sexta-feira, 21 de maio de 2010

Proteção tem limites

Geralmente protegemos quem amamos, certo? Algumas pessoas dizem: “se mexer com quem amo, mexeu comigo”. Esse comportamento é socialmente aceito, até porque temos o instinto de proteção e/ou defesa, que nos mantém seguros, diante de situações ameaçadoras.

E agora lhes pergunto: Quando a proteção deixa de ser saudável e causa prejuízo aos indivíduos envolvidos? Como reconhecemos o limite para essa proteção?

Proteção e defesa caminham lado a lado. Aprendemos desde crianças, através das orientações da família e dos educadores, pelas notícias de televisão e também nas conversinhas com outras crianças, que o mundo está perigoso e por isso, não devemos falar com estranhos. Alguns aprendem precocemente através do sofrimento e da ausência de proteção.

Existem regras para manter-se protegido, que variam de família para família, de ambiente para ambiente, de pessoa para pessoa e surgem a partir da experiência de vida de cada um.

São experiências na relação com o outro e na formação dos vínculos afetivos, responsáveis pela bagagem que carregamos e que nos ajuda ou nos atrapalha, na construção dos caminhos e nas escolhas que realizamos durante a vida. “O tempo certo, que traz todas as coisas”, já dizia o filósofo Heráclito de Éfeso. O tempo próprio, tempo que pertence a cada um, que será utilizado no aprendizado da vida, na conquista de nossas próprias “armas” de defesa ou enfrentamento das dificuldades encontradas.

Costumo dizer que não é possível pegar a vida do outro e resolvê-la, para depois devolver ao seu dono, com tudo bem arrumadinho. Sabemos disso, mas por que então é tão difícil agir dessa forma? Por que muitas vezes necessitamos proteger a todo custo e até exageramos no cuidado e na proteção?

É importante refletir sobre como estamos protegendo quem tanto amamos! Para não gerarmos indivíduos extremamente inseguros e dependentes emocionalmente. Senão teremos adultos que deverão substituir suas figuras paternas de apoio, por relações amorosas em que o (a) parceiro (a) assumirá papel semelhante ao dos “pais protetores” de antes.

Por isso, lembrem-se que proteger não significa ser responsável pela vida do outro! As dificuldades ensinam! Receber ajuda é sempre muito bom, às vezes é bastante necessário, mas que nossa autonomia e escolhas sejam preservadas. Só assim crescemos... amadurecemos! Proteção em excesso gera insegurança e compromete nossas escolhas diante da vida.

Continuemos essa discussão em outro momento, já que não podemos esquecer, daqueles que por alguma razão “precisam” proteger excessivamente. Para esses, o peso da bagagem é muitas vezes insustentável, causando adoecimento e no futuro, grande arrependimento.

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