domingo, 18 de dezembro de 2011

Fim e recomeços



Esta semana que passou, marcou a vida de algumas pessoas, dessas vidas tive a oportunidade de fazer parte, estando ao lado no período em receberam ajuda para se recuperar ou ressignificar suas dores. Vê-las hoje, chegando ao tão esperado momento da alta... é muuuito gratificante e me faz feliz!! 

Esta semana vi algumas pessoas pela primeira vez, pessoas que vieram ao ambulatório e consultório, buscando alívío para o que parece não ter solução, desejando que seus conflitos sejam superados mas ainda com incerteza no olhar, se questionando se pode mesmo dar certo, se é possível deixar a dor para trás e seguir a vida mesmo depois de tantas perdas.

Fim de ano é época de pensar a respeito da vida e de como foi o ano que está quase terminando! Algumas pessoas demonstram alegria ao término de um ano e otimismo quanto ao ano que está por vir; outras pessoas desejam que seu ano acabe logo e que o próximo seja mais leve ou menos sofrido; tem gente que está comemorando a superação de um ano ou de muitos anos de sofrimento, que agora olha para a vida com olhos de quem acredita que pode viver e ser feliz, como pela primeira vez em muitos e muitos anos.

Este mês quem trabalha e realiza com amor tudo que faz, ganha muitos presentinhos, até a semana passada vieram dos mais diversos. Cada um é tão especial, do mais simples ao mais sofisticado, cada presente que nem sempre é material, pode ser também um abraço apertado e muitas palavras de agradecimento. Todos são muito especiais!

Particularmente sobre os pacientes que estão agora neste fim de ano, conquistando a alta merecida, para aqueles que mesmo nesta época do ano que para a maioria, é uma época de reflexões intensas e que nem sempre desperta alegrias... para esses meus pacientes, este fim de ano está sendo um recomeço!!

Uma das pessoas de quem me despedi, deixando saudades mas também muita alegria, porque agora o sorriso sai naturalmente de seu rosto e a melhora é visível. Agora viver tem sentidos diversos e mais uma vez, depois de tantos anos em sofrimento, vive a possibilidade de um existir mais pleno e feliz!!

Esta pessoa me deixou um cartão de natal, que vou guardar sempre com muito carinho, sobre o que ela me escreveu, vou partilhar um trechinho com vocês:

"Drª Stella, no início foi muito difícil, enfrentar os desafios da terapia. Porque enfrentar a realidade e a verdade é sempre difícil. Expor e falar de tristeza, dor, sofrimento, medo, ansiedade, culpa e vergonha, raiva, felicidade e amor. São muitas emoções, intensas em nossas vidas. Mas com a sua ajuda eu aprendi a interpretá-las melhor. Eu me encontrava perdida e você me fez encontrar o caminho certo para as mudanças na vida. Ainda é preciso perseverar e compreender melhor o papel que todas essas emoções desempenham em nossas vidas, apesar de eu me sentir bem melhor em relação a essas emoções. É inevitável excluir o sofrimento, evitá-lo não nos leva a uma vida feliz, mas a forma de enfrentá-lo conduz à uma vida mais significativa.(...) De sua paciente e amiga."

Obrigada a esta paciente e a todos os outros, que compartilham comigo tanta dor para só depois de muito esforço, compartilhar também da sua melhora e a conquista de ter resolvido seus conflitos, aprendendo a cuidar melhor de si mesmo, para que só assim se mantenha a saúde e o desejo de viver.

Comemoro com vocês a melhora já conquistada!!! Desejo a todos que o ano de 2012, seja o ano para continuar a alegria conquistada em 2011; ou para cuidar das dores que ainda estão presentes; desejo para todos que aprendam a cuidar melhor de si mesmo e que encontrem novos recomeços...

Abraços fortes...

Obrigada também aos visitantes e seguidores do Blog pela presença em 2011, que no próximo 2012 o Construindo assuma mais e mais sentidos... 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Reflexões para o fim de ano

Esperar que a felicidade caia do céu é um dos hábitos ou comportamentos mais frequentes em muitos seres humanos. Diante do sofrimento e das dificuldades, clamamos por ajuda... alguns pedem a Deus, outros chamam por alguém, outros permanecem em silêncio. Receber cuidado e ajuda em situações desesperadoras, sem dúvida pode aliviar a dor. Porém constantemente, muito se pede ou se espera, e pouco se valoriza do que já foi conquistado ou do que já se tem.

Neste sentido, recebo cada vez mais em atendimento, sujeitos que em busca do inatingível, perdem e desvalorizam o que já possuem, o que muitas vezes receberam de seus afetos, conquistas ou da vida. Oportunidades, amores, amizades ... Quanto se perde nesta busca pelo impossível, pelo ilusório, pelo que esperamos alguém nos dar! Toda busca envolve investimento, quando não se investe, não se busca, apenas se espera.

Na vida somos aprendizes, nossas atitudes ou escolhas, podem ter consequências boas ou ruins, em nossas vidas e na vida de outras pessoas também. Posso dizer que inúmeras vezes, já ouvi pessoas dizendo que adorariam voltar no tempo, para evitar uma experiência dolorosa, após uma atitude impensada ou pelos erros do passado.

Nós seres humanos, apresentamos grande dificuldade quando diante dos erros ou sofrimento, não conseguimos buscar na experiência a oportunidade do aprendizado, para a mudança de atitudes, pensamentos e sentimentos. Vive-se a espera de algo que indique o caminho para os acertos, para a felicidade plena. "É errando que se aprende." Esta frase é tão usual e infelizmente, ainda tão pouco incorporada na vida dos indivíduos.

Crenças negativas podem tornar um gesto simples em algo impossível de se alcançar! Crenças positivas não desconsideram às dificuldades, mas fortalecem o ser com a esperança de que precisa, para construir um novo começo, uma nova história. Dias melhores são possíveis quando a vida é construída através de conquistas e aprendizado.

Certa vez, ouvi de um paciente: "com o tempo e com a experiência que adquirimos na vida, aprendemos que perder é difícil demais. Vejo muita gente dizendo que não consegue nada, que nunca ganhou nada de graça. E por que isso é tão ruim? Eu já senti assim também. Eu vivi uma vida esperando, apenas esperando... ganhei muitas coisas, mas perdi muito mais. Não valorizei e nunca conquistei nada.”

Exercite mais o hábito de pensar sobre suas atitudes e pensamentos ou desejos. Busque o que lhe deixa feliz e peça ajuda quando precisar! Não seja apenas um expectador de sua viva e participe sendo responsável pelo que lhe acontece! E acima de tudo, pare e pense no que já conquistou e no que já lhe foi dado, antes que a vida passe e junto com tudo que é importante, seus afetos se percam.

Final de ano, início ou recomeço para realizações ou quem sabe uma vida nova! Nem tudo é fácil na vida, mas com certeza ter fé e lutar é importante, para que não apenas sonhemos, para que nossos desejos se tornem realidade. Seja qual for sua idade, sempre existirá tempo para ser feliz... para se realizar!

Abraços fortes...



“É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia. É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua. É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.”

(Cecília Meireles)

sábado, 26 de novembro de 2011



"Quando uma situação de impasse, para a qual não há saída, não pode ser superada exteriormente, não resta outro recurso senão a fuga para cima, o trabalhar em si próprio, o crescer interiormente com a própria situação de desespero da qual alguém se tornou vítima sem poder se defender. Nesses casos costumo lembrar que as árvores que estão muito juntas na floresta não têm outra saída a não ser crescer para o alto!"                      
                                                                (Viktor E. Frankl)


Um forte abraço ... bom fim de semana!!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Começando bem o dia...




