quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Humano, demasiadamente humano...


Esses dias, recebi em meu consultório um colega de profissão já aposentado que buscou atendimento psicológico após indicação médica. O mesmo chegou um tanto sem jeito, dizendo e/ou quase se desculpando, pois apesar de ter trabalhado tantos anos como psicólogo na área da sáude, refere que foi preciso que seu corpo pedisse socorro, para que buscasse ajuda psicológica. E durante seu atendimento, desabafou: "é mais fácil cuidar do outro. Não sei bem como aconteceu isso, mas eu descuidei de mim".
Suas reflexões passearam por várias fases de sua existência, pensou nos modelos aprendidos com seus pais, também nas dificuldades enfrentadas ao longo da vida pessoal e profissional, conseguiu até lembrar de outros momentos em que seu corpo e seu emocional indicavam abusos frequentes e ausência de auto-cuidado. Lembrou das vezes que sorriu ao ouvir de familiares, afetos e pacientes: "Você é psicólogo, deve ser muito feliz".
Entende que foi e ainda é feliz por vários motivos, mas se recente porque segundo o mesmo, perdeu a oportunidade de ter a felicidade que muitos ao lhe procurar e receber ajuda, encontravam... a felicidade de compartilhar e receber o mesmo cuidado e acolhimento que sempre ofertou aos que acompanhou e cuidou. Sabia compartilhar e oferecer todo o cuidado de que necessitavam, mas não sabia... nunca soube, até o dia de hoje, como era compartilhar suas dores e dificuldades. "Sou psicólogo, mas assim como tantas pessoas de quem tive o prazer de cuidar, também esqueci como elas de que sou humano e também sofro".
Para você, colega de profissão e pessoa humana, como também sou... desejo e espero contribuir para que encontre um ou mais caminhos, para essa tal felicidade, que tanto lhe faz falta. Você merece!!!
Abraços fortes...

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