sábado, 12 de março de 2011

Separação de Pais para crianças e adolescentes


Ouvi de uma mãe, a respeito de sua separação e da mágoa que ainda sentia quando pensava em seu ex-marido, após 20 anos de separação... " existe ex-marido, mas nunca vai existir ex-mãe e ex-pai". Esta paciente após a separação, criou sozinha seu filho, pois o pai da criança manteve-se ausente. Infelizmente, cada vez mais observo crianças que após a separação de seus pais, vivenciam o abandono de uma das partes. Sendo mais frequente a ausência da figura paterna.

Observo que os conflitos relacionados a vida conjugal, que promoveram a separação, perduram na relação desses sujeitos como pai e mãe, sendo a criança a parte mais prejudicada. Em casos assim, a separação pode ser compreendida como um drama, um situação de crise, uma perda ou uma situação ameaçadora, ainda desconhecida.

Toda separação significa rompimento, sendo dolorosa para os filhos e para o casal. Dolorosa no sentido de que envolve diversas mudanças e adaptações. Em alguns casos, os conflitos conjugais permanecem após a separação, trazendo sofrimento para todos. E mesmo quando o casal está de acordo, a vivência da separação provoca um esforço para a adaptação à nova realidade. Quando se tem filhos, todos devem vivenciar a dor e angústia da separação.

A criança se espelha no adulto para enfrentar as dificuldades da vida, assim ocorre também durante um processo de separação conjugal. A solidão, o vazio existencial e a dor observada nos pais, é sentida e manifestada pela criança de formas diversas. Cada vez mais se verifica como causa de separações conjugais, a descoberta de relações extraconjugais. Entre outras causas, também se observa: a incompatibilidade descoberta no convívio diário de uma relação; a falta de investimento afetivo na relação que foi consumida pela rotina e conflitos diversos; dificuldades pessoais e de adaptação a vida de casados, resistências quanto a abrir mão da vida de solteiro; o casal que após o nascimento dos filhos, deixa de viver a relação de casal e com o tempo se afastam; amadurecimento emocional desigual do casal e/ou diferenças significativas nos ideais e planejamentos; interferência de pessoas e problemas externos; dificuldades financeiras; problemas de saúde física e emocional enfrentado por um dos cônjuges ou filhos; insegurança, desconfiança e excessivo ciúme do outro; ilusões e idealizações do parceiro, etc.

A criança sentirá a separação de acordo com a idade ou estágio do desenvolvimento. Em geral, a criança sofrerá emocionalmente com este processo e dificilmente sentirá alívio pelo término da relação. Com certeza, dependendo das reações dos pais à separação, quando a criança e adolescente presencia frequentes brigas e disputas envolvendo a guarda, pode sentir-se responsável pelo sofrimento dos pais e divórcio. Muitas vezes a criança reprime seus sentimentos e pensamentos, porque sente culpa ou medo de provocar mais discussões entre os pais.

Fato recorrente, é que a ausência da figura materna ou paterna, contribui para o surgimento do sentimento de abandono pós-divórcio. Reações emocionais observadas em crianças e adolescentes que vivem a separação de forma conflituosa: angústia de separação; sensação de desamparo, abandono e perda; medo; impotência; insegurança; tristeza; ansiedade; solidão; raiva e maior irritabilidade; alterações no apetite e sono; dificuldades escolares; rebeldia e agressividade; mudanças de comportamento, incluindo a tentativa de substituir o papel da figura de apego parental que foi perdida ou que está mais distante.

As mudanças necessárias são de ordem psicológica, social e financeira. Na prática clínica com crianças e adolescentes, principalmente diante das disputas de guarda dos filhos, verifico pais e mães transferindo pensamentos e sentimentos depreciativos para seus filhos sobre a conduta do ex-parceiro (a). Brigas judiciais são frequentes e atitudes de vingança ou competitividade, intensificam o sofrimento de todos os envolvidos, principalmente dos filhos.

É importante que pais e mães respeitem o sofrimento de seus filhos e os ajudem nesta vivência de perda e adaptação. Quando necessário, os responsáveis devem buscar ajuda psicológica para auxiliá-los, neste momento de intensos conflitos. Quando o sofrimento da criança ou adolescente é ignorado ou desvalorizado, quando a ajuda é negada, o sofrimento pode evoluir para adoecimento psíquico e físico. Além disso, a busca de aconselhamento psicológico para os pais que enfrentam também a adaptação de toda separação, contribui para a resolução de conflitos do relacionamento, fortalecendo o vínculo afetivo entre os envolvidos para o desenvolvimento de uma relação e convívio saudável.

Uma ótima semana para todos!!
Abraços fortes...




2 comentários:

  1. Respostas
    1. Obrigada Miguel Soares, é sempre bom saber que alguma postagem ajudou ou fez sentido para quem passou por aqui. Volte sempre! Abraços fortes...

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