"Pensamos demasiadamente

Sentimos muito pouco

Necessitamos mais de humildade

Que de máquinas.

Mais de bondade e ternura

Que de inteligência.

Sem isso,

A vida se tornará violenta e

Tudo se perderá."

(Charles Chaplin)*


"A vida é maravilhosa se não se tem medo dela."


                                                                  (Charles Chaplin)*



"Nada é permanente nesse mundo cruel. Nem mesmo os nossos problemas."
 
  (Charles Chaplin)*


"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso."

   (Charles Chaplin)*


*Charles Spencer Chaplin (1889 - 1977), foi um ator e diretor inglês, também conhecido por Carlitos no Brasil.




Desejo um ótimo dia a todos!! Abraços fortes... Stella


domingo, 20 de novembro de 2011

UTI Pediátrica: Lugar de criança ser criança



Semana passada, cheguei pela manhã para atender na UTI Pediátrica do Hospital onde trabalho e como de costume, verifiquei quem eram os pacientes que estavam internados e o motivo da internação. Esta semana recebemos mais duas crianças na UTI pediátrica, uma mocinha que já conheço de outras internações e um menininho de 6 anos que estava acompanhado de sua avó quando fui conhecê-lo.

Me aproximei e no momento em que estava ao seu lado, iniciando uma conversa para que nos conhecêssemos, o médico responsável pelo plantão veio examiná-lo. Fiquei ao lado, vendo a reação do menininho, que chorava com dor e dificuldade para abrir sua boa, estava com a bochecha direita bem inchada. Depois de examinado, continuei ao seu lado, ele não queria conversa, estava com dor e chamava pela mãe. Sua avó dizia que a mãe tinha tido um bebê e que ainda não podia sair de casa para ficar com ele no hospital. Conversei com N. dizendo que voltaria para brincarmos, quando ele já não estivesse com tanta dor. Entendam, ele não repeliu meu contato mas eu não podia insistir que ele interagisse comigo naquele momento. Fiquei fazendo carinho no seu bracinho, para que ele se acalmasse e parasse de chorar, o rosto estava muito inchado e doía, precisava se acalmar para que a medicação fizesse efeito. Ele permitiu o carinho e fechou os olhos, parou de chorar. Fiquei com ele por um tempo, depois fui embora e prometi voltar.

À tarde, voltei à UTI para entregar algo que havia prometido a uma mãezinha, cheguei e logo a fisioterapeuta me olhou e disse que eu não morria mais. Vixe, pensei: que será que aconteceu? Ela continuou dizendo que estava tentando me ligar (número de celular errado, descobrimos depois) e que precisava que eu conversasse com o N., disse que ele só chorava, chamando pela mãe e que o ouviu dizendo: "Minha mãe me abandonou, ela prefere minha irmãzinha."

 A físio disse que já tinha conversado com uma médica sobre convocar a mãe para vir. Pedi que ligassem e explicassem que ela precisava vir, não precisava ficar mas que viesse no horário de visita. Fui lá, encontrei ele chorando baixinho, as lágrimas corriam, ainda com rosto inchado dizia baixinho que queria a mãe. O motivo da mãe não vir, era a suspeita de que o filho estivesse com caxumba, ela estava preocupada com o contato, por causa do bebê recém-nascido.

Fiz carinho em N. que não tirou o bracinho mas aumentou o choro, chorava e pedia pela mãe. Eu tentei acalmá-lo, dizendo que sua mãe também estava com saudades e que viria para vê-lo. Ele pedia para ir embora, eu dizia que precisava ficar bom e depois iria pra casa, pedi que tivesse calma e perguntei se chorar estava fazendo doer mais seu rostinho, disse que eu ficaria com ele até que se acalmasse.

Uma das mãezinhas da UTI veio e falou para nós dois, que já tinha ligado pra mãe dele e que ela viria. Ele arregalou o olho e me olhou, parou de chorar e ficou aproveitando o carinho mas ainda fazia bico de quase choro. Eu então lhe disse que iria falar com sua avó, que nos olhava da porta e que voltaria. Expliquei a ela que TODA criança vive um processo de adaptação interna, que precisa organizar sentimentos quando ganha um (a) irmãozinho (a) e que ele não tinha nem conseguido se adaptar e já estava internado, longe da mãe e se sentindo abandonado. Disse que iria até ele de novo, para explicar que a mãe viria e o motivo dela não poder ficar com ele no hospital ou abraçá-lo, para que ele não se sentisse rejeitado.

Voltei a falar com N. e disse, olhando nos seus olhinhos, falei para ele que precisava prestar atenção no que eu ia dizer, ele voltou a chorar porque pensou que eu ia falar, que sua mãe não viria. Pedi calma e falei que ele precisava prestar atenção no que a tia ia falar, expliquei que o inchaço do rosto podia ser uma doença chamada caxumba. Disse que o nome era feio mas a doença estava sendo cuidada com um remedinho e que ele ia ficar bom. Falei que a mamãe viria e que ela não ia poder abraçá-lo porque ela também podia ficar doente e a irmãzinha dele que estava em casa também, por isso ele ia ver a mamãe e não ia abraçá-la até o inchaço e a dor passar. Ele ameaçou chorar mas prestou atenção e entendeu, só que depois chorou e com voz de choro falou: EU VOU FICAR AQUI POR ANOS??   Eu respondi: NÃÃÃOOO!!! Você vai ficar pouco tempo, a tia que vai ficar aqui por anos, trabalhando no hospital! Pode confiar em mim, é só você esperar que o remedinho faça efeito, talvez precise de uns dias mas anos não! Ele fechou os olhinhos e eu fiz carinho de novo, falei que ia pedir a médica que lhe explicasse e tirasse suas dúvidas.

Falei com a fisioterapeuta que tinha me contado o que acontecia naquele momento com N. e com a fonoaudióloga que também estava lá, pedi que falassem com a médica e que no momento da chegada da mãe, que alguém da equipe estivesse lá com eles. Que era importante não deixá-lo pensar que sua doença era grave, (ele não precisava disso) que ele pensasse em ficar bom e que pudesse ver a mãe chegando, também com MUUUITA saudade!!
Ele perguntou o DIA dele ir embora. É claro que ele queria ir embora, além de não ser bom ou fácil ficar internado, ele estava se sentindo sozinho e abandonado, como se a irmãzinha agora fosse a preferida. E a dor no rosto? Ele nem falava da dor, a preocupação era outra! Contei para vocês o que ocorreu porque UTI pediátrica não é o lugar onde só cuidamos da doença, olhamos cada um que está lá dentro (paciente, pais ou responsáveis) como pessoas e escutamos suas dores ou conflitos. Ele tem somente 6 anos mas já quer entender se está perdendo a mãe, já que ganhou uma irmã. Perdeu temporariamente a saúde e já pensa na perda concreta do ser que tanto ama. Só pra constar, N. não está internado só por causa da caxumba mas ele vai ficar bom e vai embora se Deus quiser, logo logo. 

Mamães e Papais preparem seus filhos para receber seus irmãozinhos! Conversar funciona, ter atenção as reações emocionais e comportamentos deste processo (desde a gestação, após nascimento e início da relação entre irmãos). Existem muuuitos livros que tratam do tema. E outras medidas que ajudam muito, que devem ser introduzidas na criação e formação de seus filhos, com ou sem irmãos. Como por exemplo, saber dividir... saber compartilhar... saber trocar...

