14.Recusa colo ou afagos
15.Age como se estivesse surdo
16.Dificuldade em expressar necessidades - usa gesticular e apontar no lugar de palavras
17.Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão aparente
18.Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos


Observação: É relevante salientar que nem todos os indivíduos com autismo apresentam todos estes sintomas, porém a maioria dos sintomas está presente nos primeiros anos de vida da criança. Estes variam de leve a grave e em intensidade de sintoma para sintoma. Adicionalmente, as alterações dos sintomas ocorrem em diferentes situações e são inapropriadas para sua idade. Vale salientar também que a ocorrência desses sintomas não é determinista no diagnóstico do autismo, para tal, se faz necessário acompanhamento com psicólogo ou psiquiatra.


Abraços fortes e não esqueçam... assistam o filme!


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Fim de ano chegando


Final de ano... junto as festas de natal e reveillon, tão esperadas durante o ano todo e celebradas com alegria por muitos. Porém, o ritual da passagem de mais um ano que termina, para muitas pessoas que vivem seus sofrimentos presentes e passados, principalmente os que permanecem adiados, sentem a proximidade do fim de ano, com muita dor e pesar.

Época de intensa reflexão, para se pensar a respeito dos planos e desejos do início do ano e em tudo aquilo que se realizou ou que novamente ficou adiado.

Época de entrar em contato com as feridas, com as ausências e faltas, com os lutos não elaborados, com o sofrimento que muitas vezes está sendo reprimido.

Por isso, é frequente receber pacientes no ambulatório e consultório particular, que neste momento externam mais do que desejos de passar o natal e ano novo em família. Essas pessoas sentem-se confrontadas e cobradas a fazer algo, para que o novo ano não seja semelhante ao que "quase" terminou.

Passar... essa palavra é muito usada, sem que muitas vezes se pense em significado. O ano passou e nem vi. Passou e nem senti. Passou e nem aproveitei.

Bom seria, se no próximo ano... os desejos não ficassem mais enjaulados, a realização se tornasse mais presente e a vida ou o ano, deixasse de passar e pudesse ser realmente vivido.

Para meus pacientes, para nós e para todos... desejo mais alegrias e menos sofrimento. Para o sofrimento que não se pode evitar, desejo que possa ser cuidado. Que no próximo fim de ano... se consiga refletir, sorrir e celebrar o ano que deve terminar e deixar saudades!!

Abraços fortes...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Esse + amor - Flávio Gikovate


"Essa relação eu tenho chamado de +amor. É diferente do amor dito romântico, que é imaturo e regressivo e não condiz com uma relação de boa qualidade. O +amor tem uma nova feição e significado. É parecido com a amizade. Requer a aproximação de duas pessoas inteiras e não de duas metades. Mas isso só é possível para aqueles que conseguem trabalhar sua individualidade. Conversar com uma pessoa e ter a sensação de que ela o entende é um aconchego extraordinário e bem mais sofisticado do que uma mera sensação física de aconchego"

(Flávio Gikovate)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Terapia de Casal


A terapia de casal tem como objetivo auxiliar na identificação e resolução de conflitos emocionais e outros, que estejam contribuindo para o sofrimento, afastamento e separação do casal.

São diversas as causas para o desgaste da relação entre o casal. Este deverá ser acompanhado ou assistido em suas particularidades, para que se consiga o término do sofrimento, muitas vezes externado em discussões com acusações e distanciamento entre as partes.

No início de toda relação, para que ocorra a conquista, existe investimento de afeto e cuidado entre o casal. Fatores externos como a rotina, o trabalho e a falta de tempo para estarem juntos, problemas financeiros, problemas familiares, entre outros; desencadeiam conflitos relacionais entre os indivíduos. As dificuldades ou conflitos pessoais, podem também interferir e prejudicar a relação do casal.

Para a construção de uma relação chamada casamento, precisa existir participação de ambos. Dessa maneira, ocorre o nascimento do NÓS. Não é assim quando se planeja o casamento? Nós vamos nos casar no dia tal, nossa festa será de tal forma, teremos ou não teremos filhos. E por aí vai... quando o casamento acontece na vida de duas pessoas, a vida passa a ser vivida junto e por isso, a importância do nascimento do NÓS já na fase de namoro. Nós desejamos, nós precisamos, nós faremos, nós sofremos, nós estamos felizes.

Quando somente um é o responsável pela construção da relação, esta se modifica e os papéis ficam distorcidos. Quantas mulheres se tornam mães de seus maridos? Quando homens se tornam pais de suas esposas? Quantos casais passam a se relacionar como amigos ou quase irmãos?

Tudo na vida para que dê certo, precisa de investimento ou cuidado. Quando deixamos de cuidar, até da menor das plantinhas... ela adoece e morre. Assim também acontece com as relações humanas. Ambos os indivíduos precisam sentir-se responsáveis e necessários para que a relação ocorra. Ambos precisam sentir-se cuidados! Ter voz e valor nesta contrução! Ambos precisam estar felizes para que a relação de casal seja saudável e produza bons frutos.

Relação saudável é aquela que respeita as diferenças, as individualidades dos envolvidos (o EU também precisa existir, nem sempre será NÓS), que compreende a importância dos DOIS sujeitos na relação, para que ela exista e permaneça. Caso necessite de ajuda, procurem um psicólogo e sejam felizes!


"Toda a verdadeira vida é encontro."
(Martin Buber)


Abraços fortes...

domingo, 28 de novembro de 2010

"Se um cachorro fosse professor" - Ramiro Rios


Recebi este texto via e-mail da minha mãe e gostei muito! Não é sobre psicologia, como outros já publicados por mim no blog. Porém, vejo como um convite a auto-reflexão e ainda, uma homenagem aos que sabem verdadeiramente cuidar e amar incondicionalmente. Temos sempre muito que aprender com nossos bichinhos. Beijos!!

