quarta-feira, 5 de maio de 2010

Meu EU X EU do outro


Não sei dizer quando começou, talvez seja um daqueles problemas que existem desde que o mundo é mundo. Posso dizer que cada vez mais, aumenta a freqüência de seres humanos com dificuldades sérias, quando o assunto é relacionamento interpessoal. Não tenho intenção de simplificar essa discussão, dizendo que os seres humanos deviam ser mais humanos e empáticos com o outro. Acredito que essa poderia ser uma das possibilidades, mas como chegamos até ela? Como nos tornamos mais humanos nas relações, mais empáticos com o outro?

Todos nós pertencemos a um mundo repleto de sujeitos que levam consigo suas individualidades e/ou subjetividades, inseridos nos diversos ambientes (familiar, profissional, nas amizades...), desempenhando papéis diferentes em cada uma das situações. Somado a isso, temos o fato de que todos possuem como parte de sua subjetividade, uma história de vida carregada de valores, ensinamentos, deveres, expectativas e em alguns casos, “missões” a serem cumpridas. Ufa... quanta complexidade quando o assunto é relação humana ou interpessoal! Relação entre meu EU e o EU do outro.

Se você conseguir, tente se imaginar de frente para alguém com quem neste momento está tentando se relacionar ou somente, iniciar uma conversa. Imagine que atrás de você e desse outro, estão todas as pessoas responsáveis pela construção do sujeito que vocês se tornaram, pela personalidade que cada um de vocês possui. As filas ficaram grandes, né? Será então impossível o relacionamento sadio e prazeroso entre humanos? Quem sabe se pudéssemos resolver este (s) problema (s), nos percebendo como seres pertencentes e também RESPONSÁVEIS pelo sucesso da relação? Não seríamos os únicos responsáveis, porém participativos nesta construção. Desta forma, poderíamos construir relações onde nossa marquinha de identificação aparecesse, onde não seríamos apenas figurantes. Mas é preciso tomar cuidado para não desejar o papel principal e esquecer que neste enredo, precisam existir pelo menos duas pessoas, que juntas deverão construir o papel principal. Apenas na relação que mantenho comigo mesmo, consigo ser o único que sempre realiza as escolhas.

Convido a todos, a criarem mentalmente uma listagem com as ferramentas necessárias para um bom relacionamento interpessoal. Recorro novamente à humanidade e a empatia; sigo em frente pensando no respeito a nossa individualidade e a do outro; acredito ser importante o exercício de saber ouvir e não apenas de querer falar; também o entendimento de que somos seres em construção e o saber do outro não faz de você um ser menos importante ou capaz; toda relação saudável se faz através da soma das subjetividades e quando uma se sobrepõe a outra, as chances de dar errado se multiplicam; é preciso gostar de receber e também de se doar; flexibilidade; troca; tolerâncias às diferenças; tempo; sensibilidade e compreensão quando o outro não consegue realizar algo que está fora de suas condições (físicas, financeiras, afetivas, psicológicas... etc); prezar a liberdade de escolha de ambas as partes; é necessário ensinar e aprender com o outro, sem arrogância ou presunção; entender que do seu jeito, só você consegue ser ou fazer; e por aí vai...

Então tem receita pronta, pra viver bem na relação com os outros? Não! Tem caminhos, possibilidades, tem ferramentas que serão utilizadas quando necessário e se desejar. Talvez a finalidade seja uma só, promover o BEM de todos os envolvidos. Sobre isso, poderíamos abrir mais uma deliciosa e difícil discussão. Que BEM é esse, como identificamos isso? Alguma sugestão? E assim continuamos, dia a dia nessa busca pela relação saudável, que acontece a partir do conhecimento sobre o outro, e principalmente a respeito de si mesmo. Estamos aprendendo, um dia chegamos lá!

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