Estou à disposição para tirar dúvidas.

Um beijo e um carinho no bracinho de N.
Abraços fortes em todos que lerem este pequeno relato sobre o dia a dia de uma UTI Pediátrica.

OBRIGADA AOS VISITANTES DO BLOG, JÁ CONSEGUIMOS ULTRAPASSAR 18.500 ACESSOS!!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Olá seguidores e visitantes do Blog, estou afastada TEMPORARIAMENTE do Construindo porque esta semana além dos compromissos de trabalho, estou participando do II Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos da Casa do Cuidar.

Volto logo que puder... agradeço a presença de todos, pois dia a dia o Construindo cresce com a participação de vocês.. já ultrapassamos o número de 17.800 visitas!!

Obrigada mais uma vez!

Abraços fortes...


O TRABALHO GANHOU  PELA SEGUNDA VEZ O PRÊMIO DE MELHOR TRABALHO EM PÔSTER DO CONGRESSO. FOI MUITO IMPORTANTE PARA MIM RECEBER ESTE PRÊMIO. A CASA DO CUIDAR DESENVOLVE HÁ MUITOS ANOS UM TRABALHO DE ASSISTÊNCIA E ENSINO SOBRE CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL. SOU GRATA A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL COM O QUAL TRABALHO. GRATA AOS PACIENTES E SEUS FAMILIARES QUE ME PERMITIRAM SABER DE SUAS HISTÓRIAS. GRATA AOS ORGANIZADORES E PARTICIPANTES DO CONGRESSO. GRATA AS PESSOAS QUERIDAS QUE SEMPRE ME INCENTIVAM A CONTINUAR MEU TRABALHO. ESTA PESQUISA RETRATA O DIA A DIA DE UMA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS, NOSSAS CONQUISTAS DIÁRIAS NA BUSCA PARA UMA MELHOR ASSISTÊNCIA DESSES SUJEITOS PACIENTES E SUJEITOS CUIDADORES.

UM FORTE ABRAÇO!!!

sábado, 22 de outubro de 2011

Quando o coração fala mais alto


Depois de um mês e um dia... olha eu aqui, de volta ao Construindo... que saudades!! A correria e o cansaço me vencem todo fim de dia, não quer dizer que outros projetos ou atividades sejam mais importantes, é que realmente não dá pra abraçar o mundo... apesar de que, o que nunca falta é vontade.. de mais e mais trabalhar e trabalhar, fazendo aquilo que tanto amo. Tenho muito amor pela profissão que escolhi... escolhi muito cedo, ainda menina, que seria psicóloga. Sabe quando a gente vê aquela criança dizendo... quando eu crescer eu quero ser... comigo foi assim. Eu sempre desejei cuidar de pessoas e graças ao incentivo de minha família, graças a Deus... posso dizer que me sinto profissionalmente feliz mas ainda não totalmente realizada. Digo isso porque se Deus me permitir, ainda vou fazer meu mestrado.. quero dar aula para pessoas que como eu, escolheram cuidar de pessoas e sabem da importância e seriedade dessa escolha. 

Cada pessoa que atendo, seja no hospital ou no consultório, traz dentro de si muito sofrimento... é gratificante quando pouco a pouco, vejo que aquela pessoa passa a confiar em mim, permitindo que eu lhe ajude a aliviar suas dores, a curar ou cuidar de seu sofrimento, para que volte a ter esperança e força para enfrentar suas dificuldades. Por isso, agradeço a todos os meus pacientes e também aos seus familiares que me permitiram e que se permitem dividir comigo suas histórias, seus medos, suas dores, seus sonhos, suas fraquezas e incertezas, suas limitações e dificuldades, seus erros e a culpa, suas vidas e suas preocupações, suas frustrações... mas também suas vitórias, suas alegrias, os aprendizados e novos caminhos traçados.

Esses dias recebi uma paciente idosa, que começou o atendimento dizendo que precisava encontrar uma resposta para seu conflito... dizia que não tinha certeza se agiu correto na criação dos filhos. Dizia: "Stella, eu não sei.. acho que sou culpada, meus filhos eles são muito coração sabe, são sensíveis e eles não conseguem às vezes uma melhor colocação no trabalho deles porque eles agem muito com o coração. Eles trabalham para empresas que visam ganhar dinheiro e meu filho, o cargo dele exige dele muito trabalho, mas o reconhecimento não é lá essas coisas, vejo ele que também já tem uma certa idade, tendo que trabalhar tanto e estudar ainda, ele sempre estudou e ainda hoje, faz um curso na USP, é uma pessoa tão dedicada e a empresa não valoriza, ele não passa dificuldades, mas para tanto esforço, merecia uma estabilidade financeira, sabe? Já teve oportunidades de ganhar dinheiro de forma desonesta, mas ele não é assim, não que eu lamente.. mas às vezes me pergunto, ele que batalha tanto, se fosse menos coração, será que ele não estaria melhor. Não sei se agi certo em ensinar meus filhos a ser assim, com os outros filhos é igual."

Minha paciente quase no final do atendimento, contou que esteve esses dias no ambulatório, esperava por uma consulta médica e veio a "mocinha da recepção" avisar que a médica esperava por ela na observação (lugar onde ficam os pacientes que precisam tomar medicação por soro ou de atendimento médico por alguma intercorrência). Não entendeu porque tinha de ir lá mas foi... chegando, encontrou a médica que estava sendo medicada por causa de uma enxaqueca e lá, a consulta discorreu assim... a médica no soro e por uns 40 minutos ou mais, a paciente sendo atendida com todo cuidado e carinho de que precisava. A paciente disse assim: "Stella, veja bem... ela não estava passando bem e ficou lá me atendendo, olhou prontuário, meus exames e me ouviu com atenção, podia ter desmarcado sei lá... ela não estava bem, mas ela cuidou tão bem de mim, ela sempre cuida, isso me fez tão bem... sai de lá tão melhor, me senti importante sabe, ela cuidou de mim." 

Conversamos a respeito de sua dúvida no início do atendimento e do seu relato sobre a consulta, sobre a diferença de quando realizamos alguma coisa na vida e agimos com o coração. Ela então entendeu e finalizou seu relato, dizendo que "é tem coisa que dinheiro nenhum compra, quem não vive a vida agindo com o coração, perde muito mais né?" 

Gratidão não tem preço que pague... cada paciente que chega e sai, mais leve... sorrindo ou mesmo chorando a dor que antes estava reprimida ou ignorada, cada pessoa que passa a construir novas possibilidades de existir ou que ressignifica a vida antes de sua morte... cada pessoa que consegue crescer e ser mais e mais autêntica em suas escolhas e realizações... cada pessoa que te olha nos olhos, te abraça apertado e que te diz com os olhos e sorriso... estou bem melhor... a cada uma delas.. muito obrigada!

Desejo mais e mais receber da vida, oportunidades de continuar cuidando e crescendo junto de pessoas assim, que sabem da importância que tem o coração em tudo que a gente acredita e faz.

Beijo grande... nos corações...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Casa arrumada - Carlos Drummond de Andrade



Aproveito minha hora de almoço para olhar meus e-mails e para compartilhar esta mensagem que recebi da minha mãe. Adorei... não conhecia, me fez pensar em mim e em outras pessoas também, familiares.. amigos.. e pacientes... pessoas que como eu, buscam ou precisam se organizar para dar conta de muitas coisas na vida. Sem esquecer que a viva existe para ser vivida, sem isso.. de que vale tantos esforços? Casa como lugar ou ambiente externo onde habitamos, casa como lugar ou espaço interno que abriga nossos pensamentos, sentimentos, desejos.. sonhos... conflitos... dores... força... que precisa ser organizado de modo que consigamos viver a vida com mais leveza e plenitude.