Se um cachorro fosse professor, você aprenderia coisas assim:

Quando alguém que você ama chega em casa, corra ao seu encontro.

Nunca perca uma oportunidade de ir passear.

Permita-se experimentar o ar fresco do vento no seu rosto.

Mostre aos outros que estão invadindo o seu território.

Tire uma sonequinha no meio do dia e espreguice antes de levantar.

Corra, pule e brinque todos os dias.

Tente se dar bem com o próximo e deixe as pessoas te tocarem.

Não morda quando um simples rosnado resolve a situação.

Em dias quentes, pare e role na grama, beba bastante líquidos e deite debaixo da sombra de uma árvore.

Quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo.

Não importa quantas vezes o outro te magoa, não se sinta culpado...volte e faça as pazes novamente.

Aproveite o prazer de uma longa caminhada.

Alimente-se com gosto e entusiasmo.

Coma só o suficiente.

Seja leal.

Nunca pretenda ser o que você não é.

E o MAIS importante de tudo....

Quando alguém estiver nervoso ou triste,
fique em silêncio, fique por perto e mostre que você está ali para confortar.

A amizade verdadeira não aceita imitações!!!

E NÓS PRECISAMOS APRENDER ISTO COM UM ANIMAL QUE DIZEM SER IRRACIONAL!!!!


terça-feira, 23 de novembro de 2010

Obrigada a todos!


Obrigada a todos os visitantes e seguidores do blog. Ultrapassamos 2.000 visitas!

Abraços fortes... com carinho, Stella.

Férias desejadas e necessárias!


Peço licença aos leitores do blog, para escrever hoje sobre uma experiência pessoal. Nesta última semana em que me ausentei do blog, estava cuidando um pouco mais de mim... estava usufruindo de momentos de descanso e lazer porque enfim chegaram meus 15 dias de férias.

Semestralmente é assim, fico 2 semanas de férias do ambulatório, hospital e também consultório particular. Me organizo para não deixar nenhum paciente sem a assistência que necessita e também os preparo para minhas férias. Digo a todos que vou ficar um tempinho longe, para cuidar um pouco mais de mim, para voltar e cuidar melhor de todos eles.

É bastante reconfortante o carinho e reconhecimento de todos, quando entendem que a psicóloga deles também precisa se cuidar. Vejo o jeitinho carinhoso de alguns, dizendo que vão sentir saudades. Eu também sempre sinto! Isso porque amo tanto o que faço e tudo que faço envolve afeto e vínculo.

Por isso, o texto de retorno ao blog... vem para dizer que ainda tenho essa semana de férias e estou com saudades! Mas é claro que estou aproveitando bastante... é uma delícia, dormir e não se preocupar com o despertador nos acordando cedo no dia seguinte. Sem dúvida, estou recarregando minhas energias e logo logo... de volta ao trabalho, descansada... mais feliz e pronta para continuar, e para realizar novos projetos que já já devem sair do papel.

Pra vocês... uma fotinho do que andei avistando por aí....

Beijo grande...


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Reflexão do fim do dia

É na vivência das dificuldades que as espécies e os indivíduos evoluem, se modificam e sobrevivem!
Beijos!!

Aviso

Aviso aos seguidores e visitantes do Blog, que durante a próxima semana, estarei afastada do Construindo Sentidos. Vou sentir saudades de passar por aqui e compartilhar com vocês, um pouquinho... das reflexões, do que aprendo em minhas leituras ou através dos e-mails que recebo de pessoas que também gostam de compartilhar, da prática profissional e dos significados diversos que encontro no meu dia a dia.

Quem quiser, pode dar uma olhadinha em postagens mais antigas.

Logo estarei de volta...

Beijos!!

Tristeza - Rubem Alves


Você, que diz que, se pudesse, trocaria seu nome por melancolia, você me pergunta sobre as razões da tristeza. Me pergunta mais: sobre as razões por que há pessoas que se emocionam com coisas pequenas - as outras nem ligam e até riem da sua sensibilidade -, o que lhe dá uma tristeza ainda maior, a tristeza da solidão.

Olhe, há tristezas de dois tipos. Primeiro, são as tristezas diurnas, quando o mundo está iluminado pelo sol. Tristezas para as quais há razões. Fico triste porque o meu cãozinho morreu, porque meu filho está doente, porque crianças esfarrapadas e magras me pedem uma moedinha no semáforo, porque o amor se desfez. Para essas tristezas há razões. Quem não sente essas tristezas está doente e precisaria de terapia para aprender a ficar triste. Tristeza é parte da vida. Ela é reação natural da alma diante da perda de algo que se ama. O mundo está luminoso e claro - mas há algo, uma perda, que faz tudo ficar triste.

Segundo, são as tristezas de crepúsculo. O crepúsculo é triste, naturalmente. Não, não há perda nenhuma. Tudo está certo. Não há razões para ficar triste. A despeito disso, no crepúsculo a gente fica. Talvez porque o crepúsculo seja uma metáfora do que é a vida: a beleza efêmera das cores que vão mergulhando no escuro da noite.

A alma é um cenário. Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca, inundada de alegria. Por vezes, ela é como um pôr de sol, triste e nostálgico. A vida é assim. Mas, se é manhã brilhante o tempo todo, alguma coisa está errada. Tristeza é preciso. A tristeza torna as pessoas mais ternas. Se é crepúsculo o tempo todo, alguma coisa não está bem. Alegria é preciso. Alegria é a chama que dá vontade de viver.

Eu acho que essa tristeza crepuscular é mais que uma perturbação psicológica. Acho que ela tem a ver com a sensibilidade perante a dimensão trágica da vida. A vida é trágica porque tudo o que a gente ama vai mergulhando no rio do tempo.

