segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Nunca é tarde para ser feliz

“(...) é assim que, agora, aquele longo período de doença me aparece: sinto como se, nele, eu tivesse descoberto de novo a vida, descobrindo a mim mesmo, inclusive. Provei todas as coisas boas, mesmo as pequenas, de uma forma como os outros não as provam com facilidade. E transformei, então, minha vontade de saúde e de viver numa filosofia.”
(Nietzsche)

“A saúde emburrece os sentidos. A doença faz os sentidos ressuscitarem.”
(Rubem Alves)


Foi com esses pensamentos que recebi hoje, uma paciente muito querida, que chegou para o encerramento do seu tratamento, sentindo-se mais fortalecida após uma grande batalha para recuperar sua visão e também saúde emocional. A perda temporária da visão poderia ter sido permanente, se a mesma não se empenhasse para aprender a cuidar de si mesma do jeito que precisa.
Todo ser humano necessita emocionalmente e fisicamente de cuidado. O óbvio nesta afirmação pode esconder a complexidade da ação.
Quantos se cuidam somente quando o corpo adoece? Quantos se dizem jovens, como se tivessem uma vida inteira pela frente e com isso, mantém comportamentos abusivos e prejudiciais à integridade ou bom funcionamento do corpo e da mente? Desde quando crianças não adoecem? Desde quando somente os idosos são acometidos por doenças graves?
Esta paciente lutou por uma 2ª chance e conseguiu. Os médicos não deram certeza de que a visão seria recuperada, mesmo com a cirurgia. Porém existia essa possibilidade, o que já foi o suficiente para que ela percebesse a importância do autocuidado. Hoje ela diz que depois de adoecer, percebe que ficou mais atenta às necessidades e dificuldades do outro.
Precisou de ajuda e não foi fácil aceitá-la. Vivenciou um longo período em que os conflitos internos estavam presentes. “Por que foi acontecer comigo? Como vai ser agora, não sei precisar do outro, há muito tempo estou sozinha. Nunca fiquei doente, sempre fui independente.”
Solidão, insegurança, medos, tristeza, depressão, angústia existencial, ansiedade, pensamentos negativos, desespero, cobranças, raiva, revolta, esperança... Todos esses sentimentos precisaram ser externados para que se organizassem, para que voltasse a acreditar que era possível vencer.
A perda da visão lhe trouxe de volta os sentidos, para que desejasse viver, para que investisse no que é importante... para que seja feliz!
Acredito que ninguém nasce para ser infeliz. Cada dificuldade enfrentada, cada pedacinho de felicidade conquistado, nos aproxima de quem somos e do que desejamos.
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Desejo que minha ex-paciente continue a ser generosa consigo mesma, comprometida com seu bem-estar e aos 70 anos, continue desejando, realizando pedacinhos de felicidade!!!
Vou sentir saudades...

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