Abraços fortes e o desejo de um ótimo dia para todos nós...


Casa arrumada é assim:



Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa


entrada de luz.


Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um


cenário de novela.


Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os


móveis, afofando as almofadas...


Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:


Aqui tem vida...


Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras


e os enfeites brincam de trocar de lugar.


Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições


fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.


Sofá sem mancha?


Tapete sem fio puxado?


Mesa sem marca de copo?


Tá na cara que é casa sem festa.


E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.


Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.


Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,


passaporte e vela de aniversário, tudo junto...


Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.


A que está sempre pronta pros amigos, filhos...


Netos, pros vizinhos...


E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca


ou namora a qualquer hora do dia.


Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.


Arrume a sua casa todos os dias...


Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...


E reconhecer nela o seu lugar.


(CASA ARRUMADA - Carlos Drummond de Andrade)






segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Clarita - sobre a doença de Alzheimer



"Clarita" trata-se de um documentário sobre a história de uma mulher que recebe o diagnóstico da Doença de Alzheimer, do adoecimento e enfrentamento, do processo de adaptação e aceitação de seus familiares. Sua história nos permite pensar a respeito da importância de cuidar de quem está tão gravemente enfermo com respeito e orientação; e ainda, sobre as mudanças nas relações de cuidado e afeto, sobre a vida e o (s) sentido (s) para a nossa existência.

Divulguem!!! Quanto mais pessoas conhecerem a Doença de Alzheimer, mais e mais o diagnóstico será descoberto precocemente e mesmo que não seja possível a cura, sabemos que quanto mais cedo se descobre a doença, menos sofrimento vivenciará o paciente e seus familiares.

Abraços fortes...

sábado, 17 de setembro de 2011

Aspectos emocionais na relação entre paciente idoso e cuidador


O título desta postagem foi também título de uma aula que dei para um grupo de familiares cuidadores de pacientes idosos com Doença de Alzheimer (DA) e outras demências. Este grupo em particular está sempre variando em número de participantes, isso porque quem cuida de alguém com DA, vive uma rotina intensa de cuidados e nem sempre consegue participar de atividades "extras", como aquelas que dizem respeito a cuidar de si ou de outras pessoas, além do paciente com DA.

No próximo dia 21 de setembro, se comemora o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, isso porque com o crescimento mundial da população idosa, cada vez mais se verificam casos de pessoas com o diagnóstico desta que é a mais conhecida e recorrente demência que atinge pessoas com mais de 60 anos.

A Doença de Alzheimer é uma doença degenerativa e incurável, existem medicações para retardar o avanço progressivo da doença e sofrimento pelos sintomas, para controlar as mudanças ou distúrbios de comportamento e adiar o declínio cognitivo, garantindo melhor qualidade de vida para o idoso e seus familiares.

Quem cuida de um idoso demenciado ou frágil, aquele que por motivo de doença ou pelo progressivo envelhecimento, tornar-se cada vez mais dependente de cuidado, vive um processo intenso de sucessivas mudanças e perdas. Entre elas ocorrem as mudanças nos papéis familiares, muitas vezes quem cuidava é agora quem recebe cuidado ou quem nunca cuidou, agora necessita de alguém que se disponha a cuidar dele ou dela.

Além disso, cuidar de quem tem Doença de Alzheimer, devido aos sintomas e piora progressiva da doença que causa total dependência do outro; e ainda, pelas perdas emocionais na relação entre sujeito paciente e sujeito cuidador, este processo pode favorecer para a sobrecarga física e emocional do familiar cuidador. Por isso, sempre oriento que é importante que o cuidador divida a responsabilidade e o cuidado com outros familiares ou em último caso, com um cuidador profissional.

Quando preparo a aula para o grupo de familiares cuidadores, busco sempre formas diversas de representar esta relação não só para quem recebe o cuidado, mas principalmente para aquele que realiza. Geralmente no decorrer das aulas, vejo as cabecinhas ou comentários de quem SENTE e VIVE esta realidade.

Alguns se emocionam e contam suas experiências e seguimos nesta troca, eu no papel de quem orienta sobre a doença, sobre os cuidados necessários para o paciente e TAMBÉM, sobre a necessidade de cada um desses cuidadores manterem o autocuidado para que permaneçam saudáveis e em condições para cuidar de quem amam.

E eles que me trazem tanta riqueza de conhecimento, adquirido na prática diária da realização deste cuidado, nas tentativas e erros de quem NÃO ESCOLHEU ou NUNCA se imaginou neste papel, mas o aceitou e procura mais e mais condições de realizá-lo com amor e respeito ao doente.

Atendi anos atrás um paciente que apresentava sintomas semelhantes a um quadro de demência, mas veio para a terapia por causa de um quadro depressivo grave. Ele, com seus 80 anos, foi um daqueles pacientes que ao receberem alta, deixam saudades. Trabalhei entre outras coisas, para que ele e esposa buscassem uma avaliação com um médico geriatra, porque eu já desconfiava que podia haver algo de demência em seus sintomas e queixas.

Meses depois, encontrei com eles no corredor do ambulatório, ele me reconheceu e reconhece ainda hoje, mas sempre que me olha, sorri e pergunta da minha família e dos filhos que não tenho. Nas primeiras vezes, a esposa olhava pra mim e fazia disfarçadamente um sinal para me dizer que não ficasse chateada por ele esquecer ou confundir informações sobre mim. Eu sempre lhes sorrio de volta e pergunto se ele está se cuidando, ele diz que sim e ela visivelmente, sobrecarregada pelo cuidado dispensado, sempre me diz que um dia conseguirá ir ao grupo de cuidadores, mas "ainda não dá."

Escrevo esta postagem, para dizer aos cuidadores de pacientes com Doença de Alzheimer e idosos gravemente enfermos ou frágeis, que SE CUIDEM... quem cuida de si, cuida melhor de tudo e todos os que amam. 

Cuidar significa entre muitas coisas, ter Paciência; Atenção; Criatividade; Alegria; Proteção; Respeito; Amor; Carinho; Valorização; Escuta; Ajuda e Generosidade. Como cuidar tão bem de alguém, quando não se tem mais sáude e forças para isso?

 CUIDEM-SE ... alguns perdem até a noção de cuidados básicos consigo mesmo, já não sabem o que é dormir; se alimentar corretamente; tomar um banho gostoso e restaurador. Produzir bem-estar em nossas vidas é garantir que permanecemos vivos, mas com saúde!! Tudo que temos na vida de precioso, quando deixamos de cuidar, se perde. Com a nossa saúde é a mesma coisa, se não cuido de minha saúde física e emocional, perco e nem sempre consigo recuperá-la.

Para dúvidas.. estou à disposição, é só perguntar ou comentar sobre o assunto e falamos mais.

Estou distante faz um tempo do Construindo porque a correria e os compromissos atuais são muitos, mas estou sempre de volta... também me faz muito bem, estar por aqui com quem mais desejar, produzindo pensamentos, contando histórias verdadeiras de força e fé na vida e relações... construindo muitos e novos sentidos.

Beijo no coração e abraços fortes...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cuidados Paliativos


Cuidados Paliativos ocorre quando o tratamento deixa de ser curativo pela gravidade da doença e passa a ter como objetivo a qualidade de vida e o aumento do tempo de vida dos sujeitos.

