Ter esperança é direito de todo ser humano, é também o que lhe permite seguir em frente e confrontar seu sofrimento, para então cuidá-lo. Falo em cuidar porque nem sempre é possível curar. Mesmo em casos graves, em que o paciente pode evoluir para óbito, não se pode tirar a esperança que ele ou seus familiares carregam. Sendo assim, é importante ajudá-los a lidar com as possibilidades sabendo da gravidade, para que mesmo não obtendo o que tando deseja, o indivíduo consiga através da sua esperança, realizar o que ainda lhe é possível.
Um paciente em cuidados paliativos por exemplo, pode ter a consciência da gravidade de sua doença e ainda assim, manter viva a sua esperança, que lhe permite continuar lutando para viver os dias que lhe restam, muitas vezes aumentando o tempo de vida. Em contrapartida, aquele que deixa de acreditar, pode entregar-se, vivenciando a piora da doença em pouquíssimo tempo.
Manter a esperança de alguém, não significa lhe dar falsas esperanças. Na realidade, sem esperança, a pessoa não enfrentaria o seu (s) sofrimento (s) diante de uma doença grave, para manter-se vivo e ao lado de quem ama. Uma pessoa sem esperança não luta e não vence nenhuma batalha na vida, mesmo a pessoa saudável. Desiste dos seus desejos ou sonhos e se entrega ao conformismo, passividade e depressão.
Todos os dias, seja no ambulatório, hospital ou no consultório particular, com pacientes e seus familiares, encontro exemplos de que viver e se manter vivo, pode ser uma luta diária. Segundo Niezsche, "quem tem porque viver suporta quase qualquer como.
Pacientes e familiares compartilham suas dores comigo, para que eu os ajude a continuar lutando. A esperança nem sempre atende aos nossos mais profundos desejos, mas ela SEMPRE nos fortalece. A esperança se mostra na dor, como um bálsamo que conforta e alivia o sofrimento, este que nem sempre conseguimos evitar.
Hoje vou compartilhar com vocês, algumas falas ou pedacinhos de esperança, de pessoas que vivenciam suas dores e mesmo assim, não desistem de lutar.
"Eu preciso acreditar que a doença pode ter cura, que existe algum remédio menos forte, com menos efeito colateral porque já tem 1 ano nesta luta, eu vou acreditar. A vida inteira eu fui assim, sempre acreditei que podia dar certo." (Paciente 1 - em cuidados paliativos há um ano).
"Eu vou conseguir, mas tá doendo muito, não passa. As pessoas dizem que passa, mas não passa. Eu quero conseguir, eu vou conseguir." (Paciente 2 - em cuidados paliativos, sofrendo uma desilusão amorosa).
Hoje seu texto me emocionou bastante... durante o ir e vir constante ao Instituto Paulista de Cancerologia, tenho visto muitas coisas, algumas boas, mas a grande maioria ruim.
ResponderExcluirFico na sala de espera com idosos mutilados, magros e carecas, jovens aparentemente saudáveis com um olhar tenso aguardando a primeira sessão de quimioterapia. Pessoas que falam sobre o câncer com um sorriso provavelmente forçado no rosto, mas que sabem que se não houver este sorriso e a vontade de lutar, só restará o medo, as lágrimas e este mundo tão sombrio que é o do paciente oncológico.
Confesso que é estranho estar ali entre eles, pois até o "ontem" eu não tinha nada... sei que o meu caso não é tão grave, aliás, todos os médicos foram muito claros quando me disseram que eu tive "o melhor câncer" que existe. Mas não há como evitar ser tocada por tudo aquilo a minha volta, não há como passar por tudo isso e ser a mesma pessoa de antes... realmente não dá.
Venho tentando transformar estas experiências em algo positivo, quero que as mudanças venham para somar. Um beijo.
Cy, eu sei do sofrimento que você tem vivenciado e da sua luta. Me orgulho muito de todo o seu esforço, para garantir a cura. Você é um ser humano sensível e com muita compaixão, não é apenas pela identificação que você sente pelo que escuta e vê, enquanto espera sua consulta no ambulatório. O adoecer de câncer infelizmente é muito frequente em todas as idades e apesar de já existir cura para muitos, o que na verdade colabora muito é o diagnóstico precoce, como ocorreu com você. Caso contrário, se torna invasivo e como é uma doença silenciosa, o sujeito só descobre quando já está bastante adoecido.
ResponderExcluirVejo pelos seus relatos no seu blog, que tem alertado e tocado o coração de muitas pessoas, que sem dúvida estão refletindo mais a respeito da importância do autocuidado. Eu gostei muito da sua postagem de hoje do seu Blog e também do seu comentário. Digo e repito sempre, te admiro dia a dia, mais e mais. Obrigada por compartilhar conosco sua vivência e conte comigo sempre! Bjo grande, da sua amiga que te ama muito.