"Tudo flui, nada permanece". * A vida é feita de perdas. Fiquei comovido, dias atrás, vendo fotos dos meus filhos quando eles eram meninos. Aquele tempo passou. Aquela alegria mergulhou no rio do tempo. Não volta mais. Há assim, um trágico que não está ligado a eventos trágicos. Está ligado à realidade da própria vida. Tudo o que amamos, tudo que é belo, passa.

Mas é precisamente desse sentimento que surge uma coisa maravilhosa, motivo de riqueza espiritual: a arte. Os artistas são feiticeiros que tentam paralisar o crepúsculo. Eternizar o efêmero. Todas as vezes que ouço aquela música ou leio aquele poema, o passado ressuscita. A beleza da arte nasce da tristeza. Se não houvesse tristeza, não haveria arte. Diz o Jobim: "Assim como o poeta só é grande se sofrer...". Certo. Sem tristeza não haveria Cecília, Adélia, Pessoa, Chico, Beethoven, Chopin. A obra de arte ou é para exprimir ou para curar o sofrimento.

Mas há limite. É preciso que a tristeza seja temperada com alegria. Tristeza, só, é muito perigoso. As pessoas começam a desejar morrer. Essa é a razão por que os deprimidos querem dormir o tempo todo. O dormir é uma morte reversível.

Quando a gente está com dor de cabeça, toma aspirina sem vergonha alguma. Quando a gente está com dor de alma, tristeza, algum remédio é preciso - para não querer morrer, para voltar a ter alegria.

Uma ajuda para a tristeza é conversar. Para isso é preciso ter alguém que escute, que entenda a tristeza. Muitas pessoas procuram terapia para isso: não porque sejam doentes mentais, mas porque precisam compartilhar sua tristeza com alguém que conheça a luz crepuscular.


Rubem Alves


*(Citação de Heráclito de Éfeso)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Crenças positivas e crenças negativas


Todos nós, seres humanos, aprendemos desde o nascimento, informações sobre o mundo que nos cerca, sobre as relações que desenvolvemos, sobre moral e costumes, sobre o que é certo e errado, e continuamos aprendendo ao longo da vida.

Aprendemos através das orientações e também pela ausência delas, que somos aprendizes e que nossas atitudes ou escolhas, podem ter consequências boas ou ruins, em nossas vidas e na vida de outras pessoas também.

Posso dizer que inúmeras vezes, já ouvi pessoas dizendo que adorariam voltar no tempo, para evitar a experiência dolorosa, após uma atitude impensada ou pelos erros do passado.

Nós seres humanos, apresentamos grande dificuldade quando diante dos erros ou sofrimento, não conseguimos buscar na experiência a oportunidade do aprendizado, para a mudança de atitudes, pensamentos e sentimentos.

Vive-se a espera de algo que indique o caminho para os acertos, para a felicidade plena. "É errando que se aprende." Esta frase é tão usual e infelizmente, ainda tão pouco incorporada na vida dos indivíduos.

Crenças negativas, podem tornar um gesto simples em algo impossível de se alcançar. Crenças positivas, não desconsideram às dificuldades, mas fortalecem o ser com a esperança de que precisa, para construir um novo começo, uma nova história. Dias melhores são possíveis quando a vida é construída através de conquistas e aprendizado.

Beijos e abraços...

sábado, 6 de novembro de 2010

Mães e Pais de UTI Neonatal


"O tempo pode ser medido com as batidas de um relógio ou pode ser medido com as batidas do coração” (Rubem Alves)


Trabalhar no cuidado de mães e pais de UTI Neonatal é vivenciar o nascimento ou construção da mais sublime forma de amor... o amor incondicional. Amar e estar ao lado de seus filhos ainda tão prematuros ou que durante a gestação já demonstravam que precisariam de cuidados especiais. Sabemos que nem sempre é assim, principalmente em casos de gravidez de risco, muitas crianças ao nascer enfrentam a necessidade de hospitalização na UTI e a realidade do risco de morte.

Mães e Pais de UTI necessitam ser cuidados tanto quanto seus bebês! O tempo de permanência de um recém-nascido na UTI Neonatal pode ser bastante longo e repleto de ambivalências. Ora se comemora uma resposta de melhora, ora se experiencia a dor e as incertezas de que seu filho se mantenha bem.

Pais e mães de UTI anseiam pela alta e a possibilidade de sair do hospital, levando seus filhos nos braços. O tempo de espera é cruel, provocando o desgaste físico e emocional desses indivíduos que sentem, choram, sofrem e buscam diariamente na fé e esperança, a força para continuarem lutando junto a seus filhos pela vida.... por amor!

Aos pais e mães de UTIs expresso minha profunda admiração e respeito. Com vocês aprendo que as relações de afeto e amor são baseadas no tempo do coração e talvez por isso, este tempo resiste e não se esgota.

Abraços fortes...


Para consulta:
http://www.institutoabrace.org.br/index.asp

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Morte emocional e morte física


Todos os dias encontro pessoas, cada um com sua história de vida passada e presente, com seus desejos reprimidos e realizados, com suas vitórias e suas dores.

Todos os dias, recebo pessoas em busca de uma razão para viver, resistindo às dificuldades para continuarem sua luta diária. Seja por qual razão, o que mais desejam é encontrar um motivo para seguir adiante.

Não posso e não acredito que seja possível mensurar quais dessas pessoas sofreram ou perderam mais em suas vidas.

Todos os dias, aprendo que o não existir é doloroso demais para os que sofrem e se percebem mortos em vida ou extremamente insatisfeitos e infelizes; também, para os que vivem a dura realidade de uma enfermidade que os aproxima da morte do corpo.

Estar vivo e não sentir-se vivo. Estar enfermo e sentir-se morrendo, apesar dos anseios e sonhos não realizados. Quanta dor se observa nessas duas vivências!