Trabalhar com cuidados paliativos é cuidar de quem vive a dor, estando atento às particularidades de cada envolvido. É atender e acolher essas dificuldades para favorecer assim a desvinculação, para que o paciente vivencie a boa morte e para que o familiar se despeça, dizendo o que antes da iminência de morte, talvez nunca tenha sido permitido.

Trabalhar com cuidados paliativos é respeitar os sujeitos pacientes e os sujeitos familiares que vivenciam o adoecimento e uma situação de vida que não pode ser evitada, vivenciam a aproximação de uma morte anunciada.  Desde o nascimento, vivenciamos diversas perdas, porém não é frequente o diálogo sobre o término ou desapego nas relações de amor e/ou dos vínculos afetivos.
 
A proximidade da morte rompe a falsa segurança de que somos seres inatingíveis.

Desperta profundas reflexões sobre como temos vivido nossas vidas.

Favorece a ressignificação ou  descoberta de novos sentidos para a vida, sentidos que muitas vezes são adiados ou reprimidos.

Os conflitos pessoais promovem sofrimento pelo esgotamento do tempo, tempo para começar, recomeçar ou dar continuidade ao seu bem viver.

A pessoa gravemente enferma e seus familiares vivem um processo de intensas e sucessivas perdas, tais como:

Perda da saúde;

Perda dos planos para o presente e futuro;

Perda dos papéis anteriormente exercidos no grupo familiar e sociedade;

Perda da autonomia, Independência, Identidade;

Perdas financeiras;

Perda no relacionamento com amigos, familiares, amores;

Perdas pela alteração da imagem corporal, físicas e funcionais;

Entre outras perdas...

As doenças emocionais e físicas chegam para o ser em todas as idades ou fases da vida, para nos relembrar da importância de preservarmos nossa saúde, para que então o adoecimento não chegue e permaneça, como aquela visita indesejada, que chega sem avisar e que demora ou não quer mais ir embora.
 
Hoje ouvi um paciente dizendo que a doença não o impediu de viver; pelo contrário, foi depois de adoecer que aprendeu a dar valor ao que realmente importa, que começou a viver sem deixar que as pendências se acumulassem, disse assim... "o hoje me pertence, o amanhã eu não sei, mas no que depender de mim, prometo me dedicar intensamente e vou viver tudo que tiver direito, tudo que for possível e vou fazer hoje, amanhã eu já não sei".
 
 
Para finalizar o texto, deixo uma reflexão e abraços fortes.. daqueles apertados, carregado de afeto. Desejo que VOCÊ que está em tratamento paliativo ou que é familiar de alguém que vivencie esta realidade, que VOCÊS vivam plenamente e se dediquem a melhorar o que ainda não lhe faz bem. Esteja doente ou não, podemos cuidar e produzir felicidade em nossas vidas... ao invés de dor... desejo a todos..  o melhor!!
 
 
“No entardecer de nossa vida queremos esperançosamente ter a oportunidade de recordar e dizer – Valeu a pena, realmente vivi”

(Elisabeth Kübler-Ross)

 
OBRIGADA SEMPRE PELA PRESENÇA DOS VISITANTES E SEGUIDORES DO BLOG,
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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Fim do dia... compartilhando pensamentos

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia. E, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre, à margem de nós mesmos."
(Fernando Pessoa)

"Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas."
 (Nietzsche)

"A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente."
(Soren Kierkegaard)

"O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando,
no fim terás o que colher."
(Cora Coralina)




Abraços fortes...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sujeito Perfeccionista


Uma das grandes causas para o adoecimento físico e emocional surge a partir da necessidade do sujeito de se relacionar consigo mesmo e com tudo o que realiza através de atitudes e pensamentos perfeccionistas. Quem é perfeccionista muitas vezes se orgulha disso; porém, é importante estar atento ao que ESTÁ por detrás deste comportamento.

As causas podem ser variadas, como por exemplo: baixa auto-estima, medo e insegurança; ou até mesmo, ansiedade e autocobranças além do que é natural e saudável. O perfeccionista não aceita realizar algo que não atenda às expectativas desse seu ideal de perfeição.

As raízes deste modo de existir podem estar relacionadas à experiências ameçadoras, de grande exigência ou desvalorização, vividas na infância e marcadas no subconsciente. Funciona como uma ordem que diz: "tenho que atender às expectativas sempre", ou "não posso decepcionar ou desagradar".

Algumas experiências no início da vida, podem despertar sentimentos como insegurança, inadequação e medo de abandono nas relações de afeto, contribuindo para que o sujeito não se permita errar, sofrendo diante das frustrações e ameaças de perda. Errar significa desagradar e isso pode levar a perda, a desvalorização ou desaprovação do outro.

Dessa maneira, o comportamento perfeccionista lhe garante a segurança e sobrevivência através de um modo de existir que ameniza o medo constante de não ser aceito. Isso claro, denota uma auto-estima bastante rebaixada e frágeis recursos emocionais de enfrentamento. O sujeito perfeccionista por acreditar que não é aceito tal como é, também demonstra dificuldade de auto-aceitação.

Se relaciona consigo mesmo através de pensamentos, sentimentos e comportamentos que refletem constante cobrança e punição. Agradar a si mesmo significa ver no outro a aprovação para este seu modo de ser. Neste sentido, o perfeccionismo cria relações de grande dependência emocional. O sujeito precisa constantemente da aprovação ou aceitação do outro para se realizar temporariamente.

Na realidade, o perfeccionista está frequentemente insatisfeito com o que faz, buscando sempre algo que se aproxime da perfeição. O outro é um espelho emocional de suas crenças e sentimentos negativos a respeito de si mesmo. Gosta de ser desafiado, o que alimenta seu mecanismo interno de auto-cobrança.

O maior desafio para o sujeito perfeccionista é pensar e sentir que ele pode ser quem ele é, que tem o direito de errar como qualquer outra pessoa. O perfeccionista não admite errar e também não aceita que os outros errem. Erro remete a fracasso e desencadeia outros pensamentos negativos, tais como: "não sou bom o suficiente, sou um nada, minha vida nunca será como eu desejo, não mereço ser feliz".

Lembre-se: tudo em excesso faz mal, ser perfeccionista pode deixar de ser uma qualidade para se tornar um comportamento obsessivo, uma busca por um ideal de perfeição que é ilusório e que faz suas relações, seu corpo e seu emocional adoecerem. A necessidade de realizar com perfeição tudo que faz, exige mais tempo do que normalmente se gastaria. O sujeito se torna escravo do perfeccionismo.

O fracasso desperta dor emocional, sentimentos como tristeza e culpa, pode gerar comportamento ou reações agressivas. O desgaste físico e mental é grande, podendo levar ao desenvolvimento de doenças psiquiátricas como depressão, transtornos ansiosos e ainda, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), entre outros.

Cuidar de si mesmo buscando ajuda psicológica, não significa que você deixará de ser competente naquilo que faz ou que não receberá mais o reconhecimento dos outros pelo seu esforço. Você apenas descobrirá que pode viver a vida de uma forma mais leve, sem tanta cobrança interna e externa, reconhecendo suas qualidades, sem adoecer gravemente.  Descobrindo que pode ser competente e humano ao mesmo tempo. A psicoterapia pode lhe proporcionar uma vida mais plena e sem tanto sofrimento.

Abraços fortes...


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vida e Morte



"Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. (Rubem Alves)


Hoje se vive, amanhã se morre. Algumas doenças simplesmente não mandam aviso, quando descobertas podem ser de difícil tratamento ou ainda, pode o tratamento não ter como objetivo a cura. Dia a dia vivencio e cuido de pessoas que estão doentes ou que ficam doentes de repente. Não é raro ouvir que a pessoa que se descobriu doente, nunca teve nada, nunca precisou se cuidar, nunca nem internou na vida.

Passou o tempo em que se ouvia que doente de verdade, daqueles que adoecem gravemente são os que não vão ao médico, os que não se cuidam. Ou aqueles que já são idosos, aqueles que já tem sim uma coleção de doenças e tomam uma lista quase infinita de medicações.

Na realidade, adoece quem vai ao médico e quem não vai, adoece quem se cuida e principalmente quem não se cuida emocionalmente. Mas claro que nem sempre é por descuido que a doença chega e desestabiliza a todos, pessoa doente e seus familiares, às vezes até o médico cuidadoso e compromissado, que sempre acompanhou seu paciente, é pego de surpresa e sofre pelo inevitável.

As perguntas diante de situações assim, que envolve vida e morte são muitas. Poucas serão respondidas, mas ainda assim o significado para tanto sofrimento é sempre questionado por todos os envolvidos. Hoje, cheguei ao hospital onde trabalho para ir a uma reunião de equipe e conheci uma mãezinha que ainda perdida entre a dura realidade da descoberta de um câncer em sua filha de 6 aninhos, mantinha a esperança de que tudo ficaria bem.

Suas palavras diziam que ela estava agora sendo cuidada pelos médicos, mas seus olhos e o tremor de suas mãos, seu rosto ruborizado e as lágrimas contidas nos olhos, diziam do medo e da dor de uma possível perda ou separação.
A vida é sentida pelo instante do aqui-e-agora, nenhuma certeza podemos ter sobre o tempo de vida de alguém que está doente e sem possibilidade de cura. Da mesma forma, nenhuma certeza podemos ter sobre quanto tempo ainda teremos para realizar tudo que adiamos, tudo que nos é importante, tudo que ensaiamos e que pouco colocamos em prática.

Viva e se deixe viver, realize e esteja mais perto do que lhe faz sentido, permita que sua vida aconteça. Desate as amarras que te impedem de viver a vida neste instante. Cada dia é único em nossas vidas, este dia de hoje, amanhã já terá passado. Nenhum dia é igual ao outro, assim como você que está tão longe de ser quem você realmente necessita e deseja ser, pode mudar o que lhe causa tanto mal para dar início a uma vida plena... com sentidos que lhe permitem ser e existir como quem vive o melhor e o mais belo momento de sua vida!! Esse momento é hoje... amanhã? Já não sabemos mais...

Vida e morte ensinam ao ser humano como é importante dar valor ao que realmente importa e como é necessário se desfazer do que não agrega, do que não deveria ter tanto valor.

Beijo no coração e muita esperança para todos...




quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Um dia sem dor


Atendo diariamente pessoas que por inúmeras razões, desejam o fim de suas dores físicas e emocionais. Ouvi de uma paciente que está gravemente enferma e já é idosa, que na época da sua mocidade, não sentia nada, nunca ficava doente.Ouvi de outra paciente, que ela nunca se preocupou em cuidar de si mesma porque nunca precisou.

Esta semana muitos de meus pacientes entraram em contato com experiências de dor emocional, daquelas que não passam rapidamente, mesmo com medicação e cuidado, daquelas dores que marcam a alma para sempre.

As dores podem paralizar a vida de uma pessoa temporariamente ou por muitos e muitos anos. Há dores que tiram a força física e emocional, que fazem com que nada mais tenha sentido, que provocam medo, angústia, insegurança, tristeza e depressão.

Há dores que ocupam o espaço de tudo em sua vida, que não lhe permite mais trabalhar, estudar, ter convívio social, estar junto e cuidar de sua família, de ter alegrias e cuidar de você mesmo. Que não lhe permite viver, até que você procure ajuda para cuidar ou curar essa dor.

Seja por uma dor física ou emocional, o medo de sofrer novamente, pode te impedir de viver experiências semelhantes as anteriores, que lhe causaram tanta dor. Um dia sem dor... Só quem vive e sente as dores que adoecem corpo e mente, sabe como pode ser precioso um dia sem dor.

Valorize o que se tem de melhor na vida. Cuide da sua mente e de seu corpo. Cuide de seus pensamentos e sentimentos. Não adie o cuidado com suas dores. Não adie o tempo de que necessita para se dedicar a você mesmo.

Algumas perdas são inevitáveis e/ou irreparáveis. Cuide de você para que essas perdas não consumam seus dias e noites, para que não levem de você, tudo mais que também lhe é bastante precioso.


Abraços fortes...


Agradeço a todos pelos acessos que ultrapassaram 14.000 desde o início do Construindo. Mesmo já  não escrevendo com tanta frequência como gostaria, me sinto feliz porque junto com vocês, dia a dia este espaço cresce e adquire mais e mais sentidos. Obrigada!!


segunda-feira, 8 de agosto de 2011






Venha, meu coração esta com pressa

Quando a esperança está dispersa

Só a verdade me liberta

Chega de maldade e ilusão

Venha, o amor tem sempre a porta aberta

E vem chegando a primavera

Nosso futuro recomeça:

Venha que o que vem é perfeição...


(Renato Russo)


sexta-feira, 29 de julho de 2011

Infância e adoecimento



Infelizmente criança também adoece! Sempre ouço das pessoas que sabem que trabalho com crianças gravemente enfermas, que não aguentariam ver crianças tão doentes e correndo risco de morte. Mesmo para quem atua em Pediatria por opção e amor ao que faz, vivemos momentos de grande sofrimento e lamentamos que em alguns casos, a recuperação e retorno para casa não aconteça como o desejado.

Da mesma forma que os adultos, crianças quando adoecem gravemente vivenciam uma série de perdas e/ou mudanças que nem sempre serão temporárias ou a curto prazo. Muitas vezes, mesmo após a alta hospitalar, necessitam permanecer em cuidados, o que exige delas e principalmente de seus responsáveis (pais e outros familiares) mudanças rotineiras que talvez não fizessem tanta diferença, mas que agora diante da proibição ou impossibilidade... começam a fazer muita diferença.

Para que uma criança consiga aprender a ter cuidados com sua saúde é necessário um comprometimento de sua família e das demais pessoas que fazem parte de sua vida, nos diversos ambientes em que habita. Recentemente cuidei de duas crianças, na UTI pediátrica do hospital onde trabalho e as duas estavam bem de saúde, até que descobriram-se doentes, necessitando se adaptar às perdas geradas pelo adoecimento.

Uma das perdas mais significativas foi a mudança na alimentação. Uma das crianças com idade de 8 anos, estava com os rins comprometidos e ficou proibida de ingerir sal, necessitando de grande ingestão de líquidos, passou por diálise e permaneceu quase 1 mês internada. Diante de tudo isso, a restrição alimentar foi mesmo tão significativa? Claro que sim. Ela não era gordinha, mas como toda criança, sempre gostou de comer salgadinhos, adora coxinha e pizza, e tudo mais que neste momento lhe foi retirado, sem aviso prévio ou possibilidade de preparação.

A outra criança, ainda internada, vivencia um momento de intensas mudanças aos 5 anos de idade. Está internada por uma grave descompensação de diabetes mellitus. Se alimentava como qualquer outra criança e adora comer doces, sorvetes e bolos. Também não é gordinha e sempre foi de comer de tudo, mas agora o açúçar foi suspenso e essa menininha vai precisar tomar seu leite com adoçante.