Todos os dias escuto pessoas em grande sofrimento... todas elas anseiam viver. Até hoje os pacientes que atendi e que no momento de desespero ansiavam pela morte, expressavam o desejo de não sofrer mais e ansiavam por viver sem tanta dor.

Viver é o que todos desejam... se de alguma forma se está aprisionado pelas dificuldades ou pelo adoecimento, é necessário buscar ajuda profissional, porque a falta de cuidado com nossa saúde emocional e física, é a maior causa dos adoecimentos.. principalmente daqueles que acarretam em morte da alma ou emocional e morte do corpo.

Pensem nisso!
Abraços fortes...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O hábito de esperar que a felicidade caia do céu


Esta tirinha do Laerte, se refere a um dos hábitos e/ou comportamentos mais frequentes em muitos seres humanos. Diante do sofrimento e dificuldades, clamamos por ajuda... de Deus ou de alguém.

Receber cuidado e ajuda em situações desesperadoras, sem dúvida pode aliviar a dor. Porém constantemente, muito se pede ou se espera, e pouco se valoriza do que já foi conquistado ou do que já se tem.

Neste sentido, recebo cada vez mais em atendimento, sujeitos que em busca do inatingível, perdem e desvalorizam o que já possuem e muitas vezes o que recebem dos afetos e da vida. Oportunidades, amores, amizades ... quanto se perde nesta busca pelo impossível, pelo ilusório, pelo que esperamos alguém nos dar! Toda busca envolve investimento, quando não se investe... não se busca, apenas se espera.

Ouvi de um paciente hoje, "com o tempo e com a experiência que adquirimos na vida, aprendemos que perder é difícil demais. Vejo muita gente dizendo que não consegue nada, que nunca ganhou nada de graça. E por que isso é tão ruim? Eu já senti assim também. Eu vivi uma vida esperando, apenas esperando... ganhei muitas coisas, mas perdi muito mais. Não valorizei e nunca conquistei nada."

Exercite mais o hábito de pensar sobre suas atitudes e pensamentos ou desejos. Busque o que lhe deixa feliz e peça ajuda quando precisar e não seja apenas expectador ... viva e participe sendo responsável pelo que lhe acontece. E acima de tudo, pare e pense no que já conquistou e no que já lhe foi dado, antes que a vida passe e junto com tudo que é importante, seus afetos se percam.

Beijos!!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Nem tudo é fácil - Cecília Meireles


"É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada.
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...
Mas com certeza, nada é impossível.
Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos, mas também tornemos todos esses desejos, realidade!!!"

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Relações humanas


Não tenho pretensão alguma de discursar nesta postagem, sobre tudo que corresponde à complexidade que existe no relacionamento humano, no desenvolvimento de relações entre seres humanos únicos. Porém, considero importante problematizar ou trazer para discussão, alguns conflitos mais prevalentes quando atendo mulheres e homens casados, que em dado momento do relacionamento descobrem que não estão felizes com seus companheiros (as). Queixando-se de como são tratados e destratados, referem muitas vezes que nem adianta fazer tratamento psicológico, já que o outro não muda.

Pois é. O sujeito em terapia é quem está em acompanhamento psicológico, recebendo ajuda profissional para identificar seus conflitos e dificuldades, para cuidar e melhorar sua auto-percepção e cuidado. Enquanto seu parceiro (a) não. Quantos de vocês já não pensaram e disseram... eu tentei de tudo, mas ele (a) não muda!

A mudança pessoal ocorre a partir da pecepção de si mesmo. Como pensar que podemos mudar alguém? Nosso comportamento e resposta ao que nos dizem ou fazem, pode sim influenciar na forma como somos tratados, mas não somos donos ou responsáveis pela vida, pelas atitudes e escolhas do outro.

Dentro de toda relação, para que exista harmonia e felicidade, todos os participantes precisam existir. Todos precisam contribuir para a construção da relação e manutenção da mesma. Assim acontece nas relações entre familiares, amigos, amores... caso contrário, alguém se sobrecarrega sendo o único responsável e o afastamento é inevitável.

Pensem nisso... somos responsáveis por nós mesmos e o cuidado que desenvolvemos com nosso mundo interno e externo, permite que nos relacionemos melhor com os outros, desenvolvendo relacionamentos baseados no respeito às individualidades e a integralidade que se formou.

Beijos e abraços fortes...

domingo, 24 de outubro de 2010

Viva sua vida intensamente


"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."

(Charles Chaplin)

sábado, 23 de outubro de 2010

"Aprendendo a dizer NÃO" - Barbara K. Basset


Quando Angela tinha apenas dois ou três anos, seus pais a ensinaram a nunca dizer NÃO. Ela devia concordar com tudo o que eles falassem, pois, do contrário, era uma palmada e cama.

Assim Angela tornou-se uma criança dócil, obediente, que nunca se zangava. Repartia suas coisas com os outros, era responsável, não brigava, obedecia a todas as regras, e para ela os pais estavam certos.

A maioria dos professores valorizava muito essas qualidades, porém os mais sensíveis se perguntavam como Angela se sentia por dentro.

Angela cresceu cercada de amigos que gostavam dela por causa de sua meiguice e de sua extrema boa vontade: mesmo que tivesse algum problema, ela nunca se recusava a ajudar os outros.

Aos trinta e três anos, Angela estava casada com um advogado e vivia com sua família numa casa confortável. Tinha dois lindos filhos e, quando alguém lhe perguntava como se sentia, ela sempre respondia: "Está tudo bem."

Mas, numa noite de inverno, perto do Natal, Angela não conseguiu pegar no sono, a cabeça tomada por terríveis pensamentos. De repente, sem saber o motivo, ela se surpreendeu desejando com tal intensidade que sua vida acabasse, que chegou a pedir a Deus que a levasse.