Para muitos adultos, ter tantas restrições alimentares é bem difícil e gera sofrimento emocional, para essas crianças... como será conviver no dia a dia com outras pessoas que podem comer e sempre lhe ofereceram o que ela já não pode? E nas festinhas de família, na escola? Por isso, as mudanças principalmente nesta fase da infância, deverão ser incorporadas por todos os membros da família. As outras pessoas deverão receber desses pais orientação para evitar que favoreçam oferecendo alimentos prejudiciais a saúde.

Crianças e seus responsáveis necessitam de ajuda psicológica para conseguir enfrentar o adoecimento físico que além de colocar a vida da criança em risco, pode gerar estresse e descontrole ou sofrimento emocional em todos os envolvidos.

Minha paciente de 8 anos, passou dias difíceis em que sentia raiva por não perceber melhora rápida, triste e com saudades da sua casa e de seus familiares... seus amigos. Precisou de muito carinho e cuidado enquanto esteve internada para vencer os "bichinhos maus" que estavam em seus rins. Foi embora com um sorrisão no rosto e com seu livro de histórias infantis na mão.

A paciente de 5 anos continua internada, não quer nem falar da restrição alimentar, diz que é só a garganta que está doente e que quer muito sair para tomar sorvete. Vai precisar de muito carinho e cuidado também, dentro e fora do hospital. Sua vida daqui pra frente vai ser bem diferente! É uma menininha que possivelmente vai precisar de atendimento psicológico ambulatorial após sua alta.

Histórias de vida de pessoinhas que como gente grande já enfrentam muita dor física e emocional, lutando para voltar para suas vidas lá fora... Desejo que todas elas e suas famílias fiquem bem e sejam muito felizes!! Como disse Y. de 5 anos... "e a história termina assim... felizes para sempre!" Aos que não conseguiram este final feliz, meus sentimentos, digo a vocês que busquem ajuda psicológica para cuidar da dor pela perda de seus filhos. Já ouvi muitas vezes, de mães e pais, que não existe dor maior... nem mais destrutiva. 

Beijo no coração...

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Depressão



É comum nos dias de hoje, ouvirmos pessoas dizendo que estão deprimidas porque algo ruim aconteceu ou ainda, porque se percebem bem entristecidas. No geral, as pessoas se utilizam deste termo, como uma forma de descrever como está o seu humor. Porém, a depressão como transtorno emocional não é um estado de humor, é uma das formas de adoecimento e envolve uma série de outros sintomas, além do humor deprimido. Para que a pessoa melhore, é necessário tratamento psiquiátrico e psicológico.

Costumo dizer que se a tristeza nos visita, podemos decidir por fazer algo que nos distraia ou produza bem estar e com isso, essa tristeza se ameniza. Na depressão, sabemos que mesmo as atividades que sempre fizeram bem ou agradaram o sujeito, perdem seu valor e interesse.

Observo que por falta de informação ou de compreensão do que é um transtorno depressivo, pacientes e familiares sofrem pela intensidade dos sintomas; pelas dificuldades de relacionamento geradas no convívio entre o sujeito com depressão e as outras pessoas; sofrem pelas perdas secundárias já que a depressão pode comprometer a realização das tarefas diárias, de trabalho, estudo e autocuidado; sofrem pelo estigma que carrega o ser que necessita de ajuda psicológica ou psiquiátrica seja por qual for a razão; sofrem pela dificuldade de adaptação ao tratamento que é longo e em muitos casos, provoca medo da dependência pela medicação. Sofrem pelos sentimentos e pensamentos gerados em decorrência do transtorno que se instalou, sem pedir licença ou mandar um aviso prévio.

Quem não se cuida... adoece!!! Não tem jeito, é assim mesmo que acontece, a falta de cuidado com o nosso corpo e com as nossas emoções, nos deixa mais vulneráveis para desenvolver doenças no corpo e na alma. Quem se cuida, se percebe, se valoriza e se ama. Quem se cuida está cada vez mais perto de si mesmo.

A depressão pode ser diagnosticada pelo psicológo, psiquiatra e outros médicos, ou por outros profissionais da saúde. Para o tratamento é necessário o acompanhamento psicológico e psiquiátrico, em alguns casos; outros profissionais também serão necessários quando a depressão compromete a saúde física do paciente. A depressão pode surgir antes do adoecimento físico, decorrente de conflitos emocionais reprimidos e não elaborados ou pode ocorrer após adoecimento físico grave.

 Os sintomas mais prevalentes na depressão são: humor deprimido; perda de energia e interesse; dificuldade de concentração, atenção e memória que leva ao esquecimento frequente; alteração ou prejuízo na qualidade do sono e apetite (excesso ou falta de sono e apetite); lentificação das atividades físicas e mentais; pensamentos e sentimentos negativos constantes; pensamentos relacionados a morte ou desejo de morrer; sentimento de incapacidade e pessimismo; medos; isolamento ou retraimento social; sintomas ou queixas somáticas; prejuízo no autocuidado; perda de peso; perda de apetite sexual e/ou prejuízo no desempenho sexual ; angústia; irritabilidade elevada; etc. A intensidade e o grau de comprometimento é avaliado pelo profissional. Além disso, outros critérios avaliados são importantes para definir a (s) causa (s) do sofrimento e a melhor forma de tratá-lo.

As causas para o surgimento de um quadro depressivo são multifatoriais. Estudos demonstram que podem estar relacionadas a influência genética; do ambiente; a eventos estressantes; a perdas significativas e lutos não elaborados; adoecimentos físicos graves; falta de autocuidado; falta de sentido na vida, vulnerabilidade ou ausência de recursos emocionais para o enfrentamento de situações difíceis ou sofridas da vida, etc.

É importante pensar que muitos pacientes pioram do seu quadro depressivo porque depositam na medicação a única solução para o seu sofrimento ou adoecimento. Digo sempre que a medicação é necessária em muitos casos e precisa ser utilizada de acordo com a orientação médica, não deve ser retirada de forma repentina, MAS NUNCA pode ser a única forma do indivíduo se tratar. Em terapia, o sujeito descobrirá a origem de seus conflitos emocionais, para encontrar modos de solucionar seu sofrimento; e ainda, para fortalecer e cuidar da sua saúde psicológica, tão importante para manter o equilíbrio do corpo e da mente.

Se você se identificou com o que leu ou conhece alguém que passa por esse sofrimento, procure ou incentive a pessoa a procurar ajuda profissional. Somente em casos graves onde a pessoa não se permite buscar ou realizar tratamento, é que o sujeito corre o risco de tentar contra sua própria vida. Depressão tem tratamento!!!

Abraços fortes...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Baixa auto-estima e relacionamentos pessoais



Auto-estima é a avaliação que o sujeito faz de si mesmo. Dizemos que alguém tem auto-estima baixa ou rebaixada quando a pessoa fala de si mesmo se desvalorizando, sem conseguir destacar nenhuma qualidade ou característica positiva, sofrendo e sentindo a insegurança crescendo dentro de si. O sujeito pode demonstrar insatisfação consigo mesmo e não necessariamente ter baixa auto-estima. Pode dizer que gostaria de modificar algo para melhorar, mas não se desvaloriza para isso.

Do contrário, tem pessoas que se desvalorizam tanto e muitas vezes se vêem de forma distorcida ou contrária a realidade. Por exemplo, uma mulher diz que não é bonita ou inteligente, porém é admirada por muitas pessoas por essas ou outras qualidades. Ela NÃO se percebe BEM porque NÃO SENTE que está bem, por isso se vê da mesma forma que sente.. sempre se percebe mal, feia, inferior.

O sujeito se vê fisicamente ou subjetivamente carregado de características negativas, podendo realizar algumas medidas extremistas para conseguir se aproximar de um ideal que muitas vezes não atingirá a essa expectativa. E dessa maneira, se mantém sempre insatisfeito e/ou frustrado. Pode acontecer também do sujeito com auto-estima rebaixada, manter-se passivo ou falsamente conformado, queixando-se sempre e não realizando qualquer tentativa de mudança ou melhora para o que tanto lhe desagrada.

Digo que para auto-estima baixa não adianta mudar o visual, a mudança pode até começar pelo externo, mas na verdade ela precisa acontecer INTERNAMENTE. Fazer terapia possibilita a descoberta das causas para esse modo tão negativo de ver a si mesmo, também favorece para que se consiga resolver essa relação ruim e punitiva consigo mesmo e ainda, para que a pessoa construa relações afetivas sem se sentir sempre inferior ou desvalorizada.

E o que tudo isso tem haver com a charge colocada no início do texto? TEM TUDO HAVER!!! Quem não se gosta, vive relacionamentos amorosos ou pessoais desastrosos. A dependência emocional se estabelece e pode adoecer os sujeitos da relação. O ser com baixa auto-estima, depende do elogio ou aprovação constante do outro. Porém, mesmo que este outro esteja sempre valorizando quem ele é, ainda assim o sentimento de inferioridade permanece até que ele busque tratamento psicológico e aprenda a viver bem consigo mesmo e consequentemente com os outros.

Problemas sérios de relacionamento ocorrem por causa de insegurança e baixa auto-estima. Busque ajuda de um profissional e se cuide!!! Se liberte deste sentimento ou modo de existir que lhe faz tanto mal e seja feliz!!!

Abraços fortes...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Lugares (Rubem Alves)



" Saudade é uma coisa que fica andando pelo tempo passado à procura
dos pedaços de nós mesmos que se perderam."
(Rubem Alves)
 
 
Que esta frase do Rubem Alves nos inspire possibilidades de resgastar mesmo que parcialmente o que nos faz falta, o que nos traz saudades...
Sentimos saudade do que nos fez bem, do que foi bom
e de quem é importante...
Tem gente que diz sentir saudade de si mesmo... que se perdeu no dia a dia de muitas preocupações e tarefas, que não tem se cuidado como deveria.
Tem gente que sente saudade de quem já partiu e que mesmo longe, continua sendo amado.
Tem gente que sente saudades de uma época.
Seja qual for a razão da sua saudade... lembre-se de que os momentos que se foram ou as pessoas que estiveram ao seu lado e que te despertam tanta saudade, fazem parte da sua história e para sempre estarão em sua vida, através do sentimento e significado que os une 
ou pelas lembranças boas que sempre existirão.

Um beijo e um ótimo dia para todos os visitantes do Blog.




terça-feira, 19 de julho de 2011

Dor no corpo e dor na alma


Você sabe o que é dor crônica? A dor aguda ocorre por lesões, enfermidades e após cirurgia. A dor crônica pode se manifestar após a cura da enfermidade, com duração de 6 meses ou mais, se manifesta por formigamento, dor pulsátil, como ardência e de forma intensa. Pode ser constante ou ir e vir, como a enxaqueca. A dor crônica é real e traz muito sofrimento, físico e emocional, para os que sofrem deste mal.

São exemplos de causas para o aparecimento da dor crônica: Artrite (osteoartrite e artrite reumatóide); Dor nas costas;  Distensão e espasmo muscular; Dor ciática; Hérnia de disco; Redução do tônus muscular por inatividade física; Síndrome da dor regional complexa; Endometriose; Fibromialgia; Dor de cabeça (dor de tensão e enxaqueca); Cistite intersticial; Síndrome do cólon irritável; Dor na boca, na mandíbula e no rosto (dores orofaciais); Dor no pescoço; Lesões por excesso de esforço; Dor pélvica; Neuropatia periférica; Neuralgia pós-herpética; por Estresse e feridas emocionais.

Suas emoções e a dor crônica: a dor física provoca descontrole e intenso sofrimento emocional. Estudos relacionam a intensidade da dor física com reações emocionais e sofrimento psicológico, além da necessidade de adaptação à  nova condição do sujeito portador de dor crônica e as necessidades de cuidado para o controle da dor, para a preservação da qualidade de vida dos sujeitos.

Medo e preocupação fazem parte do início da manifestação de dor crônica, seguida do sentimento de perda do controle sobre a própria vida. A pessoa pode sentir alteração no humor, sentindo-se irritado ou zangado. Pode ir em busca de outras formas de obter controle, depositando na medicação a solução da sua enfermidade, adquirindo ou intensificando hábitos como o uso excessivo de remédios e de álcool.

Tem frequentemente ambivalência emocional, perde a calma, sente-se culpado, reprime sentimentos e ao aderir ao tratamento da dor, vive períodos de melhora da intensidade da dor e otimismo. Mas as mudanças ou perdas decorrentes das crises de dor, pode desencadear profunda tristeza ou depressão, principalmente quando volta a sentir dor. A esperança de que melhore fica comprometida, também a auto-confiança. A pessoa tem sua vida social comprometida, passa a se isolar ou a permanecer mais em casa, sentindo-se envergonhada caso esteja na casa de alguém e necessite se deitar ou não consiga deixar de se queixar de tanta dor.

Outras pessoas (familiares, amigos e outros) podem banalizar as queixas, o que contribui para que as queixas ou sofrimento sejam mais e mais reprimidos. O ritmo normal da vida fica bastante comprometido e as frustrações são constantes. A depressão e ansiedade podem piorar o quadro de dor e ainda, podem comprometer o autocuidado, causar retraimento social e desencadear ganho de peso significativo, o que atua diretamente no aumento da dor e na adesão ao tratamento para dor crônica.

O apoio ou suporte familiar é de extrema importância. Com o tempo, a família pode reagir a tantas queixas e às repetidas flutuações do quadro álgico, perdendo a paciência. Ficam irritados e se afastam de seu familiar, dizendo que o mesmo não se esforça para melhorar. Veja, cada caso é um caso, pode sim a pessoa se entregar pela falta de esperança e provocar a piora de seu quadro; porém, não é uma dor de fácil controle e exige uma série de mudanças, por isso é importante que paciente e familiar recebam orientação e suporte emocional, para que juntos consigam superar as adversidades de um diagnóstico de dor crônica.

Para o tratamento do paciente com dor crônica é necessária a assistência de uma equipe multiprofissional, incluindo médico, psicólogo, acupunturista, fisioterapeuta, nutricionista, assistente social, educador físico, etc. O acompanhamento psicológico se faz necessário dada a influência do estado emocional para o surgimento da dor, para sua intensificação e ainda, pelas seqüelas físicas, funcionais e emocionais na vida do sujeito com dor crônica.

O comprometimento do PACIENTE é de extrema importância para sua melhor. A família e amigos podem contribuir para que as adaptações e necessidades diversas sejam atendidas. Amor e cuidado, paciência e respeito, escuta e esperança são os melhores remédios para que o paciente consiga aderir aos diversos tratamentos de que precisa, recupere a autonomia possível e para que volte a ser feliz!!

Digo a vocês e a todos os meus pacientes... é possível e com ajuda, vocês também conseguirão!!

Abraços fortes... 



Fonte de pesquisa:
Guia da Clínica Mayo sobre Dor Crônica. Anima editora, 2007.