Então ela ouviu, vinda do fundo do seu coração, uma voz serena que, baixinho, disse apenas uma palavra: NÃO.Naquele momento, Angela soube exatamente o que devia fazer. E eis o que ela passou a dizer àqueles a quem mais amava:

Não, não quero.
Não, não concordo.
Não, faça você.
Não, isso não serve para mim.
Não, eu quero outra coisa.
Não, isso doeu muito.
Não, estou cansada.
Não, estou ocupada.
Não, prefiro outra coisa.

Sua família sofreu um impacto, seus amigos reagiram com surpresa. Angela era outra pessoa, notava-se isso nos seus olhos, na sua postura, na forma serena mais afirmativa com que passou a expressar seu desejo.

Levou tempo para que Angela incorporasse o direito de dizer NÃO à sua vida. Mas a mudança que se operou nela contagiou sua família e seus amigos. O marido, a princípio chocado, foi descobrindo na sua mulher uma pessoa interessante, original, e não uma mera extensão dele mesmo. Os filhos passaram a aprender com a mãe o direito ao próprio desejo. E os amigos que de fato amavam Angela, embora muitas vezes desconcertados, se alegraram com a transformação.

À medida que Angela foi se tornando mais capaz de dizer NÃO, as mudanças se ampliaram. Agora ela tem muito mais consciência de si mesma, dos seus sentimentos, talentos, necessidades e objetivos. Trabalha, administra seu próprio dinheiro, e nas eleições escolhe seus candidatos.

Muitas vezes ela fala com seus filhos: "Cada pessoa é diferente das outras, e é bom a gente descobrir como cada um é. O importante é dizer o que você quer e ouvir o desejo do outro, dizer a sua opinião e ouvir o que o outro acha. Só assim podemos aprender e crescer. Só assim podemos ser felizes."


Barbara K. Basset


Livro: Histórias para Aquecer o Coração - edição de bolso.
Editora Sextante, 2003.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"Como é difícil ser mãe"


"Como é difícil ser mãe" ... essa foi a fala de uma das pacientes que atendi nesta semana, ao falar do sentimento de impotência que sentiu ao ver a filha de apenas 1 ano e 8 meses, necessitando de cuidados, internada numa UTI Pediátrica. "Queria tanto sentir a dor por ela"... e do jeito dela "de mãe", segurou a mãozinha de sua filha e lhe fez carinho, dizendo que já ia passar.

Muitas mães passaram por meu consultório nesta semana...
Mães que de muitas formas, tentam cuidar de seus filhos e filhas, lidando com a realidade de que não podem viver por eles, suas dores.. dificuldades, perdas, fracassos... Difícil cuidar de quem se ama! Difícil cuidar de filhos tão amados, desejados, planejados ou que chegaram de repente, quando já não se esperava mais ou até mesmo, quando nunca se pensou nisso, e que o tempo de gestação e a relação que se desenvolveu entre gestante e o bebê em formação, fez com que aquele ser representasse o sentido de existência para aquela mãe, aquela mulher...

Gestação e maternidade não é coisa fácil, tem suas glórias e dificuldades... muitas mudanças ocorrem e poucas pessoas, se dão conta disso... pensam em gravidez e nascimento como parte da vida de toda mulher, como se toda mulher ao nascer já soubesse ser mãe...

Uma das mães que passaram pelo meu consultório nesta semana, já com os seus 70 anos, me disse assim... "É, na vida se aprende coisas novas e coisas que pensávamos saber, todos os dias... não sabemos tudo nem quando nascemos e nem já na minha idade... continuo aprendendo o que fazer e o que não fazer. Mãe não sabe tudo, né doutora?" Mãe sabe muito, se for como a minha mãe... sabe e sabe mesmo, mas como todo ser humano... às vezes não consegue, não sabe, erra e acerta, reconhece, ama e cuida como um dia foi amada e cuidada, ou resolve fazer bem diferente e faz. Mães ... o importante é tentar fazer o melhor por seus filhos e ensiná-los a seguir seus caminhos, respeitando suas escolhas. Para que através do exemplo de vocês, eles sigam suas vidas tentando, errando, acertando, aprendendo, conquistando e orgulhando vocês!


Beijo no coração de todas as mamães... as que tem filhos gerados no ventre e filhos gerados no coração!



sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sobre a espiritualidade - Rubem Alves


"Sobre a espiritualidade" é um dos capítulos do primeiro livro que li de Rubem Alves e que me fez tão bem, me deixou encantada por este ser humano que nos mobiliza e nos permite pensar a vida e existência, com a simplicidade de quem vive cada experiência como quem sabe que somos seres capazes de muitas coisas belas, quando acreditamos na vida e em nós mesmos.


O livro tem o título de "O infinito na palma da sua mão - o sonho divino ao nosso alcance". Vale a pena ler e pensar através dos olhos e do sentir, do queridíssimo Rubem. Vou só apresentar um trechinho para vocês.


Beijos!!


"Há pessoas que nos fazem voar. A gente se encontra com elas e leva um bruta susto. Primeiro, porque o vento começa a soprar dentro da gente, e lá, de cantos escondidos de nossas montanhas e florestas internas, aves selvagens começam a bater asas, e a gente não sabia que tais entidades mágicas moravam dentro de nós, e elas nos surpreendem, e nós nos descobrimos mais selvagens, mais bonitos, mais leves, com uma vontade incrível de subir até as alturas, saltando, saltando de penhascos, pendurados numa asa-delta (acho que o nome disso é fé...). Outras, ao contrário, nos fazem pesados e graves. Pés fincados no chão, sem leveza, incapazes de passos de dança. Quanto mais convivemos com elas, mais pesados ficamos, até que nos transformamos em pedras ou em sepulcros, incapazes de nos mover."

(Rubem Alves)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Vivendo e aprendendo... errar faz parte da existência


Todos nós sabemos que é impossível voltar no tempo, para fazer diferente algo que nos traz arrependimento. Mas sabemos também que ninguém nasce sabendo viver e que os erros fazem parte de TODO aprendizado. Feliz é aquele que acertou mais do que errou... será mesmo?
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Os erros nos permitem estar mais consciente daquilo que precisamos melhorar, nos dando algo para ser investido ou conquistado. Aquele que nunca errou (se é que existe alguém assim) nunca saberá o quanto é importante saber se perdoar ou perdoar alguém. Muito menos aprenderá o quanto faz bem, desculpar-se com alguém que também poderá cometer erros e aprenderá com você, o sentido do gesto que demonstra cuidado e afeto para com aquele que sofreu pelo (s) seu (s) erro (s).
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Errar faz parte do aprendizado, que leva o ser humano a transformar-se e também a encontrar-se consigo mesmo. Nos leva a liberdade de ser e existir sem as amarras que a perfeição exige. Permitir-se é explorar o que existe dentro e fora de você! Muito se perde quando vivemos uma vida esperando que os outros sempre acertem. Errar é humano e importante mesmo, é fazer do erro o aprendizado que nos permite não repetir mais o que fizemos por falta de maturidade ou vivência, por viver como a criança que ainda está aprendendo a se relacionar com o outro e por isso, muitas vezes teima em desejar um mundo que sirva somente aos seus desejos.
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Viver ou melhor conviver com pessoas e consigo mesmo, somente é possível quando aprendemos com a criatividade e espontaneidade da criança, que fazer diferente é permitido, desde que reconheçamos o erro e desejemos não cometê-lo mais. Desejo mais flexibilidade e respeito´para as pessoas que quiserem conviver bem entre as outras e principalmente na relação com o seu próprio eu.
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A criança ensaia a tentativa e o erro para chegar ao acerto, quando bem orientada e estimulada a tentar... aprende a conseguir e gosta, aprende que o não conseguir faz parte da vida e sempre existe uma nova chance se soubermos aproveitar. Que tal pensar e praticar um pouco mais desse exercício em sua vida? Generosidade e paciência fazem parte desse jogo, de viver construindo e descontruindo, para enfim estar mais perto do que nos faz feliz.
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Beijo e abraços fortes... Feliz dia das crianças para todos vocês!!

domingo, 10 de outubro de 2010

Dona Cila - Maria Gadú

Essa música me emocionou e continua emocionando, desde a primeira vez que ouvi. Por isso, vale a pena compartilhar. Nem sempre conseguimos nos despedir daqueles que tanto amamos, antes do dia de sua morte. E mesmo quando é possível, bom mesmo é quando não existem pendências. Caso exista alguma pendência ou desavença com alguém que você ama, veja se não existe algo que você possa fazer. Muitas vezes só o que podemos fazer é perdoar e/ou resolver a mágoa que faz o corpo e a mente adoecer. E aos que só nos fizeram bem, que continuem fazendo, mesmo com o término da existência juntos! Beijosss...



Dona Cila - Maria Gadú

De todo o amor que eu tenho
Metade foi tu que me deu
Salvando minh`alma da vida
Sorrindo e fazendo o meu eu

Se queres partir ir embora
Me olha da onde estiver
Que eu vou te mostrar que eu to pronta
Me colha madura do pé

Salve, salve essa nega
Que axé ela tem
Te carrego no colo e te dou minha mão
Minha vida depende só do teu encanto
Cila pode ir tranquila
Teu rebanho tá pronto

Teu olho que brilha e não para
Tuas mãos de fazer tudo e até
A vida que chamo de minha
Neguinha, te encontro na fé

Me mostre um caminho agora
Um jeito de estar sem você
O apego não quer ir embora
Diaxo, ele tem que querer

Ó meu pai do céu, limpe tudo aí
Vai chegar a rainha
Precisando dormir
Quando ela chegar
Tu me faça um favor
Dê um manto a ela, que ela me benze aonde eu for

O fardo pesado que levas
Desagua na força que tens
Teu lar é no reino divino
Limpinho cheirando alecrim

Escuta do coração


Hoje resolvi escrever sobre o que vivencio diariamente em minha profissão e que após anos de experiência, passou a ser perfeitamente entendido por mim como algo natural e que pode ser trabalhado ou facilitado, se percebemos e entendemos. As resistências de se procurar um psicólogo.

Não sei dizer quantas pessoas já atendi em todos esses anos, muitos já foram cuidados por mim... bem mais de 100.. 200... talvez umas 700 ou mais pessoas. É verdade! Quando se trabalha em hospitais e ambulatórios, o volume de atendimento é enorrrme e nós recebemos e cuidamos de muitas pessoas... somando os anos na profissão, posso dizer sim que foram muitos e que posso contar nos dedos da mão, quantos disseram que queriam muito fazer terapia.

Vou citar 3 pessoas, uma tem familiar psicólogo e por isso, diz acreditar na profissão e na importância para a saúde do indivíduo como um todo. A outra pessoa, já tinha realizado terapia em dado momento de sua vida e por isso, sabia que poderia ter bons resultados, então lá estava... em busca de mais auto-conhecimento e bem estar emocional. A terceira pessoa, apesar de uma experiência anterior mal sucedida, veio para a terapia dizendo que queria demais o tratamento psicológico.

Imaginem então, que de todos que já acompanhei, bem mais de 90% apresentavam resistências e fantasias sobre como é ir ao psicólogo, acrescidas do sentimento de vergonha por ter que ir a um psicólogo. O que as pessoas vão pensar? Que fiquei louco? Já escutei diversas vezes... "doutora, eu não estou louco (a)." Alguns me chamam de doutora, não que eu me importe, prefiro sempre que me tratem por VOCÊ.


Vejam bem, além de todo o sofrimento que o ser humano carrega, ainda precisa se preocupar com o julgamento das pessoas pelo simples fato dele estar buscando uma ajuda para cuidar de sua saúde emocional. Por que ninguém se envergonha de ir ao médico?


Crenças como esta são perfeitamente explicadas se buscamos na história da loucura por exemplo, a compreensão sobre como a sociedade responde a necessidade de cuidados com a saúde mental de todos. Triste, mas é verdade... ainda hoje muitas pessoas discriminam o indivíduo portador de um transtorno psiquiátrico, mesmo que alguns termos como depressão e ansiedade, sejam tão usados por pessoas leigas e de outras áreas, ainda assim o indivíduo que busca ajuda de um psicólogo ou psiquiatra teme o julgamento dos demais. As pessoas chegam a dizer com olhar e voz envergonhada, que tomam remédio tarja preta, quase que se desculpando por isso. Entendam que às vezes o remédio se faz necessário, com o acompanhamento do psiquiatra e com a associação da psicoterapia, os sintomas melhoram e o médico no tempo certo, irá diminuir e retirar a medicação quando possível.


Além disso, nós psicólogos somos aqueles que "escutamos o coração". Escutamos o sofrimento que muitas vezes tenta ser evitado. Por isso... psicólogo dá medo! Quantas vezes não ouvi, não no consutório, em minha vida diária o comentário após ser apresentada... "não vai ficar me interpretando hein". A frase de apresentação foi... "Essa é a Stella, ela é psicóloga." Pronto, o suficiente para que eu recebesse a piadinha mais que verdadeira e olhar do sujeito, já procurando em volta e planejando uma rota de fuga porque ficar perto da "stella A PSICÓLOGA" é estar diante do inimigo!


A proposta deste texto é fazê-los pensar... quantos de vocês temem ou se envergonham de que saibam que são acompanhados por um psicólogo? A prova disso é que o blog tem recebido um número considerável de visitas... vejo que algumas pessoas estão acompanhando com certa regularidade as publicações, mas o número de seguidores ou de comentários não aumentam na mesma proporção. Por que será?


Quando pensamos a respeito do que fazemos e sentimos, construimos dentro de nós e em nossas atitudes, mudanças que nos levam cada vez mais a ser quem realmente somos e não mais, aqueles que nos disseram para ser.


Pensem nisso! Beijo grande...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sempre aprendendo...


Hoje o dia foi corrido no ambulatório. Cheguei cedinho, até antes do horário que costumo atender, mas as demandas de hoje exigiram que eu me atrasasse em alguns atendimentos e pacientes me esperassem. Já quase no fim do dia, durante um atendimento por demanda de luto, me vi tentando lembrar junto com uma paciente de uma música do Roberto Carlos... "aquela que ele cantava na novela" - disse sem jeito, parecendo envergonhada e com a voz um pouco embargada. E de repente começamos as duas a cantar a música do Roberto Carlos que eu já cantarolei quando criança, enquanto minha avó ou mãe ouviam, mas sem prestar atenção no que a música dizia. O início da música foi o suficiente, para que a mesma conseguisse seguir sua fala, expressando a saudade que sente e a dor da perda de seu marido.

Agora, já em casa... vim buscar a música que "surgiu" durante o atendimento de hoje. Agradeci mentalmente minhas lembranças sobre as músicas de Roberto Carlos ouvidas na infância e que fizeram parte da história de duas pessoas que já não estão fisicamente unidos. Espiritualmente minha paciente permanece junto ao esposo, permitindo a proximidade pelo amor, mesmo quando a ausência é uma presença tão constante e dolorida.
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Para você que me fez pensar e aprender mais sobre minhas vivências e minha profissão, eu publico a canção que a partir de hoje, não será mais cantanda por mim da mesma forma.

A Volta
Roberto Carlos
Composição: Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Estou guardando
O que há de bom em mim
Para lhe dar
Quando você chegar
Toda ternura
E todo meu amor
Estou guardando
para lhe dar...

E toda vez
Que você me beijar
A minha vida
Quero lhe entregar
Em cada beijo
Certo ficarei
Que você não
Vai me deixar...

Grande demais
Foi sempre o nosso amor
Mas o destino
Quis nos separar
E agora que está perto
O dia de você chegar
O que há de bom
Vou lhe entregar...

Só vejo a hora
De você chegar
Para todo o meu amor
Poder mostrar
Mas quando eu
De perto te olhar
Não sei se vou
Poder falar...

Grande demais
Foi sempre o nosso amor
Mas o destino
Quis nos separar
E agora que está perto
O dia de você chegar
O que há de bom
Vou lhe entregar...

Só vejo a hora
De você chegar
Prá todo o meu amor
Poder mostrar
Mas quando eu
De perto te olhar
Não sei se vou
Poder falar...

Beijo no coração de todos!!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Celebrando o amor...


Hoje tive o privilégio de ouvir sobre uma verdadeira e admirável história de amor. O amor de um casal que se conheceu quando ainda eram crianças, quando não faziam ideia da vida que construiriam juntos. Este casal viveu muitos momentos de alegria, principalmente com o nascimento de seus filhos, que são frutos deste grande amor.

Mesmo assim, não foram só de momentos bons que este amor se constituiu, as dificuldades e divergências também foram responsáveis pelo crescimento desses dois seres humanos que celebraram o amor e a vida enquanto puderam existir juntos.

O casal se separou quando um deles após grave adoecimento e muito esforço para prolongar sua vida, não resistiu a doença e faleceu. O esforço do casal e a união desta família, pelo amor e respeito mútuo, permitiu que vivessem juntos o tempo que ainda lhes restava. E viveram... juntos permaneceram até o fim.

Quem ainda vive, conta a história desse grande amor que permanece mesmo após a morte e que se mantém, nas lembranças... na existência juntos, no sentimento que mantém vivo o ser com quem viveu: " vivi com ele praticamente toda a minha vida."

Por isso, desejo aos que encontraram alguém para amar e construir uma vida juntos, porque relação se constrói "junto"... cada um contribuindo com a parte que lhe cabe, desejo aos que lerem esta postagem... que valorizem e cuidem de seus relacionamentos, entendendo que cada momento é precioso demais para ser desperdiçado. Em qualquer relação existem divergências e conflitos. O que destrói as relações é a falta de respeito e cuidado ... que seja eterno enquanto dure e que faça bem aos que um dia puderem experienciar... o amor!!

Abraços fortes...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pensamentos do dia



Muitas vezes é através da dor que ocorre o verdadeiro encontro do homem consigo mesmo. É como se a dor que dilacera e desconstrói, levasse embora também as ilusões e as amarras, que impedem o ser humano de sentir-se livre para ser ele mesmo. O adoecimento ou sofrimento, principalmente quando representa perda e privação, leva a reflexão dolorida e constante que possibilita a ressignificação da dor e da vida, o pensar e o confronto com o que não volta mais e muitas vezes nos foi negado por nós mesmos... também com o que ainda nos resta, favorecendo quem sabe a possibilidade de ser e existir em sua totalidade. É diante do não ser que o indivíduo se aproxima de quem verdadeiramente é, ou deseja ser.
O quadro de Salvador Dali, assim como a frase de Nietzsche, descrevem bem os pensamentos recebidos durante o dia.
Abraços fortes...

"É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela."
(Friedrich Nietzsche)

domingo, 3 de outubro de 2010

Crianças


Crianças são seres em desenvolvimento, que durante o período compreendido como infância, desenvolvem aspectos emocionais e da personalidade de acordo com os modelos aprendidos no convívio e na formação dos primeiros vínculos afetivos, com as figuras de proteção e cuidado assumidas por seus responsáveis. Assim deveria ser, mas nem sempre é.

Falar deste universo e de seus personagens é uma tarefa complexa e que exige bastante cuidado. Para uma criança nascer e crescer de forma saudável é preciso que se cumpra alguns cuidados que estão de acordo com suas necessidades físico-psicológicas. Além do papel de provedor das condições básicas para um ser totalmente indefeso e dependente, falo também sobre o papel dos responsáveis, de ensiná-las a conviver e respeitar a si mesmas e aos outros.

Esses dias no ambulatório, uma senhora que é avó de uma menininha de 2 anos, com quem estava na sala de espera aguardando uma consulta médica, me perguntou o que fazer para que ela parasse de gritar e fazer a tão conhecida "pirraça". A vó dizia que era assim o tempo todo, tudo tinha que ser do jeito dela. A menininha bem espertinha, já sabia como conseguir o que desejava e não tinha culpa por isso, ela não nasceu sabendo ouvir não. Mas precisava que sua avó e responsável soubesse colocar limites, para que ela aprendesse a lidar com frustrações e perdas, para que o NÃO lhe ensinasse a se relacionar melhor com o mundo e as pessoas.

Criança entende do jeito dela o que vê, ouve, recebe... também o que lhe é negado, o que sente, o que lhe ensinam diretamente e indiretamente.

Estou atendendo uma menina com dificuldades escolares, que são reforçadas pela insegurança e timidez. A mãe refere que não entende o motivo da filha ser assim, é uma mãe muito dedicada aos filhos e já pensou se a filha na verdade está deixando de tirar boas notas por preguiça. Acontece que no ambiente escolar é muito difícil pedir ajuda quando as dúvidas aparecem, do mesmo jeito que não pede ajuda a psicóloga durante as atividades em atendimento e muito menos em casa, na relação com seus familiares. Fazendo uma avaliação da relação com os modelos aprendidos em casa, principalmente na relação com sua principal figura de apego que é a mãe. Esta menina reproduz somente o que vê todos os dias, desde o seu nascimento. Segue como a mãe, que assume toda a responsabilidade de cuidado desta família e mesmo sobrecarregada, não sabe pedir ajuda. Respostas semelhantes para situações e papéis diferentes. Compreensões sobre o mundo que se apresenta para ela e lhe dá as respostas, que sozinha ela ainda não consegue elaborar.

Pensem nisso, quando diante de uma criança. Pensem que vocês, naquele momento são as referências... para o desenvolvimento de um ser que responderá de acordo com o que vê... ouve, recebe... entende e também, pelo que não recebe.

Beijos!!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Tempo, precioso tempo...


A cada dia, levo comigo experiências de vida de muitos que encontro no dia a dia de minha prática, além de minhas próprias vivências.

O que percebo como urgência, porém pouco aproveitado e muitas vezes, imensamente desejado .. é o tempo.

Queremos aproveitar ao máximo o tempo para trabalharmos, para conquistarmos o que tanto desejamos, para estar ao lado de quem amamos, para viver o que sentimos tanta falta e já não nos é tão permitido, para começar o que adiamos por tanto tempo... tempo...

Esse tempo é desejado como um bem precioso por alguns e para tantos outros... o mesmo tempo não é valorizado. Sempre falta tempo para alguma coisa ou então sobra tempo demais para tantas coisas...

Existe necessidade de tempo para as mudanças internas e externas, tempo este que é precioso.

Seja como for o uso do SEU tempo, faça bom proveito ... que a vida possa ser vivida em sua intensidade e importância, no tempo certo... no nosso tempo. Importante é que possamos vivê-lo. Caso contrário, a vida passa...

Grandes lições são aprendidas quando respeitamos o tempo do outro e o nosso também.